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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O choro inútil da aposta de Dilma como "o bode na sala"


O artista plástico Marcus Baby divulgou em seu blog, o mais recente trabalho: A boneca da Presidente Dilma Rousseff.
 DUKE
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br

"Dilma e o bode" é o título de uma matéria da "The Economist" de abril de 2008, baseada na chamada "parábola do bode na sala", citada "pelo consultor político Bolívar Lamounier para dizer que Lula poderia estar estimulando a candidatura de Dilma agora para depois oferecer outro nome: ? Conhece a história do homem que coloca um bode na sua sala de estar e depois se oferece para negociar com você para tirá-lo de lá?".
Num exercício furado de futurologia, a mesma matéria disse: "Ela ainda não é uma candidata viável para 2010"; todavia arrematou: "É impressionante de perto, misturando charme pessoal, firmeza e um evidente controle de detalhes técnicos". A imprensa nacional adotou taxá-la de "o bode na sala" e apostava que, quando a campanha entrasse na reta do pra valer, a candidatura da "poste" seria retirada! Em 3 de novembro de 2010, Dilma Rousseff foi eleita a primeira presidente do Brasil.

Dilma é o "bode na sala"

Erraram a revista e o consultor. Subestimaram criatura e criador. Os adversários perderam a eleição e continuam com o discurso falacioso e não republicano de que a presidente é "bode na sala". Ora, me compre um bode!
Há várias versões sobre a origem da expressão "bode na sala". Todas têm em comum o fato de que um homem, exausto com as queixas familiares sobre as dificuldades decorrentes da escassez de dinheiro, foi aconselhado a levar para a sala o bode que criava em seu quintal. A vida difícil ficou caótica. Além do balido impertinente, os dejetos e a fedentina empestando tudo! Foi um alívio quando ele devolveu o bode ao quintal.
Bode não é só estorvo. Também simboliza segredo. Explico-me. Em Graça Aranha (MA), meu torrão natal, não havia Correios, banco, luz elétrica e nada que cheirasse a progresso até meados de 1970; entretanto, havia uma loja maçônica. E os maçons eram chamados de bodes. Papai aspirava a ser maçom. Todavia, a família não permitia (leia-se: minha avó e meu avô maternos e mamãe, em ordem decrescente de poder sobre ele).
Curiosa, indaguei por que ser maçom era igual a ser bode. Papai explicou-me de um jeito simples e inesquecível: "Compreendes o que tua avó diz ao falar: "Justo que só boca de bode?" Murmurei: "Hem-hem (linguajar maranhense que, dependendo do contexto, pode significar sim). Bode tem a boca fechadinha". Papai riu e continuou: "E não fala! O bode na maçonaria quer dizer segredo. Daí o apelido de bode para o maçom".
Encontrei um trecho da lavra do maçom José Castellani relatando que, em torno do terceiro ano depois de Cristo, os apóstolos que pregavam o Evangelho na Palestina "ficaram surpresos com o costume do povo judaico em falar ao ouvido de um bode (...)". Um rabino contou ao apóstolo Paulo que era "um cerimonial judaico, cujo povo tem o bode como confidente, para expiação de pecados e erros". Durante a "Santa Inquisição", a maçonaria foi duramente perseguida pela Igreja Católica. Um dos inquisidores mais cruéis, Chasmadoiro Roncalli, declarou ao seu superior: "Senhor, esse pessoal maçom parece bode. Por mais grave que eu torne o processo de flagelação a que lhes submeto, não consigo arrancar de nenhum deles quaisquer palavras".
Em cena, o bode que fede e emporcalha a sala; o que guarda segredo; e o que quero vender... Tentaram colar o primeiro na candidatura Dilma como a sua alma. Não colou. Agora, aventam que ela é o bode na sala do seu governo! Talvez para funcionar como meteorologista, já que "bode, quando espirra, anuncia chuva".

