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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Dona Lô vai à Brasília...

Fátima Oliveira



        – “Pucardiquê” a senhora tá tão agoniada Dona Lô? – indagou Cesinha.
        Dona Lô, sem retirar os olhos da roseira que estava podando, calada estava, calada ficou. Impaciente, suspirou, quase falou, mas deu o calado por resposta.
        A manhã despontava com muita beleza. Os passarinhos cantavam, as borboletas saracoteavam aqui e acolá... E a brisa que corria na chapada era a saudade que ela carregava presa no peito quando vivia longe dali. Pensou ela, pra que me aborrecer assim tão cedo com esse Cesinha que de tudo quer saber? Ele diz que quer ser juiz, mas indaga mais do que investigador de polícia. Cruz credo!
        – Ih, já vi que enquanto não terminar de apurar os votos “tudinho” a senhora vai ficar aí só muxoxando. E olhe que ainda nem foi votar! Mãe diz que a senhora conversa com as flores quando está astuciando alguma coisa... Vai vê que tá!  Bem que o padre disse que tem medo quando a senhora fica calada.
        – Ah, e disse? Ah vigário duma figa! Por que não me disse antes Cesinha, que eu já teria dado o troco a esse vigário brôco? Pega menino, vai levar essas flores orvalhadas lá pro altar da capela, “jazim”! Deixe a capela aberta, viu? Dona Celestina vai fazer uma novena das horas lá hoje. Começando nove e terminando cinco horas da tarde. Encomendei pra Dilma. Num acredito não, mas por via das dúvidas, encomendei. Nessas horas a gente tem de se apegar com tudo que dizem que ajuda. Tá difícil de subir a costaneira dessa vitória, mas a gente se virou e hoje sobe nela.
        –...
        – Pegue a bicicleta. Antes, passe na cozinha e diga à Gracinha que quando tiver café novo venha me chamar. Vá logo e deixe de tanta perguntação besta assim no raiar do dia! Vai num pé e volta no outro...
        – Como assim?
        – Como assim “pucardiquê” Cesinha?
        – De ir num pé e voltar no outro, se vou de bicicleta...
        Ambos riram. Esse Cesinha, esse Cesinha! É cheio das mutretas, mas me ajuda que só quando está por aqui. É filho de Gracinha, a cozinheira. Morava aqui comigo, mas agora está na cidade estudando. Diz que vai ser juiz. Estou apostando que sim. É estudioso e tem o meu apoio. Vive em minha casa da cidade. E sabe tocar a vida sozinho por lá. É ajuizado. Gracinha vai com ele todo domingo no finzinho da tarde e fica por lá dois dias dando um trato na casa e nas coisas.  
        Dona Lô, por volta da metade da manhã, quando saia para votar, atendeu a um telefonema. Olhou para um lado e para o outro, se precavendo para ninguém ouvir a conversa. Nem Gracinha e nem Cesinha. Assunto novo, caiu na boca deles, adeus qualquer segredo!
        – Ô Ducarmo, tô aqui pensando que isso vai ficar muito caro minha rosa, mas eu já decidi: vou levar mesmo minha mulherzada daqui para Brasília se a mulher ganhar. Isso não tem preço. Pode combinar na pensão. Feche a pensão para 45 mulheres, dois dias.  Regateie no preço. Dinheiro aqui é suado e não dá em árvore, não! Agência de viagem tem de saber regatear. Estou lhe dando a preferência, mereço alguma deferência, né não?
        – ...
        – O ônibus, se a mulher ganhar hoje, na segunda-feira, pode fechar. Vamos pagar adiantado. Me dê só um prazo. Até 15 de dezembro estarei com o dinheiro na mão. Chegaremos lá no dia 31 no romper do dia... Diga que quero um café reforçado na chegada. E banho? Você viu se dá pra todo mundo banhar sem atropelos na chegada? Vão estar estropiadas da viagem, agoniadas... É que pensão sempre tem menos banheiros do que se precisa. Vão descansar um pouco o resto da manhã e na hora do almoço vamos dar uma volta em Brasília. Muitas delas nunca foram a lugar nenhum com mais de 50 Kms daqui. Brasília é assim o fim do mundo pra elas. Querem conhecer.
         –...
         – Que nada “fia”! Num vai ter briga nenhuma. Vamos pro sorteio. Quem sair no sorteio vai. No ônibus só cabem 45, então seremos 45. Claro que irei de ônibus junto com elas, sim! Voltar de avião, tudo bem. Vá reservando aí a minha passagem da volta, no dia 2 de janeiro pela manhã.
         –...
         – Vai ver se ainda tem vaga em algum vôo? Precisa de ter. Como vou voltar? Minha idade já não aguenta tanto solavanco desse estirão que é a Belém-Brasília. Só de ida são 1700 Km, vinte horas de viagem...
        –...  
        – Umas 22 a 24 horas porque iremos devagar, sem pressa nenhuma. Parando para jantar num lugar bem bom, porque almoço, precisa não. Vamos levar uns fritos de galinha, daqueles que se fazia antigamente e se carregava dentro da lata. Cada uma faz o seu. Na hora do piquenique na estrada a gente mistura tudo. Bebe umas cervejinhas e fica o melhor dos mundos. É isso que vamos almoçar.
        – ...
        – Você acha que eu penso em tudo? Penso mesmo. Falta do que fazer, minha rosa! E olhe, boca de siri! Ainda estamos contando com o ovo no da galinha. É segredo ainda. Só nós duas sabemos, por enquanto...
        –...
        – Se é muito dinheiro? É, mas vou gastar do meu, com muito gosto. Tá dizendo que só vão ficar homens e crianças aqui no povoado? Claro que sim! Vai ser um rebuliço medonho. Ao menos uma vez na vida eles vão tomar conta de casa, de crianças e de velhos. Não vai morrer ninguém, não! Por poucos dias. Vamos sair daqui no dia 30 cedo. No romper do dia 31 estaremos lá. No dia 2 de janeiro, todo mundo já aqui em suas casas, trazendo histórias pra contar pra filhos e netos, o resto da vida.
        No começo da noite, sentada numa cadeira de balanço na calçada alta de sua casa, pegando uma fresca, recebia as visitas que iam se achegando, enquanto a TV dava o ritmo das apurações... E pensava como antigamente se levava dias e dias para saber do resultado de uma eleição pra presidente. Que diferença, agora, mal são fechadas as urnas, a bagaceira começa. É bom e não é, pensava ela. O bom é que acaba logo.
        As pessoas iam chegando e ela só dizia: “se abanque” aí em qualquer cantinho. Querendo, tome um cafezinho.
        Na calçada, encostado na parede, havia um banco com bolos, café, leite e refrescos de frutas da época. E não esqueceu o chá de gengibre, que pegava bem no friozinho que vinha da serra no entardecer.  
        Uma ou outra pessoa quando chegava dizia: “Humhum, a mulher vai ‘festar’ mermo!” Aqui e acolá alguém murmurava: “Diga, se Deus quiser”. Dona Lô complementava rindo: “Precisa não! Ele quer. Já me disse, faz dias!” E todo mundo gargalhava.
        Zé Baixinho, saliente que só ele, ao chegar perto da bancada de café, foi logo dizendo: “Ih, Dona Lô, não tem nem uma pinguinha aqui pra gente molhar a palavra, mestra? Faltou, né não?”
        Ela riu. Riu tanto que quase se engasgou. “‘Marmoço’, fique quieto Zé Baixinho. O que é seu tá guardado. Deixe de lero, se abanque, rapaz!”
        Depois dos 90% dos votos apurados fazia um silêncio, só cortado pelas vozes da TV, que estava numa janela.  Nem as crianças, que eram muitas, conversavam. Todo mundo de olho grudado na TV, até que... Tantantantannnnnnnnn...
        Foi uma explosão de alegria quando em coro gritaram: “A mulher ganhooooooooooooooooooooooou Dona Lô!”
        Ao que ela, dando um salto da cadeira, de mãos pro alto, gritou: “Acabou! Tá na hora: solta os foguetes Zé Baixinho! Vai pro berrante Luís Vaqueiro. Tira um aboio pra Dilma, anda logo! Hem-hem, ganhou mesmo minha gente! É Dilma lááááá..."


