(DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Das elaborações teóricas de João Amazonas (1912-2002), o principal
pensador do PCdoB, a que mais me encanta é: “O Brasil numa encruzilhada
histórica”, pela propriedade de responder a diferentes contextos políticos
desde que foi elaborada, inclusive porque o país continua nela!
Grosso modo, a “encruzilhada histórica do Brasil” é: ou o país trilha
uma rota progressista, ou se afunda na rota neoliberal antipovo! Tendo em conta
a encruzilhada histórica, o PCdoB elaborou o Programa Socialista para o Brasil – O fortalecimento da nação é o caminho, o socialismo é o rumo, aprovado na 8ª
Conferência Nacional (1995) e referendado no 9º Congresso (1997), no qual
consta no ponto 34 o que se segue:
“A vitória das forças democráticas, progressistas e populares em
eleições presidenciais impulsionará a luta pela aplicação do Novo Projeto
Nacional de Desenvolvimento. A derrota, ou o êxito eleitoral da tendência
política avançada, ou circunstâncias políticas imprevisíveis, podem influir na
trajetória e no nível das batalhas, na correlação de forças e nas condições de
luta. Todavia, em qualquer situação, a transição ao socialismo deve ser o norte
constante do PCdoB”.
Uma das mais nítidas lembranças que tenho de ouvir João Amazonas é o
combate firme e incessante ao desarmamento ideológico, a exemplo da conciliação
de classe, que difere de “acordos pontuais de governabilidade”, posto que as
classes dominantes não entregam o poder sem muita luta, de todas as formas. Ao
que eu acrescento: não há na história das sociedades de classes nenhum caso em
que as classes dominantes entregaram o poder de mando passiva e pacificamente.
Sob o capitalismo, o que sabemos é que a burguesia e seus prepostos,
quando perdem as eleições, até ficam atordoados num primeiro momento, mas
imediatamente passam à fase de acumulação de forças para a retomada do poder,
por todas as vias, não apenas a eleitoral, como está acontecendo no Brasil:
sexismo e misoginia em relação à presidente Dilma, até indução explícita ao
suicídio; intensificação de atos de vandalismo contra organizações sociais e
partidos de esquerda; e tentativas de destruição da imagem de Lula!
A conjuntura brasileira é exemplar: a conciliação de classes só serve à
burguesia. Em momentos de crise, que a própria burguesia planta em governos
populares e democráticos com vistas a retomar o poder, invariavelmente em nome
do combate à corrupção, ela é insensível a apelos para diálogos em nome do amor
ao país! Tal insensibilidade nada mais é do que a expressão de uma das facetas
da luta de classes.
(Amazonas e Lula durante o comício de 1º de Maio em 1989. / Foto: Arquivo Fundação Maurício Grabois)
José Reinaldo Carvalho, a quem entrego o restante do texto, em
“Amazonas, a estratégia e a tática de um partido revolucionário”, relembra:
“Por isso, Amazonas não teve dúvidas e se tornou um dos fundadores da Frente
Brasil Popular, da memorável campanha Lula Lá de 1989. E foi um dos principais
entusiastas e impulsionadores das campanhas do ex-metalúrgico, malgrado as
diferenças de concepção e as divergências políticas, ideológicas e teóricas dos
comunistas com o PT.
“O camarada João dirigiu a formulação de uma estratégia revolucionária,
baseada nos princípios do marxismo-leninismo, e de uma tática ampla, combativa
e flexível. Ensinou-nos que o partido deve enraizar-se entre as massas,
inserido no curso político, enfrentar os grandes e os pequenos embates políticos
do cotidiano e acumular forças revolucionariamente.
“As atuais conquistas democráticas e patrióticas do povo brasileiro têm
muito a ver com a contribuição de João Amazonas”.
PUBLICADO EM 15.03.16
FONTE: OTEMPO
+ de Fátima Oliveira sobre João Amazonas:
+ sobre João Amazonas:
Nenhum comentário:
Postar um comentário