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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Dilma: “A gente pode até dar uma envergadinha, mas não quebra”

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Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


Hildegard Angel tuitou: “Lo Prete comandando ‘Painel na TV’ em que discutem fórmulas variadas para arrancar Dilma do cargo, mesmo que não haja motivo legal para isso!” (2.1.2016). Eis o sexismo/machismo explícito! Respondi: “É impressionante a impregnação de sexismo que alicerça o ‘querer’ tirar @dilmabr do cargo! Pode analisar os mil e um desejos”.


  (Renata Lo Prete)
  (Hildegard Angel)


A presidenta Dilma entende que sofre preconceito de gênero: “Alguma vez você já ouviu alguém dizer que um presidente do sexo masculino coloca o dedo em tudo? Eu nunca ouvi falar disso. Eu acredito que há um pouco de preconceito sexual ou um viés de gênero. Sou descrita como uma mulher dura e forte que coloca o nariz em tudo e estou cercada de homens meigos” (“The Washington Post”, 25.6.2015).
 “A burguesia brasileira e seu apêndice cecal, os novos-ricos, evidenciam uma fixação vitoriana degradante na sexualidade da presidenta”, como eu disse em “A burguesia sem charme, sem finesse, machista e despudorada” (O TEMPO, 7.7.2015).


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Há um contexto de exacerbação de ódio de classe, de racismo e de horror aos pobres no Brasil, pari passu ao minguar do exército de reserva para trabalhos servis a preços vis desde quando Lula declarou: “O Brasil só será uma nação minimamente justa quando todos os brasileiros tiverem o direito de fazer três refeições por dia”, o que, para os partidários da filosofia da miséria, é uma heresia!
Relembro: “Extinguir a fome foi o eixo político que inspirou Lula a criar o projeto Fome Zero, em 16.10.2001, pelo Instituto da Cidadania, por ele coordenado. Quando Lula assumiu a Presidência da República, o projeto virou o programa Fome Zero, que em 20.10.2003 recebeu um aporte vigoroso: o Bolsa Família, com decisões visionárias que retiraram o Brasil do Mapa da Fome da ONU em 2014. (...) o Bolsa Família investe apenas 0,8% do PIB e contempla 50 milhões de brasileiros (um em cada quatro cidadãos está no Bolsa Família), e sem tal dinheiro mais de 25% dos brasileiros ainda estariam passando fome (Disse Maiakóvski: gente é pra brilhar com brilho eterno!” (O TEMPO, 11.8.2015).
Escrevi em “Por que o programa Bolsa Família desperta tanto ódio de classe?” e sou incansável em repetir que ele “é o maior e mais importante programa antipobreza do mundo e foi copiado por 40 países – é uma ‘transferência condicional de renda’ que objetiva combater a pobreza existente e quebrar o seu ciclo” (O TEMPO, 11.6.2013). E Dilma honra o compromisso, o que ensandece ainda mais o ódio de classe que “quer porque quer” expurgá-la da Presidência da República. O ódio de classe recebe aportes de fôlego do machismo/sexismo, já que os “contra” ousam fazer com Dilma o que jamais fariam com um homem na Presidência da República, a começar pelo derrotado nas eleições de 2014. A birra renitente em não aceitar a derrota até agora é o inconformismo de perder pra mulher!



  Não há dúvida de que, se o derrotado tivesse perdido para um homem, já se teria calado e não estaria aí engendrando crises políticas num momento de dificuldades econômicas! É verdade que “as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, o aumento da energia elétrica e dos combustíveis e a adoção de uma política econômica baseada na austeridade fiscal fizeram a popularidade do governo cair rapidamente” (“O ano em que Dilma ‘deu uma envergadinha’, mas não quebrou”, Marco Weissheimer, 3.1.2016).


"A gente pode até dar uma envergadinha, mas não quebra", diz Dilma Roberto Stuckert Filho/Presidência da República/Divulgação     Palavras da nossa presidenta, em 22.12.2015, que quer deixar como marca do seu governo uma enorme redução na desigualdade social: “A gente pode até dar uma envergadinha, mas não quebra”.


 
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PUBLICADO EM 05.01.16
 FONTE: OTEMPO

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