        – Botem o CD de Luiz Gonzaga, minha gente! E nós vamos à Brasília pra posse da mulher!

Trechos de Várias músicas no Fantástico – Boiadeiro, Cortando Pano, Que Nem Jiló, Baião, 17 e 700, Assum Preto e a Vida do Viajante. 6,7MB 04:00 MIN
       
        – Como assim Dona Lô? Falaram vários homens ao mesmo tempo.
        – Como assim? Depois de ter dado à Dilma 90% dos votos daqui da Chapada no primeiro turno; e agora, de certeza, pertinho dos 100%, que eu sei que foi, como não vamos fazer uma comitiva de mulheres, só de mulheres, bem entendido, para assistir a posse de Dilma Rousseff? Pois vamos, sim senhores! Só as mulheres daqui da Chapada. Palavra de Lô! Ô Cesinha, trás da pinga da terra que quero tomar um gole, menino!
         – Dona Lô mulher, o que a senhora anda astuciando? Disse Zé Baixinho.
        – Eu, nada! Nós só vamos vender nossa porcada pra cair na Belém-Brasília no dia 30 de dezembro. Vamos assistir Dilma receber a faixa de presidenta no dia 1º. de janeiro de 2011... Agora é comemorar gente! É uma benção eu assistir uma coisa dessas. Nós somos parte dessa vitória. Agora posso morrer que não me importo.   