25.01.2011
FONTE: www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=14091


LEIA + COMENTÁRIOS:
Site Lima Coelho
www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=4699

10 comentários:

  1. Show demais. Gostei da expressão ORA, ME COMPRE UM BODE!

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  2. Um artigo necessário e especial. Parabéns

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  3. Análise perfeita. É uma absurdo a oposição não se conformar que perdeu as eleições

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  4. Fátima, o bode na sala não colou, Dilma ganhou e não há bode, boi que mude a história.
    Cheiros.

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  5. Maria das Graças Dourado25 de janeiro de 2011 às 23:08

    É isso aí mulher. Gostei demais

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  6. Maria das Graças Dourado25 de janeiro de 2011 às 23:15

    EX-ALUNA DE MONICA SERRA ESCREVERÁ LIVRO SOBRE ABORTO E ELEIÇÕES

    A dançarina Sheila Canevacci Ribeiro, que ficou nacionalmente famosa durante a última campanha eleitoral por denunciar um suposto aborto cometido por Monica Serra, esposa do então candidato tucano à Presidência, José Serra, está escrevendo um livro sobre o caso. A notícia foi dada pela própria Sheila em sua página no Facebook, na qual ela pede ajuda aos internautas de sua lista de amigos para que sugiram um título para a obra. Segundo Sheila, o livro terá que ser “barato e acessível”.
    “Estou escrevendo um livro sobre o duplo discurso e o oportunismo do aborto nas eleiçoes. Quero que ele seja barato e acessível. Alguém tem sugestão de TÍTULO? Que tal A DANÇA DO DUPLO DISCURSO", sugere a própria dançarina.

    Até o início da tarde desta terça-feira, 56 internautas já haviam postado comentários sugerindo títulos como “A dança da mentira”, “Aborto e eleições – Locais deslocados”, “Aborto nas eleições – A face oculta” e “Dança dupla”.

    Em algumas das respostas a seus amigos do Facebook, Sheila dá dicas a respeito do conteúdo de seu futuro livro:

    “(...) é um documento de um marco histórico. fiquei impressionada como td mundo falou em coragem e medo e acho q aqui precisa de muito trabalho de valorizaçao de açoes comuns, civis... é um livro q quer ser positivo e não resmungão”, antecipa.

    Em outra resposta, Sheila acrescenta:

    “(...) eu quero apenas documentar o evento e tem artigo de outras pessoas e o que mais valeu: OS COMENTARIOS DOS BRASILEIROS”.

    Em um dos comentários direcionados à dançarina, um internauta questiona sua capacidade de virar escritora:

    “A sua experiência vai ser suficeinte para escrever um livro pertinente sobre isso?”.

    “A sua pergunta é um pouquinho arrogante”, reage a dançarina.

    Procurada pela reportagem do JB, Sheila alegou estar "atolada de trabalho", e disse que ainda não poderia falar mais sobre o assunto. O marido de Sheila, o antropólogo italiano Massimo Canevacci, que está em sua terra natal, falou rapidamente com a reportagem por meio da internet e disse achar “interessante” a iniciativa da esposa. O casal Monica e José Serra não foi encontrado.

    Denúncia

    O caso sobre o suposto aborto cometido por Monica Serra ganhou repercussão depois que Sheila Canevacci postou, em outubro, em sua página no Facebook, uma mensagem dizendo que, durante uma aula na qual a dançarina estava presente, Monica teria confessado ter feito um aborto no Chile, quando já era casada com José Serra e ambos estavam exilados. A notícia caiu como uma bomba na campanha eleitoral, já que, na ocasião, Serra acusava sua então rival, Dilma Rousseff (PT), de ser a favor do aborto, e usava a questão para tentar ganhar votos do eleitorado religioso.

    Após a denúncia de Sheila, Monica disse que "nunca fez aborto", mas não se mostrou disposta a processar a ex-aluna. Dilma negou-se a comentar o assunto. Após o incidente, o tema perdeu força na campanha presidencial.

