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terça-feira, 11 de março de 2014

Sem misericórdia para com as Santas Casas brasileiras

05 (DUKE)
Vivem passando o pires, sob a alegação de que vão fechar
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
 
 
Defendi, no Twitter, o #PelaEstatizaçãodasSantasCasas, por conta dos prováveis roubos na Santa Casa do Rio de Janeiro. Para o desembargador Gama Malcher, “Foi um rombo monstruoso”: o provedor Dahas Zarur vendeu 248 imóveis da instituição, inclusive túmulos nos cemitérios que controla, e ficou com a grana (“O Globo”, 5.3.2014).
 
  Dahas Zarur foi para a Santa Casa do Rio de Janeiro em 1953; lá virou advogado e administrador de empresa; em 1967, chegou a diretor geral; e, em 2004, a provedor. Disse o desembargador: “É inacreditável... Nos contam histórias de arrepiar. O dinheiro saía da Santa Casa em sacolas de supermercado”. Os fatos colocam sob suspeição a administração das Misericórdias do Brasil, que merecem uma devassa, pela importância que elas têm para o SUS.
Há indícios de falcatruas em demasia, desde que algumas são propriedades familiares às eternas declarações de contas no vermelho: “passam o pires”, desde o Brasil Colônia, no governo – uma contradição, pois não há provedor de Santa Casa pobre, em geral são muito ricos e elas, um sumidouro de dinheiro público!
 
 
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: «Saúde por uma boa causa»
D. Leonor de Lencastre  Foram criadas, em 1498, pela rainha d. Leonor de Lencastre, viúva de d. João II, inspiradas nas Santas Casas da Misericórdia de Florença, fundadas em 1244 por são Pedro Mártir. Sob o compromisso das 14 obras da misericórdia, eram instituições privadas laicas, porém cristãs, e caritativas, para assistir a pobres doentes e presos, expandidas depois para cuidar de crianças órfãs e abandonadas.
Nos primórdios, administradas pelos irmãos da misericórdia (Irmandade ou Confraria da Misericórdia), porém com manutenção da caridade pública e dos governos. O governo português delegou às Santas Casas o direito e controle único dos jogos de azar, chegando ao século XX donatárias de vultuosos recursos das loterias. Em solo português, são cerca de 400, excluindo a de Lisboa, estatizada em 1843, talvez por falcatruas! A ideia aportou no Brasil em 1543, quando Braz Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia de Santos!
 
 
  (Braz Cubas)

 
Recebem do SUS, têm
as isenções tributárias
da filantropia. A
maioria vive na Justiça
do Trabalho. É a
cultura de não pagar
pelo trabalho necessário.


 
O site da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) afirma que hoje elas “somam mais de 2.500 e são responsáveis por cerca de 50% dos leitos hospitalares do país”. A CMB existe desde 10.11.1963 e a Confederação Internacional das Misericórdias, desde 1978, pois estão na Índia, China, nas Filipinas, no Japão e são mais de 400 na Europa.
Ventila-se que as Santas Casas respondem por 50% da assistência à saúde pelo SUS. Sem elas, o SUS ficaria em maus lençóis! Não entendo: recebem pelos serviços prestados ao SUS, têm as isenções tributárias da filantropia e contas perdoadas pelo governo. A maioria vive na Justiça do Trabalho, herança do modus operandi na escravidão: eram senhoras de escravos e recebiam muitos de doações. É a cultura de não pagar pelo trabalho necessário. Jamais pediram perdão!
Escrevi em “Paralelos entre o SUS e a tragédia de William Shakespeare”: “Ninguém nega que, por aqui, abaixo de Deus, só as Santas Casas. Mas vivem passando o pires no governo, sob alegação de que vão fechar as portas. Isso tem nome, que nem preciso dizer... Tem razão o meu leitor: tais instituições não são mais de caridade; recebem por procedimentos feitos – aquilo que você já ficou rouca de dizer: o grande mérito do SUS foi acabar com o indigente da saúde. E é verdade: não há mais indigentes, há perambulantes...” (O TEMPO, 23.8.2011). Sem dúvida, há algo de podre no reino das Santas Casas a exigir providências, inclusive divina.
 
PUBLICADO EM 11.03.2012
  (Pintura da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, sem data).



 FONTE: OTEMPO



6 comentários:

  1. Ai Fátima Oliveira, vc foi no gogó das Santas Casas. Eu também defendo uma devassa na administração delas. Quato a precisar estatizar, só o tempo dirá

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  2. Fátima Oliveira, cuidado com o pitbul do Abdon Murad, viu? Os Murada são donos da Santa Casa, Há 3 gerações, mais de 60 anos, mas ninguém sabe como eles a tomaram da Irmandade da Misericórdia

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  3. Aqui em São Luís a Santa Casa é da família Murad desde a década de 1950. Não tem nada de caridade. Alguns leitos são pelo SUS, mas se não tiver dinheiro para pagar não entra lá. Os Murad também são donos do Cemitério do Gavião, mas todo mundo pensa que é da prefeitura. Dr. José Murad, o primeiro Murad provedor, foi vice-governador de Nunes Freire, também médico. Os Murad são podres de ricos. E sõ grudadinhos em Sarney. Unha e carne.

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  4. AS DEZ PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES NO BRASIL 1539 - Santa Casa de Misericórdia de Olinda (PE) 1543 - Santa Casa de Misericórdia de Santos (SP) 1549 - Santa Casa de Misericórdia de Salvador (BA) 1582 - Santa Casa do Rio de Janeiro (RJ) 1551 - Santa Casa de Vitória (ES) 1599 - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SP) 1602 - Santa Casa de Misericórdia de João Pessoa(PB) 1619 - Santa Casa de Misericórdia de Belém (PA) 1657 - Santa Casa de Misericórdia de São Luís (MA) 1792 - Santa Casa de Misericórdia de Campos (RJ)

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  5. Outros Tempos Volume 5, número 6, dezembro de 2008- Dossiê Religião e Religiosidade

    A IRMANDADE DA MISERICÓRDIA: disputas pelos ritos fúnebres e urbanização em
    São Luís na segunda metade do século XIX
    Carlos Henrique Pinto da Silveira
    Graduado em História pela UEMA
    e-mail: henriquestipe@hotmail.com


    RESUMO: Este trabalho tem por objetivo discutir as relações entre a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
    e os órgãos administrativos da Província do Maranhão, assim como a política de disputa pela construção e
    manutenção de cemitérios entre as irmandades religiosas da cidade de São Luís, entre os anos de 1830 e 1870,
    período de maior difusão de um discurso médico higienista importado da Europa, que tinha como meta principal
    a urbanização e higienização dos espaços das cidades, configurando-se num dos grandes paradigmas das
    autoridades médicas e políticas do Império brasileiro.
    Palavras-chave: Irmandade da Misericórdia – cemitério – disputa - discurso higienista.

    http://www.outrostempos.uema.br/OJS/index.php/outros_tempos_uema/article/viewFile/205/144

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  6. Falou pouco e disse tudo

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