        No dia seguinte não se falava em outra coisa no povoado. Havia até os que já sabiam que os porcos da mulherada eram pra mais de cem. Só de leitoas deveria ter desse tanto, diziam uns. Falava-se pelos cantos que só da porcada de Natal do ano passado foram puxados uns cinco caminhões, que agora dava pra mais de oito. Era dinheiro grosso. Outros diziam que o que faltasse Dona Lô cobriria. Especulavam pra todo lado. E a fuxicada seguia solta. Assunto era o que não faltava pra ficar rolando até à viagem de Dona Lô e suas mulheres.
        O pastor, do púlpito de sua igreja, vociferou dias dizendo que se alguma fiel de sua igreja fosse à Brasília, queimaria nas profundas dos infernos. Ele não daria nenhum castigo, mas o Senhor, aquele que tá lá no alto, que tudo vê e tudo sabe, em sua imensa sabedoria, daria o castigo merecido às mulheres de ventas empinadas; e que Dona Lô tinha pacto com o diabo porque era do PT. Lula até que tinha sido bom pros pobres, mas essa Dilma era mulher dona de suas ventas. Um exemplo péssimo pras outras; era uma mulher sambada, tanto que casou duas vezes e era tão ruim que nem marido tinha mais!
        Na mesma noite foram correndo contar à Dona Lô. Ela ria e dizia: “Quem tem com que me pague, não me deve nada!” E acrescentava: “Jacaré pensa que lagoa não seca, ‘destá’ jacaré que um dia a lagoa há de secar!”
        O padre, que só aparecia na capela anualmente em desobriga, na semana seguinte, após a eleição, inventou de chegar por lá, de mala e cuia, coisa que nunca acontecera, pra preparar os festejos de Nossa Senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro.
        – Ô padre, que bons ou maus ventos o trazem aqui? Veio porque eu e minhas mulheres vamos para Brasília, não foi? Pois fique sabendo que vamos. E não faça como esse pastorzinho furreca daqui não, que andou dizendo que tenho pacto com o diabo e que sou PT. Não sou, não! Eu sou é Lula, até debaixo d’água! Cesinha! Ô Cesinha, traga a faixa que mandei fazer pro padre assistir a gente pregando ela aqui na platibanda da casa! Vai ficar aqui até a gente voltar de Brasília.
        – Que cheirim bom vindo lá da cozinha Dona Lô! Ô Gracinha, tá cozinhando o quê, menina? Huuuuuuuuuuuuuummm...
        Gracinha veio falando da cozinha até à sala: “Galinha ao molho pardo padre. Do jeitinho que o reverendo gosta! É o nosso almoço de comemoração da eleição de Dilma, a nossa presidenta. Dona Lô resolveu festejar hoje, pela segunda vez. No dia em que Dilma ganhou a festança aqui foi boa demais”.
        – ...
        – Fica para almoçar conosco? Vai vir muita gente. Daqui a pouco vamos ter umas vinte mulheres aqui ajudando a finalizar o almoço, pois a minha parte é só a galinha ao molho pardo. Mas são cinquenta galinhas das bem gordas. As mulheres trouxeram as galinhas já limpinhas e cortadas; o sangue também. Eu só temperei e agora estou refogando em dois tachos bem grandes”.
        Antes que ele respondesse, Dona Lô se meteu na conversa, com a chegada de Cesinha: “Tá vendo padre, pois leia o que está escrito: 'Eu sou é Lula, até debaixo d’água! Viva Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil!'. E sabe por que padre? Porque eu dei a minha vida trabalhando pra fazer esse povo daqui ter vida. Só Lula nos ajudou. Só ele sabia da sofrença de gente assim como esse povo daqui. E fez muito por essa gente. E entregou sua gente nas mãos de Dilma e o povo entendeu e soube reconhecer esse gesto dele. Por isso votou em Dilma. Quem compra o povo por besta, perde dinheiro sempre. Que voto de barriga, coisa nenhuma, o povo votou foi com a cabeça, pois quer mais do bom e do melhor”.  


DEIXO EM TUAS MÃOS MEU POVO
(Letra de João Santana e João Andrade)


Deixo em tuas mãos o meu povo
e tudo o que mais amei
mas só deixo porque sei
que vais continuar o que fiz
E o meu país será melhor
e o meu povo, mais feliz
do jeito que sonhei e sempre quis
Quando passo no meu Nordetse
vejo quanto já fizemos
Mas ainda o que farás
Sei que o Sul tu tens carinhos
Porque ele te acolheu
Quando precisavas mais
Sei que amas o Sudeste
Meu São Paulo, nosso Rio
E tua Minas Gerais
Que te viu jovem e valente
e logo te verás primeira presidente
No Norte sei que jamais
O povo, a mata e as águas esquecerás
E no Centro-Oeste eu sei
que cuidarás da semente
que com muito amor plantei
Agora as mãos de uma mulher
vão nos conduzir
Eu sigo com saudade
Mas feliz a sorrir
pois sei, o meu povo ganhou uma mãe
que tem um coração
que vai do Oiapoque ao Chuí
Deixo em tuas mãos o meu povo.

