

A morte de dois ícones do hedonismo
dos anos 1960 e 1970
Fátima OliveiraMédica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
A primavera 2013 levou a atriz e cineasta Norma Benguell (1935-2013) e a encantadora prostituta e feminista Gabriela Leite (1951-2013) – ícones do hedonismo e de um postulado-alicerce da contracultura dos anos de 1960 e 1970: “Liberdade nos relacionamentos sexuais e amorosos”.









Aprendi
com Gabriela
que
prostituição não
é
o mesmo que
exploração
sexual e
que
prostitutas não
vendem
seus
corpos,
vendem
prazer.


Gabriela Leite abandonou a faculdade de sociologia na USP, fim dos anos de 1970, para ser prostituta na Boca do Lixo, segundo ela, por “pura porra-louquice”. Começou a luta contra a repressão policial às prostitutas. De Sampa, foi para BH – “Toda prostituta um dia vai para BH ganhar dinheiro, lá tem muito cliente” –, onde ficou um ano. Seguiu para o Rio de Janeiro, em 1982, onde se encantou pela Vila Mimosa: “E esse foi um dia muito importante na minha vida, um dia que nunca vou esquecer... Entrei na Vila Mimosa e amei. Parecia a zona de cidade do interior...
Aquelas máquinas de música tocando em todas as casas. O som daquelas músicas bregas, tudo colorido. A imagem que eu tive da Vila Mimosa era a de uma grande festa. E fui ficando lá”.
De Vila Mimosa bateu asas na organização do Primeiro Encontro Nacional de Prostitutas, em 1987, na criação do jornal “Beijo da Rua”, em 1988, ONG DaVida, em 1990, e a grife Daspu, em 2005: “Serão roupas insinuantes, sensuais, mas sem vulgaridade. Queremos resgatar a elegância das meninas do passado”; “a linha de batalha vai ser ousada, provocante, sem ser ridícula ou vulgar”. Foi o que registrei em “A Daspu é um deslumbre” (O TEMPO, 7.12.2005). Escreveu o livro “Filha, Mãe, Avó e Puta”, que virou peça de teatro (2009). Indagada sobre em qual desses papéis ela mais se realiza, disse: “Eu gosto muito de ser avó. Mas também gosto muito de ser puta”.



Deixou duas filhas, uma neta e o marido, o jornalista Flávio Lenz. Aprendi com Gabriela que prostituição não é o mesmo que exploração sexual e que prostitutas não vendem seus corpos, vendem prazer.
PUBLICADO EM 15.10.13

OTEMPO

Gabriela Leite no Roda Viva (1.6.2009)
Uau! A.R.R.A.S.O.U!
ResponderExcluirAté chorei! Linda mulheragem. merecida, também
ResponderExcluirFátima, estou maravilhada. parabéns
ResponderExcluirEmocionante. Sinto-me contemplada em sua mulheragem a duas mulheres destemidad
ResponderExcluirFatima, estive no velório de Gabriela. Foi emocionante, como esta tua homenagem. Lá estavam todas essas personagens que acompanharam a trajetória de Gabriela.
ResponderExcluirEssa Fátima Oliveira tem tendência, ou é uma P... in pectoris. Quem escreve o qu ela escreveu é contra a família e contra Deus
ResponderExcluirSão duas brasileiras a qem noós, mulheres de hoje, devemos muito. Beleza de crônica
ResponderExcluirA pessoa que defende uma mulher que diz ter feito 16 abortos outra que diz que gosta muito de ser puta é pior do que elas
ResponderExcluirPior mesmo, é deixar envolver por preconceitos em pleno século XXI,o respeito ao outro é fundamental,independente do que a pessoa seja.Agora seu Josué, se você está mesmo bem informado deve lembrar que Cristo perdoou Maria Madalena e aí?
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