Fátima
Oliveira
Médica
– fatima.oliveira1953@gmail.com @oliveirafatima_
Se dependesse de mim, as Lojas Riachuelo sequer existiriam.
Acho que nunca comprei nada nelas. Sou adepta do “Movimento Slow Fashion,
criado por Kate Fletcher, do Centro de Moda Sustentável, é uma alternativa ao
consumismo e busca unificar ‘eco’, ‘ética’ e ‘verde’: qualidade, longevidade,
atemporalidade, customização e o resgate do ‘vintage’ – não basta ser antigo
para ser ‘vintage’, que em moda é vocábulo usado para roupas originais de uma
dada época. A moda retrô é roupa nova inspirada em moda antiga.
O ‘slow fashion’' é um estilo sustentável que está na
contramão do estabelecido nos anos 80, as ‘fast-fashion’ – moda rápida, ‘design’
moderno e baixo preço, que não é ‘sulanca’, mas jamais ‘alta-costura’, que
chega às vitrines das grandes lojas, como Zara, Riachuelo, C&A e similares” (A simplicidade voluntária é um estilo de vida escolhido, Fátima Oliveira,
13.01.2015)
Está em várias páginas da internet que o presidente
das Lojas Riachuelo parece que considera que direitos e programas de distribuição de
renda são roubos, ao dizer que “O mito do Estado Robin Hood acabou”. É dever
moral boicotar suas fontes de renda!
O autor da frase “O mito do Estado Robin Hood acabou”
é Flávio Gurgel Rocha, 58 anos, administrador de empresas, que dirige um dos 50
maiores grupos privados do país, de propriedade de sua família, que inclui as
Lojas Riachuelo. Ele foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte de 1987 a
1995, tendo passado pelo Partido da Frente Liberal (PFL); Partido Liberal (PL);
e Partido da Reconstrução Nacional (PRN), legenda que elegeu Collor presidente
da República (1989). Retornou ao PL 1994 e foi lançado candidato à presidência
da República, com a bandeira do Imposto Único, mas não “vingou”, pois o PL
preferiu FHC!
Inspirado em Steve Jobs (1955-2011) declarou:
“Pretendemos ser a Apple da cadeia têxtil”, que vendia serviços completos: do aparelho
ao armazenamento de dados em nuvem. Está no site da Riachuelo: “Somos a maior
empresa de moda do Brasil e contamos com 300 lojas distribuídas por todo o
País, dois parques industriais e 40.000 funcionários.
Somos uma das três maiores redes de varejo de moda do
país... Adotamos o conceito de ‘fast fashion’ – agilidade na produção e na
distribuição das coleções – para garantir rapidez na divulgação das novas
tendências e geração de valor agregado para cada coleção”.
Maria dos Navegantes, presidente do sindicato das costureiras, diz que os salários e os benefícios são menores para as costureiras do sertão (Foto: Lilo Clareto)
Em dezembro de 2015 o Tribunal Superior do Trabalho condenou a Guararapes Confecções, do Grupo Riachuelo, a pagar a uma costureira
“o equivalente a 40% da última remuneração da costureira enquanto durar a
incapacidade, além de 10 mil reais a título de indenização. A pensão vitalícia
pode se prolongar até que ela complete 70 anos”. Ela adquiriu Síndrome do Túnel do Carpo
executando a tarefa de colocar, por hora, elástico em 500 calças ou costurar
300 bolsos (eis a tal agilidade na produção!).
Flávio Gurgel Rocha é um homem de ares modernos com
concepções medievais, tanto que foi buscar a lenda de Robin Hood para expressar
o que pensa de braços dados com o ajuste estrutural contido em “Uma Ponte para o Futuro” e contra o Estado de bem-estar!
Nada demais
para quem quando deputado federal “votou contra o rompimento de relações
diplomáticas com países que praticassem políticas de discriminação racial, a limitação do direito de propriedade, o
turno ininterrupto de seis horas, a jornada semanal de 40 horas, a demissão sem
justa causa e a proibição do comércio de sangue”. Ratificando coerência
antidemocrática foi um dos primeiros empresários peso-pesado a clamar, em
setembro de 2015, pelo o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Sabe-se que nos documentos judiciários ingleses há
registros de vários expropriadores de nome Robin Hood, entre 1250 a 1350, época
de miséria quase absoluta nos feudos europeus. “A miséria, a fome e a doença
eram companheiras constantes dessa população; é por isso que esta figura teria
se tornado popular por defender uma camada social até então ‘invisível’ nas
prioridades dos governantes... Justo e justiceiro, era um anti-herói, roubando
dos ricos para distribuir entre os pobres”. (A verdadeira história de RobinHood, Laurent Vissière, História Viva, 21.05.2010).
Pelas ideias veiculadas está explícito que o
presidente das Lojas Riachuelo é um dos baluartes do roubo de futuro do povo
brasileiro.
(Pequeno proprietário de terras, Robin de Loxley teria se juntado a uma revolta contra o rei Eduardo II da Inglaterra no século XIV)
29.12.2016
‘O Futuro Roubado’ é um livro científico que dói na cidadania (10.05.2016)
É dever democrático: banir a perspectiva de um futuro roubado (17.05.2016)
‘Uma Ponte para o Futuro’ é ajuste estrutural x Estado de bem-estar (27.09.2016)
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