        – Você passou foi a vida toda fora daqui no “bem-bom”, só no cheiro de perfume do estrangeiro. E veio agora no fim da vida “discabiciar” o povo daqui, isso sim!
        – Se for macho repita que sou do mal! Do mal é você que só vem aqui pegar nossos “corrozinhos” suados na festa da nossa santa.
        – ...
        – Que você não é de nada, eu já sabia há muito tempo. Pois fique no seu canto...
        – Desde que chegou aqui, mulher nenhuma não respeita mais o marido. Tudo montada na bufunfa, com essa historia de porcada de meia, de criação de galinha de meia... 
        – Tá achando ruim que mulher daqui da Chapada tem dinheiro, não é? É que mulher endinheirada é outro departamento: não escuta nem padre e nem pastor quando eles querem botar o povo “patrás”. Se aquiete. Ou quer que eu dê queixa ao bispo que some com nosso dinheiro todo ano depois dos festejos? E deixe nossos porcos e nossas galinhas em paz.

        –...
        – Aqui é a Chapada que deu certo depois de Lula! Eram três ruas de pobreza e miséria espremidas entre as beiradas das cercas das fazendas... Tem pobreza mais, não! Acabou! Muito simples. Todo velho, mulher e homem, aqui é aposentado. Toda mulher com menino pequeno tem Bolsa Família. Tá garantido o “dicumê” em toda casa. Passa fome mais não! Chegou “Luz para Todos”. Acabou-se o turvo, as trevas também. Entre nas casas. Só pura “linha branca”, do fogão à geladeira.  TV? Todo mundo tem, nada de televisinho! Isso tem nome padre, chama-se dig-ni-da-de. Tá entendendo?
        –...
        Quando comecei com a porcada, e faz cinco anos, pois foi desde quando voltei pra cá, era assim: cada mulher que quisesse levava um leitão e uma leitoa pra casa e eu dava o sustento dos bichos: cuim e milho. Dali pra frente, tudo o que nascesse era de meia. As matrizes, da mulher que cuidava. Um presente que dei a elas.

        –...
        – O mesmo com as galinhas caipiras. Criadas e cevadas, assim como os porcos,  no puro milho. Todo mundo quer comprar de nós. Galinha e porco orgânicos! É assim que vendo. Com esse nome, “merminho!” Com o sabor dos porcos e das galinhas de antigamente.
         –...
         – Estimulei o desejo das mulheres de ter o seu dinheirinho no bolso. E isso é pecado? Não sabia, não! Hoje, são quase cem mulheres trabalhando com isso: olhando porco e galinha de meia. A comida dos bichos e o veterinário, eu garanto! Temos pra mais de cem leitoas prontas para serem vendidas no Natal. Fora que os porcos em ponto de abate até dezembro, que são para mais de duzentos. Galinhas? Muitas, muitas e muitas.
        – ...
        – Então padre, vamos pra Brasília assistir a posse de Dilma por nossa conta! Feito gente, pois Lula fez dessas mulheres gente! Vamos prestigiar a primeira presidenta do Brasil. Ela merece. Vamos governar com Dilma. Ela vai precisar muito de nós. Pode até nem se dar conta que vai, mas vai! Vai ter uma hora em que ela vai se lembrar que quem recebe quase 100% dos votos de um lugar, ali tem apoio. Muito que bem que votamos em quem Lula escolheu, mas só votamos porque nós também achamos que era a escolha mais certa.
        –...
        – E a partir da próxima festa da capela, nem pense que vai sair daqui com saco de dinheiro, como é costume, não! O apurado na festa vai ficar aqui! Já elegemos até uma tesoureira pra nossa capela! É Maria Amélia. E isso é pra “Vosmicê” nunca mais falar mal de uma mulher na missa, como falou de Dilma, viu? Gravei, viu? E que tal se eu soltar o que tenho gravado de “Vosmicê” falando cobras e lagartos de nossa presidenta, tudo na base da mentirada? Pense num escândalo! Ninguém vai lhe acudir.
        –...
        – Não vai falar não? Então se cale, para sempre! E se comporte daqui pra frente. Não sou religiosa, não, como cê sabe muito bem. Nem de missa eu gosto. E me empenho nesses festejos daqui, que são os mais afamados da região, porque o povo gosta. E eu respeito. E meta a sua viola no saco, que já abusei de ver a sua cara em minha frente! Ô Cesinha, leve o padre até lá na porta, menino! Não tem hospedagem pra ele aqui, não! E que vá comer do bom e do melhor lá na “caixaprega”, na “baixa da égua”. É só escolher!
        –...
Chapada do Arapari, 09 de novembro de 2010


No interior do Brasil, adentrando as extensões semi-áridas da caatinga, há homens que ainda hoje conservam hábitos arcaicos, como o costume de tanger o gado por meio de um canto de nome aboio. O filme aborda a música, a vida, o tempo e a poesia dos vaqueiros do sertão.Direção: Marília Rocha 

