(DUKE)
Fátima
Oliveira
Médica
- fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Ao ver gente nas ruas pedindo a volta da monarquia e
da ditadura militar, e lamentando que a ditadura não tenha matado todos nós,
que lutamos contra ela, o que bate fundo em quem ama a liberdade e considera a
democracia o único horizonte político para a cidadania plena e o único caminho
que permite a luta das pessoas despossuídas pelo direito de viver com dignidade
é que há algo fora de foco no fazer política partidária em nosso país.
Arrisco-me a dizer que nossos governantes maiores
(Presidente da República e governos estaduais) não têm cumprido um dever
essencial: vincar os valores republicanos nos corações e nas mentes da nossagente. Tarefa dificílima, pois na conjuntura de permanente luta de classes, que
se entrecruza com outras opressões, como a de gênero e a racial/étnica, e sob o
domínio ideológico da burguesia, a democracia como realidade não é fácil de ser
fortalecida e consolidada.
Num país capitalista, governos que não são 100%
puro-sangue das classes dominantes (leia-se: ricos) locais e mundiais, que
ensaiam (eu disse: ensaiam!) compromissos mínimos em minorar as opressões (de
classe, de gênero e racial/étnica), jamais serão do agrado dos ricos, que são
contra toda e qualquer política social que diminua a miséria e supere a vida de
gado pé-duro que o povo leva.
A história já demonstrou que governos de tal naipe são
sempre perseguidos. Por que imaginar que no Brasil seria diferente? E o
argumento é único: acusação de corrupção – seja real ou imaginária –, um
problema endêmico mundial, que obrigou a ONU a elaborar a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (31.10.2003), da qual o Brasil é signatário e é um
dos países que mais criaram instrumentos para coibir e apurar corrupção.
Faço minhas as palavras de Janio de Freitas, "Em nome da democracia": “O que está sob ataque não é mandato algum, são as regras da
democracia e, portanto, a própria democracia que se vinha construindo. “Não há
disfarce capaz de encobrir o propósito difundido por falsos democratas
instalados no Congresso e em meios de comunicação: reverter a decisão eleitoral
para a Presidência sem respeitar as exigências e regras para tanto fixadas pela
Constituição e pela democracia” (“FSP”, 16.8.2015).
Repito: o PT é o único partido socialdemocrata do
Brasil, e não aquele que tem a social-democracia no nome. O grande propósito do
PT sempre foi gerenciar a crise do capitalismo. Só se enganou quem quis. O modo
petista de governar é um gerenciamento mais humanizado das mazelas do
capitalismo via políticas públicas. O PT se credenciou como um caminho para
mais democracia e com o compromisso de melhorar a vida do povo. E até agora não
“amarelou” demasiadamente, desde que assumiu a Presidência da República em
2003.
E é por não ter “amarelado” que as ideias da grande
burguesia nacional e aquilo de que falávamos tanto, o imperialismo (sim, está
vivíssimo), em suas diferentes vestimentas – desde o liberalismo selvagem ao
fascismo e ao fundamentalismo religioso –, materializam-se em desejo de
expurgar Dilma Rousseff, legitimamente eleita, do governo. Tudo devidamente
embalado com vieses sexistas inimagináveis.
A burguesia internacional sempre soube que o PT nem
socialista é, mas esperneia para tomar o poder e entregá-lo aos seus capachos
da burguesia nacional, porque não tem repertório suficiente nem para conviver
com o progresso social. Cazuza acertou: “A burguesia fede!”.
PUBLICADO
EM 18.08.15
FONTE:
OTEMPO
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