(DUKE)
Fátima
Oliveira
Médica
- fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Agosto se foi. Espero que tenha levado seus miasmas
lendários da política brasileira que deixam todo mundo de orelha em pé à espera
de alguma catástrofe.
Até eu, que não sou dada a superstições, diante do
fundamentalismo que se espraia e do fascismo que se aninha, escrevi: “Para
especular sobre o que agosto trará na política brasileira, urge recorrer à
psicologia do jagunço. Há seis meses, o Brasil vive sob a batuta do sistema
jagunço, sem que as forças políticas constituídas pelo voto popular esbocem qualquer
coisa que possa ser chamada de resistência.
“A impressão é que se quedou ao jaguncismo político
até quem não concorda com suas práticas brutas. O jaguncismo mete medo. Vivemos
dias de muita tensão. E, pior, não aparece saída no horizonte” (“Sobreviver ao jaguncismo exige arte e muita manha”, O TEMPO, 21.7.2015).
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Agosto se foi, sem catástrofes políticas. Não por
falta de tentativas dos inconformados com a perda da disputa à Presidência da
República em 2014. Fustigaram por todos os meios, inclusive criando um clima de
sugestão ao suicídio da presidenta Dilma Rousseff – atitude cruel e criminosa,
pois a indução ao suicídio é crime!
Há
luz no fim do túnel. Já sinto alguma calmaria no cotidiano. É a democracia se
impondo, obrigando ao perdedor das eleições a “pendurar a alma no varal” e
esperar o próximo pleito!
Quem luta por cidadania começa a juntar os cacos de
esperança e a renovar as energias para novas batalhas, que forçosamente
precisam saber interpenetrar as lutas de classes, contra o patriarcado (a opressão
de gênero) e contra o racismo. Estava certo o poeta maranhense Gonçalves Dias
quando poetou que “viver é lutar!”.
O que vivenciamos de janeiro até agora encerra muitas
lições para quem quer aprender. Uma delas é que a luta de classes está viva, se
move para manter o status quo de exploração/opressões e pode se apresentar em
qualquer de suas múltiplas faces. É essencial que saibamos reconhecê-la. Em
especial nos momentos eleitorais é vital que saibamos vislumbrá-la para
derrotá-la.
Recordemos o contexto do segundo turno das eleições
presidenciais de 2014: “Aqui, os lances da travessia do Rubicão esgarçaram
limites civilizatórios. Caberá ao povo dizer o que deseja das duas propostas em
debate: se uma pátria mátria, acolhedora e inclusiva, ou uma pátria meritocrática,
à moda das capitanias hereditárias.
“Apesar da transparência das propostas, escolher não
será fácil, posto que a pátria meritocrática está envolta pelas neblinas de
Siruiz, que é o discurso ‘o nosso povo merece mais’, logo, ‘eu vou fazer mais e
melhor’, estribado na fé do Estado mínimo e cada vez menor!” (“À beira do Rubicão plantei lavandas para Dilma Rousseff”, O TEMPO, 21.10.2014). Dilma
ganhou as eleições!
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A lição mais imediata é que, na democracia, quem diz
quem ganhou é o voto na urna. E quem não respeita o resultado das urnas não
pode ser considerado alguém em pleno uso de suas faculdades mentais, sobretudo
quando tenta tocar fogo e paralisar o país, em evidente desrespeito à vida do
povo: aos parcos direitos duramente conquistados em lutas titânicas, muitas até
seculares.
Ao fim e ao cabo, tentam destruir a paz possível nos
marcos da sociedade capitalista desigual numa República laica e democrática,
reconquistada com sacrifícios de muitas vidas depois de 21 anos de arbítrio
(1964-1985).
Sim, direitos conquistados, porque governo não dá nada a ninguém! Quando muito, respeita as conquistas, se é um governo patriótico que
referenda a caminhada que o povo tem feito por mais cidadania.
PUBLICADO
EM 01.09.15
FONTE: OTEMPO
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