73min | Brasil | 2005
Ficha técnica
Direção: Marília Rocha
Fotografia Super-8:
Leandro HBL
Fotografia DV: Leandro HBL e Marília Rocha
Produção: Helvécio Marins Jr. e Marília Rocha
Direção de Produção: Deile Vassalo e José Ferraz
Produtores Associados: Camila Groch, Daniel Queiroz e Diana Gebrim
Desenho de Som: Bruno do Cavaco
Mixagem e Trilha Sonora Original: O Grivo
Montagem: Clarissa Campolina
Direção de Arte: Fred Paulino
Pós-Produção: Daniel Daneliczin
Tipologia: Bruno do Cavaco
Prêmios
• Melhor longa-metragem brasileiro: 10º Festival Internacional É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários;
• Melhor trilha sonora e edição de som: 9º CinePE – Recife;
• Menção honrosa do Júri: FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental;
• Melhor realização: 10ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico.
• Melhor fotografia, melhor montagem e melhor trilha sonora: Festcinepacoti, Ceará, Brasil.
FONTE: www.mariliarocha.com/trabalhos/aboio/
Luiz LUA Gonzaga
www.luizluagonzaga.mus.br

20 comentários:

  1. Dona Lô entende do riscado. Um exemplar perfeito do lulismo. Vai dar o que falar. Virou dilmista ranzinza. Um conto político e lírico

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  2. Dona Lô é um número. Daqueles especiais. Ainda vai dar muito o que falar. O post é muito bonito e de muito bom gosto

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  3. Mama mia! Aguardando outros episódios de Dona Lô e suas mulheres, morrendo de rir. Dona Lõ vai ser de muita serventia pra presidenta Dilma Roussef, tenho certeza!!!!

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  4. Até chorei... Ficou um gostinho de quero mais.
    Uma ideia muito massa de criar Dona Lô, uma mulher com Dilma. Ela será mesmo muito valiosa para a partir da literatura falar por Dilma quando necessário. Parabéns!

    A PELEJA DA MULHER QUE ENFRENTOU O DIABO TRÊS VEZES E VIROU PRESIDENTA
    Toni Couto

    Eu vou contar pra vocês
    Nesse cordel nordestino
    Um causo danado de bom
    Que mudou nosso destino

    É a história de uma mulher mineira
    Companheira, guerreira e guerrilheira
    Que enfrentou o diabo três vezes
    E se transformou na primeira:

    A primeira mulher presidente
    Da democracia brasileira

    Todos sabem que o maldito
    Aquele que vem lá de baixo
    É chamado de sete-peles
    E não é mesmo por acaso

    Pois ele é especialista
    Na arte da conquista
    De enganar até o mais danado

    A primeira vez que essa mulher
    Se deparou com o desviado
    Ele se dizia o justo
    E que livraria o mundo
    Da subversão e do pecado

    Trazia um chicote na mão
    Muito ódio no coração
    E estava sempre fardado

    Quem antes era o feitor
    Também padre inquisitor
    Dessa vez, era soldado
    Com a missão de carrasco

    E esse carrasco prendeu
    Torturou, abusou e bateu
    Mas a mulher não se abateu
    Calada, tudo suportou
    E depois do carrasco cansado
    Gritou injuriado: "Mas que diabo!"
    E enfim, a mulher libertou

    Passaram-se muitos anos
    Até que ela superou
    Aquele momento terrível
    Da vida, que ela passou
    Agora, recuperada

    Topara nova empreitada:
    Ao lado do amigo companheiro
    Mudar o Brasil inteiro
    E melhorar a vida
    De milhões de brasileiros

    Mas, o cramulhão não se contenta
    E eis que, de novo, ele atenta
    Veio bufando, lá de baixo
    Perseguir a pobre mulher
    Só que dessa vez, em forma de doença

    Com o câncer, ela, assustou
    Mas, corajosa, não se abalou
    E, como uma boa brasileira
    Chamou médico e enfermeira
    E comeu o pão que o diabo amassou

    Eita mulher danada!
    Não é que ela foi curada!
    Mal saiu do hospital
    Apeou a mula e disse: "Estou preparada"

    E ao lado dos companheiros
    Topou uma nova jornada
    Ser a primeira mulé
    Depois do tempo dos coroné
    A comandar a peãozada

    Mas, foi longa, a cavalgada
    Que foi ainda prorrogada
    E o sete-peles, na calada
    Se preparava para a última cartada
    Na pele de um homem educado
    Bem vestido e mal acompanhado
    O diabo se apresentara:

    "Agora não tem pra ninguém!
    Ela é que é do mal, eu sou do bem!"

