Fátima
Oliveira
Médica
- fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Uma prefeitura amiga do povo é aquela que tem como
objetivo central governar para todas as pessoas, mas que adota a equidade como
norte: busca diminuir o fosso que separa as assimetrias da cidade dos ricos e
remediados da cidade dos quase sem nada, onde vivem as pessoas despossuídas até
dos direitos básicos de cidadania, cuja maioria expressiva, além de pobre, é
também racialmente segregada.
Em “O novo cenário nacional das eleições municipais de
2016”, escrevi: “o que faz sentido é indagar o que queremos da futura
administração da cidade, pois todo município é, no mínimo, dois, e o caminho da
cidadania implica diminuir o fosso que separa um do outro, adotando a equidade:
mais para quem precisa de mais” (O TEMPO, 6.9.2016).
[Periferia, Sergio Simonetti (S.Simonetti)]
(Adriano Dias)
Governar com equidade é, na prática, ter o cuidado,
que é um balizador da atenção, para com as crianças, as mulheres e as pessoas
idosas como um dever, estabelecendo um pacto contra maus-tratos e a morte
evitável dos setores mais vulneráveis de uma sociedade... A centralidade que
dou à atenção à saúde pode parecer um viés médico pelo fato de que sou médica,
mas não é! Compreendo que o primeiro direito básico de quem nasceu vivo é
sobreviver em plenitude – garantida a sobrevivência, surgem necessidades de
usufruir dos demais direitos.
Destacando que a morbimortalidade neonatal, infantil e
materna deve ser uma prioridade do cuidado num país como o Brasil, onde a
desigualdade de acesso aos serviços de saúde é a regra – apesar do princípio de
universalidade do SUS –, relembrando que o direito de não morrer antes do tempo
e o direito de morrer com dignidade também integram a luta pelo direito à
saúde.
(Sebah Nunes)
"Amontoados" - (Fotografia de Instalação com pedras portuguesas pintadas) - Alex Brasil
Artista brasileiro contemporâneo
Gastão Wagner de Souza Campos, presidente da Abrasco,
em “Desafios para os prefeitos na área da saúde” (“Le Monde Diplomatique
Brasil”, 11.9.2016), afirmou que “precisamos restaurar a capacidade de governo
da cidade centrado nas pessoas e na sustentabilidade. Cidade para as pessoas:
áreas verdes, urbanização de bairros degradados, áreas de lazer, de esporte.
Prioridade ao pedestre, e não aos automóveis; primeiro, transporte público”. E
arrematou: “Um compromisso central é com o incentivo à institucionalização de
formas de democracia direta e de participação cidadã. Uma nova cultura para a
gestão pública no Brasil”. O que corrobora o que declarei em “O novo cenário
nacional das eleições municipais de 2016”, que o Executivo municipal precisa
“revitalizar os conselhos locais e municipais de saúde, como trincheiras
excepcionais de luta popular, tendo o controle social como polo de aglutinação,
sobretudo contra a ‘prefeiturização’ deles, como tem sido a regra geral pelo
país afora!”.
Especificamente sobre atenção à saúde, o presidente da
Abrasco disse que “a prioridade em saúde diz respeito à extensão, para pelo
menos 80% dos munícipes, da estratégia de Saúde da Família. Em segundo lugar,
as plataformas eleitorais devem apontar a necessidade de assegurar acesso aos
serviços hospitalares, de urgência e especializados para todos que deles
necessitarem. Outra prioridade é a saúde pública. Os prefeitos devem apresentar
estratégia para enfrentamento das dengue, chikungunya e zika... Ainda há 42%
dos domicílios sem acesso a esgoto. Há um programa para ampliar essa cobertura
mediante o investimento de R$ 15 bilhões/ano durante cinco anos consecutivos. A
epidemia de dengue tem na falta de saneamento um dos seus fatores
determinantes”.
As prefeituras, quando querem, podem fazer muito pela
nossa cidadania; portanto, votemos pela cidadania em 2 de outubro.
PUBLICADO
EM 13.09.16
(Meninos brincando, Cândido Portinari)
FONTE: OTEMPO
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