Fátima Oliveira
Médica
– fatima.oliveira1953@gmail.com @oliveirafatima_
Para entender Aleppo e a guerra civil na Síria, que,
segundo a ONU, ceifou a vida de mais de 400 mil pessoas e obrigou mais de 4,5
milhões a fugir, localizemos a “República Árabe da Síria, no Oriente Médio, no
Sudoeste da Ásia, com fronteiras com o Líbano e o mar Mediterrâneo a oeste, a
Jordânia no sul, Israel a sudoeste, Iraque no leste e Turquia ao norte. Em
2013, a Síria contava com 22,85 milhões de habitantes.
“Damasco é a cidade mais importante e capital do país.
Aleppo é a segunda mais significativa. Os sírios não cultivam a religião
islâmica e o governo é laico. A maioria do povo é muçulmana, particularmente
sunitas, embora não seja difícil encontrar grupos de cristãos ortodoxos” (Ana Lúcia Santana).
A Síria moderna remonta ao pós-Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Os conflitos territoriais, sempre bélicos, datam de séculos,
embora a Síria seja um “país-chave do equilíbrio geopolítico do Oriente Médio”.
“O Partido Baath comanda esse país desde 1963, cuja liderança é o presidente
Bashar al-Assad, 51 anos, filho do antigo líder Hafez al-Assad (1930-2000), que
ocupou o poder de 1970 até 2000, quando morreu” (Ana Lúcia Santana).
(Presidente da Síria presidente Bashar al-Assad)
A guerra civil atual na Síria data de janeiro de 2011
e é parte da Primavera Árabe. Desde então, o povo tem sido massacrado
impiedosamente. O que mais tocou muita gente, eu inclusive, foi o vídeo recente
de um grupo de 47 crianças órfãs pedindo para sair da Síria. O governo diz que
até o vídeo das crianças órfãs é obra mentirosa dos “terroristas”, como
denomina a todos que se opõem a seu governo. Isto é, há duas versões para a
guerra civil na Síria!
(Corpo de Aylan Kurdi, 3 anos, menino sírio, após morrer em naufrágio, em uma praia da estância de Bodrum, no mar Egeu, Turquia, 03.09.2015)
Em todas as guerras, as pessoas mais vulneráveis do
ponto de vista da sexualidade são as crianças e as mulheres. Não é à toa que,
desde tempos imemoriais, o estupro é uma arma de guerra comum, tanto que
devastou a vida de mulheres e famílias em conflitos recentes em Ruanda,
Camboja, Libéria, Peru, Somália, Uganda, na ex-Iugoslávia e agora na Síria.
Isto é, todas as mulheres, em regiões de guerra, são sobreviventes de violência
sexual, de fato ou psicologicamente – um trauma de proporções incomensuráveis.
(O Rapto das Sabinas, de Jacques-Louis David)
Lina Shaikhouni, em “Aleppo antes da guerra: ‘A cidade
mais bonita e elegante do mundo’” (BBC, 16.12.2016), evidencia a destruição
brutal da cidade, que desde a semana passada é controlada pelo governo. Há
frágeis acordos de cessar-fogo, e a Cruz Vermelha realiza o resgate, em ônibus
e ambulâncias, previsto para durar dias.
Jamais
conhecerei a Aleppo que a brutalidade humana destruiu...
PUBLICADO EM 20.12.1
6 FONTE: OTEMPO
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