    No segundo tempo, do jogo
    O povo, que não é bobo, nem nada
    Não acreditou nessa palhaçada
    E o golpe de misericórdia
    Nessa alma mal lavada
    Foi uma bolinha de papel
    Que, ou veio direto do céu
    Ou foi, por ele mesmo, amassada

    "Cá, cá, cá, cá, cá!"
    O povo deu foi risada!
    Ele achava que era fácil
    Enganar o brasileiro
    Com esse monte de mentira deslavada

    Na hora do pleito final
    No embate entre o bem e o mal
    Com ajuda do amigo companheiro
    E a força do povo brasileiro
    Agora não tem mais jeito
    Nossa heroina venceu
    E diabo inconformado
    Teve que engolir calado
    Pegou o elevador e desceu

    E agora, essa mulher, a mineira
    Guerrilheira, sim, companheira e guerreira
    Depois de ter enfrentado
    Por três vezes, o diabo
    É a primeira brasileira
    A comandar nosso estado!

    E por esse sertão afora
    Chegando no mundo inteiro
    Ecoa um grito de glória
    E um sentimento verdadeiro:

    "Esta aí, presidenta, a vitória
    Nossa parte, fizemos primeiro
    Agora salve a nação nordestina
    E viva o povo brasileiro!"

    (01/11/2010)

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  5. Dona Lô é mesmo uma mulher com Dilma! Da primeira hora. Gostei até demais da conta.
    Muito criativa a ideia da personagem Dona Lô. Gosto de quem faz política com criatividade. Esse "cnto" é massa demais.

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  6. Num é só dona Lô que vai a Brasília, não. Somos muitas mulheres e homens de brio e de luta que iremos colocar nossa princesa no Palácio do Planalto, nessa terra que sempre foi ocupada por homens e a maioria, malvados. Com a proteção divina e o braço e o abraço de Lula, nordestino arretado que levantou o Brasil, vamos colocar a 1ª mulher-coragem, mulher-fortaleza na direção desta Pátria, que é o coração do mundo.

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  7. Arreeeeee éééégua, essa Dona Lô é uma criação brilhante. Conhecendo a criadora da criatura entendi que através da literatutra Fátima Oliveira vai ficar aqui na Chapada do Arapari pronta e firma para o que der e vier. Admiro quem tem esse dom e via literatura engajada produz ideias assim como a personagem Dona Lô.

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  8. Com Dilma, ajudantes de ordem da presidenta serão todas mulheres

    Atualmente, Lula conta com uma equipe só de homens, que cuida de carregar a mala até receber presentes inusitados
    Andréia Sadi, enviada a Seul

    Atualmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também conta com uma equipe de quatro auxiliares, todos homens, que o acompanham diariamente e em viagens, e são responsáveis por cuidar de detalhes pessoais do chefe de Estado - desde carregar a mala até receber presentes inusitadosde simpatizantes.

    "O presidente Lula já recebeu até prancha de surfe. Já perdi as contas", conta um ajudante do presidente. Todos os presentes do presidente ficam na documentação histórica, no Palácio do Planalto, onde são catalogados com informações de quem e quando o presidente o recebeu. A equipe se reveza entre si. Nas viagens, por exemplo, são dois a servico de Lula. Um ajudante segue viagem antes do presidente para preparar quarto e cuidar da burocracia de documentos e informações para Lula. Com o presidente, sempre o acompanha outro ajudante.

    Por conta do rodízio previsto na coordenação da equipe, a chefe das ajudantes de Dilma será uma comandante da Marinha e as demais serao das três Forças Armadas: Marinha, Aeronáutica e Exército

    Eleita presidenta da Republica, Dilma Rousseff tem dito nos bastidores que pretende ampliar a participação de representantes do sexo feminino no seu futuro governo. Mas não é só na estrutura ministerial que as mulheres deverão ter maior participação ao lado da presidenta eleita. No lugar de homens rodeando a ex-ministra da Casa Civil, Dilma terá a companhia de quatro ajudantes de ordens - todas mulheres.

    http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/com+dilma+ajudantes+de+ordem+da+presidenta+serao+todas+mulheres/n1237824429732.html

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  9. LIDERADO POR UMA MULHER, PALÁCIO DO PLANALTO TERÁ DE MUDAR ROTINA

    Cerimonial e até equipe de ajudantes de ordem terão de passar por reformulações para atender à presidenta eleita Dilma Rousseff
    Daniela Almeida, iG São Paulo, e Andréia Sadi, enviada a Seul

    Assim que Dilma Rousseff assumir a Presidência da República, as mudanças na rotina do Palácio do Planalto serão muitas. O protocolo a ser adotado em eventos, viagens nacionais e internacionais terá de ser adequado ao fato de a chefe de Estado do Brasil ser mulher e solteira. E se o reforço feminino no time que cercará Dilma é um desejo no que se refere à montagem do ministério, a equipe de ajudantes de ordens e seguranças será obrigatoriamente formada por mulheres.