    Fonte: Jornal do Brasil

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  7. DILEMAS TUCANOS
    Marcos Coimbra

    Neste início de ano, o PT e os partidos da base aliada estão mudando, procurando ajustar-se à realidade do governo Dilma. O modo como funcionaram nos últimos anos e se relacionaram com o Planalto não se coaduna com os novos tempos. O descompasso mais visível acontece com o PMDB.
    Na oposição e, especialmente, no PSDB, a necessidade de transformações é ainda maior. Nada mais natural, após a terceira derrota consecutiva para Lula e o lulismo. Se o governismo, bem-sucedido nas urnas, é obrigado a se renovar, o que dizer das oposições?
    O principal partido oposicionista tem que contrariar aquilo a que nos acostumamos a ver como sua natureza mais profunda. Depois de ter ficado famoso por sua dificuldade de tomar decisões, por sua incapacidade de sair “de cima do muro”, ele agora tem que explicitar suas diferenças e contradições.
    Sem vida partidária real (como ficou claro em 2009, quando não conseguiu fazer prévias entre seus filiados por sequer saber quantos são), tudo no PSDB se resolvia “en petit comité”. Na sua história, ficaram famosas algumas cenas, como a escolha do candidato presidencial em 2006, decidida na mesa de jantar de um luxuoso restaurante em São Paulo, presentes quatro pessoas.
    Hoje, a tendência quase atávica que os tucanos têm de evitar o dissenso não se sustenta mais. Seu medo do confronto interno terá que ser superado, pois não enfrentá-lo é o caminho certo para um novo fracasso em 2014.
    O fulcro do problema é o serrismo, o pequeno, mas loquaz grupo de seguidores do ex-governador José Serra. Como tem um espaço desproporcional na chamada “grande imprensa” e conta com a simpatia de jornalistas nos principais veículos, acaba parecendo maior do que é. Os serristas são poucos, mas fazem barulho.
    Apesar de seu pífio desempenho na eleição (pois foi pior que Alckmin no primeiro turno e só chegou ao segundo pegando carona em Marina), Serra quer ser a liderança maior e o candidato natural do PSDB à sucessão de Dilma. Acha que pode repetir a trajetória de Lula: de tanto tentar, acabar chegando à Presidência.
    Sonhar é um direito de todos, mas não faz sentido querer que o conjunto da oposição se submeta a projetos pessoais, com chances de sucesso remotas (para dizer o mínimo). As figuras lúcidas do partido percebem que a carreira política do ex-governador acabou.
    A esse núcleo serrista se agregam outras correntes tucanas igualmente presas ao passado, nenhuma capaz de representar uma opção nova para o Brasil. Seu expoente mais ilustre é Fernando Henrique, que, quando fala da presidenta, insiste em um discurso de rejeição invejosa que perdeu a graça e a inteligência.
    Quem não é serrista no PSDB não tem escolha: ou se submete ou assume publicamente sua discordância. Em outras palavras, contraria o típico peessedebismo de deixar as coisas andar para ver como ficam.
    No fundo, isso é bom para o PSDB, ao obrigá-lo a se manifestar sobre o que pretende. Melhor a discordância exposta ao sol que o consenso falso. A briga de uns contra os outros sempre existiu em surdina.
    Esta semana, um episodio até cômico ilustra os dilemas tucanos. É pequeno, mas revelador.
    O PSDB tem, agora no início de fevereiro, seu tempo de propaganda partidária do semestre. É uma janela sempre importante e, agora, ainda mais, por ser a primeira oportunidade de reencontro do partido com a grande maioria da população, somente atingível pela televisão.
    O natural seria aproveitá-la para aquilo que os marqueteiros chamam reposicionamento. Seria uma boa hora para mostrar-se com a identidade que o partido adotará nos próximos quatro anos.
    Pois bem, pela insistência do serrismo em protagonizar o programa, o resultado é que ninguém o estrelará. Nem Serra, nem Aécio aparecerão, e só seu presidente e FHC poderão ser vistos. Ou seja, a cara do PSDB continuará a ser a de sempre.
    Até quando o PSDB estacionará em impasses desse tipo? Quando é que a maioria vai mostrar à minoria que seu tempo passou?

    Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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  8. Perfeito! E Viva Dilma Rousseff!!!

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  9. Um artigo excelente e claro

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