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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um recado firme e perfeito: "meio ambiente não é adereço"



É no "paralelo" que a presença feminista se faz notar
Fátima Oliveira

Médica – fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_

No último dia 13, nos preâmbulos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, a presidenta Dilma Rousseff discorreu sobre "o desafio das nações de crescer sem agredir o planeta" na inauguração do Pavilhão Brasil, exposição com cinco eixos - inovação e produção agrícola sustentável; inclusão social e cidadania; energia e infraestrutura; turismo, grandes eventos e cultura; e meio ambiente - e quatro exposições de programas de inovação, tecnologia sustentável e inclusão social, como Minha Casa Minha Vida, Água Doce e Cultivando Água Boa.

(Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de abertura do Pavilhão Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

 Acrescentou a presidenta: "Meio ambiente não é adereço. Queremos mostrar durante a Rio+20 que tornamos isso possível (...). Não consideramos que o respeito ao meio ambiente só se dá em fase de expansão do ciclo econômico. Pelo contrário, um posicionamento pró-crescimento, de preservar e conservar, é intrínseco à concepção de desenvolvimento, sobretudo diante das crises".


ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva  (Ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala no encerramento do evento The Rio Climate Challenge Rio Clima, no Forte de Copacabana, 17.06.2012)


Inegavelmente, um discurso de teor "verde", que Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, que se acha detentora única do discurso verde, está empenhada em desacreditar, como era o esperado: diz que "o país tem vivido um acelerado retrocesso no setor e que abriu mão de liderar as discussões globais sobre o meio ambiente" e que "a base legal que fez com que, desde 2004, se conseguisse reduzir a pobreza e o desmatamento agora está sendo abolida"; e patati patatá...




Aron Belinky, coordenador de processos intenacionais do Instituto Vitae Civilis  (Aron Belinky, coordenador de processos intenacionais do Instituto Vitae Civilis)


Já ouviu falar em dinheiro verde? E em mangue verde, que é um pouco o cotidiano brasileiro quando o assunto é meio ambiente? E misture tudo ao desinteresse e ao descompromisso dos países ricos a respeito de desenvolvimento sustentável e embrulhe no papel celofane do discurso catastrofista de alguns verdes ranzinzas de escritório. Tá tudo lá na babel da Cúpula dos Povos que, como afirmou Aron Belinky, especialista em sustentabilidade, responsabilidade social e consumo sustentável, a "Rio+20 é uma peça em dois atos", o oficial e o paralelo (ou Cúpula dos Povos).



faixamulheresagua300_amb



marchamulheres260_albamendonca_g1É no "paralelo" que a presença feminista se faz notar como "crítica global às falsas soluções propostas para a crise atual, representada pela ‘economia verde’ - contra a mercantilização da natureza, em defesa dos bens comuns e, também, da liberdade, da autonomia e da soberania das mulheres sobre seus corpos e suas vidas e demandam voz ativa em todos os processos de decisão sobre as políticas em geral". No mesmo sentido, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) organizou atuação focada na "Autonomia das Mulheres e Desenvolvimento Sustentável".


Programação Cúpula dos Povos
 Talvez caibam as perguntas: quem se lembra da Agenda 21 das Mulheres? E do vocábulo sociobiodiversidade?
Refrescando a memória. Paralelamente à ECO-92, estruturou-se o Fórum Global, onde havia a tenda do Planeta Fêmea, na qual cerca de 1.500 mulheres do mundo finalizaram, após mais de 200 horas de debate, a Agenda 21 das Mulheres; aprovaram dois tratados e uma declaração em que denunciam que o uso do corpo das mulheres como cobaias tem sido uma constante histórica universal: "O direito das mulheres de controlar suas escolhas de vida é a base e o fundamento de toda e qualquer ação referente à população, meio ambiente e desenvolvimento. Rejeitamos e denunciamos toda e qualquer forma de controle do corpo da mulher por governos e instituições internacionais".

(Vigília do Planeta Fêmea, evento feminista paralelo à Rio92, na Praia do Leme. Foto: Paulo Marcos)

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No centro, Bella Abzug (1920-1998), liderança feminista norte-americana, fundadora da Women's Environment and Development Organization - WEDO uma das principais entidades articuladoras do movimento internacional de mulheres pelo desenvolvimento sustentável.
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento/ECO 92 - Fórum Global / Planeta Fêmea.  1992 - Rio de Janeiro/Brasil


 
Nada mais, nada menos do que a compreensão de que a Terra nos foi dada em usufruto e é nosso dever legá-la saudável para as futuras gerações.


 FOTO: DUKE
Publicado no Jornal OTEMPO em 19.06.2012

5 comentários:

  1. Não sei se nossa presideta Dilma está com essa bola toda não...

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  2. Gostei da abordagem e também de conhecer o seu artigo sobre Sociobiodiversidade (está no link da palavra no texto). Muito bem!

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  3. Menos, um pouquinho Fátima Oliveira, pois o governo Dilma não tem absolutamente nada de verde

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  4. aliás, eu prefiro ser ecologista de escrtório do que do governo

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  5. 19/06/2012 - 11h55
    Brasil cede a pressão do Vaticano e muda texto final da Rio+20
    CLAUDIA ANTUNES
    DO RIO
    CLAUDIO ANGELO
    ENVIADO AO RIO

    O Brasil cedeu à pressão do Vaticano e tirou do novo projeto de texto final da Rio+20, apresentado na manhã desta terça-feira (19), a expressão "direitos reprodutivos", que designa a autonomia da mulher para decidir quando ter filhos.

    Segundo Beatriz Galli, da ONG feminista Ipas, a exclusão do termo rompe uma promessa feita na noite de ontem (18) pela diplomacia brasileira, que tinha afirmado que mantê-lo era um compromisso com a Secretaria das Mulheres da Presidência.

    Texto inicial exclui fundo de U$ 30 bilhões
    Texto da Rio+20 é entregue, mas pode mudar

    A nova redação fala apenas em "saúde reprodutiva", referindo-se ao direito de acesso a métodos de planejamento familiar. Mantém as referências à Declaração de Pequim, de 1995, que, entre outros temas sobre igualdade de gêneros, trata de direitos sexuais femininos. O Vaticano, que tem status de observador na ONU, queria também tirar essas referências.

    Em protesto contra o novo texto --que ainda está sendo analisado pelas delegações e terá que ser referendado pelos chefes de Estado--, as feministas farão uma manifestação hoje às 14h no Riocentro, sede da conferência na zona oeste do Rio.

    A pressão da Santa Sé vinha desde o início das negociações do texto. A posição da Igreja Católica teve apoio explícito de Chile, Honduras, Nicarágua, Egito, República Dominicana, Rússia e Costa Rica.

    Os quatro primeiros alegaram que não reconhecem "direitos reprodutivos", que relacionam à descriminalização do aborto, e que apoiam o "direito à vida". Os três últimos sugeriram acrescentar ao termo o qualificativo "de acordo com as leis nacionais".

    Bolívia, Peru, México, Uruguai, Canadá, Islândia e EUA se pronunciaram em favor do texto original. O arcebispo Francis Chullikat, observador permanente do Vaticano na ONU, disse à Folha que não comentaria o tema enquanto as negociações estivessem em andamento.


    http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1106903-brasil-cede-a-pressao-do-vaticano-e-muda-texto-final-da-rio20.shtml

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