    Em eventos internacionais, por exemplo, o fato de Dilma não ser casada muda toda a organização das recepções. Isso porque, quando um chefe de Estado visita um País, há duas programações: uma destinada ao presidente (ou presidenta) e outra ao cônjuge.

    Como não levará acompanhante, Dilma será recebida apenas pelo presidente do país em que estiver, em vez de ser recepcionada pelo chefe de Estado e a primeira-dama. “Ela não ter acompanhante complica, porque não tem ninguém para ajudar a ser recebido. É uma questão de equilíbrio e de não deixar ninguém em uma saia justa”, explica um diplomata do Cerimonial brasileiro.

    Mas, de acordo com integrantes da área responsável por preparar eventos oficiais, além de viagens nacionais e internacionais, nada impede que Dilma vá a jantares oferecidos pelas autoridades estrangeiras. “Ela pode ir sozinha. Basta preparar uma cabeceira de mesa com três pessoas e não quatro.”

    Com Dilma, ajudantes de ordem da presidenta serão todas mulheres
    Equipe de batom

    A equipe que cercará Dilma vai ganhar reforço feminino. Os ajudantes de ordens – responsáveis por providenciar qualquer coisa de que ela precise e por acompanhar a presidenta 24 horas por dia – será formada por quatro mulheres, duas oficiais da Marinha (uma que atuará na coordenação), uma do Exército e uma da Aeronáutica, como é de costume.

    Eleição vai demandar várias mudanças no protocolo em viagens internacionais
    São elas que vão carregar o chamado kit sobrevivência de Dilma, com toalha, remédios, água e o que mais for preciso. Elas cuidarão ainda da roupa da presidenta, organizarão seu quarto em viagens, antes da chegada da chefe de Estado, e receberão presentes inusitados de simpatizantes. A equipe se reveza. Nas viagens são dois a serviço da presidenta. Um ajudante segue viagem antes para preparar quarto e cuidar da burocracia de documentos e informações. Outro acompanha o presidente.

    Na segurança presidencial, sempre há oficiais mulheres, mas esse contingente também deverá aumentar. Segundo funcionários do Palácio, já está aberto o processo de seleção de uma segurança feminina para estar sempre ao lado de Dilma. “É preciso uma mulher para vistoriar, por exemplo, o banheiro que a presidenta for usar, ou para poder entrar em qualquer lugar em uma situação de perigo.”

    Toque feminino

    Responsável pela organização e conferência do quarto de Dilma em situações de viagem dentro e fora do País, os integrantes do cerimonial brasileiro precisarão ter agora um olhar feminino para a questão. Se a preocupação antes era garantir sempre uma antesala separada do quarto para recepcionar pessoas, cuidados com itens como secador passam a fazer parte do check list dos servidores.

    “Não vai ser a mesma avaliação. Depende muito do gosto pessoal do presidente, na verdade”, avalia um integrante do gabinete cerimonialista. O presidente Lula, por exemplo, não passa sem um café expresso, é super vaidoso com suas roupas e segue uma alimentação recomendada pelo médico da Presidência. Os preparativos, no caso de Dilma, deverão ser feitos de acordo com a preferência da presidenta.

    http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/liderado+por+uma+mulher+palacio+do+planalto+tera+de+mudar+rotina/n1237825016548.html

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  10. O blogeu Tá lubrinando – escritos da Chapada do Arapari e Dona Lô, merecem um poema de Lilia Diniz, arretada poeta maranhense.

    ESTRUME
    Lilia Diniz

    O que aduba
    meu pé de poesia
    é o estrume do boi
    marcado a fogo
    que rumina versos
    contra o opressor

    É o bagaço da cana
    moída no engenho de ferro
    que traz no gosto da rapadura
    o amargor de vidas
    também moídas

    São as toras dos babaçuais
    estendidas ao chão
    pelo machado da ganância
    que devasta não apenas florestas
    derruba Chicos, Josimos,
    Margaridas...
    O que fez brotar e alimenta
    meu pé de poesia
    é a certeza que esses
    versos em flor
    romperão cercas
    fecundarão roçados
    e saciarão barrigudas
    famintas de
    justiça
    terra e
    pão


    [Miolo de Pote em Cantigas e Versos]
    http://lilia-diniz.blog.uol.com.br/

    NOVO BLOGUE DE LILIA DINIZ
    SetanejareS
    http://sertanejares.blogspot.com/

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  11. Parabéns pelo Blog e a qualidade dos textos. Prometo que vou passear por ele muitas vezes. Nossa companheira Dilma vai precisar de toda nossa força para enfrentar as dificuldades e a má-vontade de muitos inconformismos com a derrota do candidato apoiado pela diretona.
    Glaisson Costa

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  12. Dona Lô é um número!

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  13. Li o novo de Dona Lô, que achei fabuloso, um modo bem simples e real de tratar do assunto aborto. Voltei para reler como Dona Lô entrou em cena.
    Fátima, quanta criatividade! Dona Lô vai bombar lá da Chapada do Arapari acompanhando a política brasileira. Eita ferro!

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  14. Fátima, Quando li Dona Lô, me vi um pouco nessa mulher. Que Deus nos ajude a ajudar Dilma a tornar nosso Brasil cada vez melhor !!! De minha parte estarei com Dilma em Brasilia, Me sinto uma das 45....
    Viva a força e a coragem do povo Brasileiro
    Silvia (DF)

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  15. Dorotéia Nascimento Gusmão16 de novembro de 2010 às 16:18

    Gennnnnnnnnnnnnnnnnte, amei Dona Lô. Tem a verve cortante e a doçura e firmeza de e sua criadora.Também estou com Dilma e não abro

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  16. Dona Lô é dez! EStou com ela e não abor

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  17. sábado, 11 de agosto de 2007

    ABIO ÊÊ BOIADA!

    Aboio. De gargantas límpidas escondidas por um pescoço retorcido e enrrugado pelo tempo entoa o canto triste para o boi manso, boi bonito. Em uma época onde não existia currais e nem cercas esses homens cantavam mais, estavam lado a lado com aqueles fiéis companheiros de estrada. A simplicidade de um vaqueiro, que ignora a mais valia traduzida em uma vida dura, tem como alegria maior arreiar um cavalo e com ele sair cortando o mato seco e retorcido do sertão. Tempo que se foi adentrando o universo roseano. ALine

    O FILME: Aboio é um documentário mineiro dirigido por Marília Rocha, que retrata um canto tradicional dos vaqueiros, usado para conduzir o gado. Vencedor da edição 2005 do Festival É Tudo Verdade, ganhador de dois prêmios no Festival do Recife, e selecionado para exibição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o filme faz um mergulho poético na cultura dos vaqueiros, ao invés de se fixar em dados estatísticos, históricos e geográficos. O filme ainda é inédito nos cinemas brasileiros mas foi exibido ontem, dia 25/08, no Usina pelo INDIE 2005. Fonte: Rede Minas de Televisão

    ABOIO: O aboio típico no Nordeste do Brasil é um canto sem palavras, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado para os currais ou no trabalho de guiar a boiada para a pastagem.

    É um canto ou toada um tanto dolente, uma melodia lenta, bem adaptada ao andar vagaroso dos animais, finalizado sempre por uma frase de incitamento à boiada: ei boi! boi surubim!, ei lá, boizinho!

    Esteja atrás (no coice) ou adiante da boiada (na guia) o vaqueiro sugestiona o gado que segue, tranqüilo, ouvindo o canto.

    No sertão do Brasil é sempre um canto individual, entoado livremente, sem letras, frases ou versos a não ser o incitamento final que é falado e não cantado. Os que se destacam na sua execução são apontados como bons no aboio.

    Existe também o aboio cantado ou aboio em versos que são poemas de temas agropastoris, de origem moura e que chegou ao Brasil, possivelmente, através dos escravos mouros da ilha da Madeira, em Portugal, país onde existe esse tipo de aboio.
    Segundo Luís da Câmara Cascudo, o vocábulo aboio é de origem brasileira, sendo levado para Portugal, uma vez que lá aboio significava pôr uma bóia em alguma coisa.

    O aboio não é divertimento é uma coisa séria, muito antiga e respeitada pelo homem do sertão.

    Pode aboiar-se no mato, para orientar os companheiros dispersos durante as pegas de gado, sentado na porteira do curral olhando o gado entrar e guiando a boiada nas estradas. Serve para o gado solto no campo, assim como para o gado curraleiro e até para as vacas de leite, mas em menor escala, porque nesse caso não é executado por um vaqueiro que se preze e tenha vergonha nas ventas.

    O escritor José de Alencar, no seu livro O sertanejo, diz do ritual do aboio: Não se distinguem palavras na canção do boiadeiro; nem ele as articula, pois fala do seu gado, com essa linguagem do coração que enternece os animais e os cativa.



    Aboio
    Cravo não me chame rosaque meu tempo se acabô,me chame laranja verde,do lado que não vingôÔ, ô, ô...
    * * *
    Deus salve casa santa,onde Deus fez a morada,Deus salve calix bentoe a hóstia consagrada,ô, ô, ô
    * * *
    Ô lá de cima daqueles arescaia ráio, curisco e trovãoem cima de quem paga firmezacom ingratidão(ARAÚJO, Alceu Maynard; ARICÓ JÚNIOR. Cem melodias folclóricas)

    Extraído de EScritus Infinitus
    http://escritusinfinitus.blogspot.com/2007/08/aboio-boiada.html

    Com um abraço do José Alcestes

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  18. Não há quem pague uma alegria dessas.Estaremos lá Dona Lô

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  19. Fátima, Dona Lô é mulher marrenta, retada das boas. Vixe Maria!
    Tô chegando na Chapada dos Arapari para comer batata-doce com leite.
    Vamos prosear e lamber os beiço.
    Um cheiro.

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