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terça-feira, 25 de março de 2014

Clarinha, a decidida, e o "'tibungo' dentro do berço"!

 (Fátima Oliveira e Clarinha)
Aprenderam a ouvir passarinhos, deitados em minha cama
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_

 
Em “A arte de ser avó”, uma crônica bela e polêmica, Rachel de Queiroz diz: “Netos são como herança. Você ganha sem merecer... E, quando você vai embalar o menino, ao som de ‘passarinho como vai’, ele, tonto de sono, abre os olhinhos e diz ‘Vovó’, seu coração estala de felicidade como pão de forno”.
 
 (Lucas e Luana, Cavalgada, dezembro, 2008)
 (Luana, comandando Cavalgada, Haras Bella Vista, dezembro 2008)
[Luana, Débora e Lucas, no Haras da Fazenda Bella Vista, Brumadinho-MG (setembro de 2010)]

 
Luana, quando pequena, adorava ver as “joias da vovó” – um mar de bijuterias e pouquíssimas joias. Devo ter dito que seriam delas quando eu morresse. Um dia perguntou: “Lucas, quando a vovó vai morrer?”. Ele: “Ô Luana, a vovó não vai morrer!”. Ouvi e gargalhei. Comigo aprenderam a ouvir passarinhos, deitados em minha cama após o almoço; a amar cavalos e a cavalgar. E quando os vejo galopando um mangalarga marchador, fico só felicidade.
 
 
(Cachinho de Clarinha, março 2014)
 
 
Há umas duas semanas, recebi da Lívia uma foto de um cacho de cabelo enorme pregado numa agenda: “Olha o que Maria Clara fez na escola!”. Respondi: “Quer dizer que a professora cortou o cachinho?”. Ela: “Não, mãe! A própria Maria Clara. E falou pra professora que cortou porque o cachinho a estava atrapalhando de pintar”. Passei a relembrar outros momentos de Clarinha, a decidida, e constatei que ela, com 4 anos, já tem a manha para resolver problemas. Não dá voltas na pedra do caminho, retira-a!
 
 
 (Inácio e Clarinha, Beagá, janeiro 2014)

Nas férias de janeiro passado, Inacim estava “pintando e bordando” na sala, quando Clarinha bradou: “Moleque saliente, vou te pegar de jeito! Se comporta, Inacim! Não vou deixar mais você vir pra casa da vovó!”. Débora, a mãe do Inacim: “O que é isso, Clarinha? A mamãe é avó dele também! Tá pensando que manda aqui, é?”. Ela: “Hum-hum. A vovó deixa eu mandar um pouco aqui também!”.

 
(Inácio e Clarinha, Beagá, janeiro 2014)

 
Um dia de faxineira, as mães saíram dos quartos no “ponto de rua”: “Mãe, vamos à Galeria do Ouvidor!”. Eu: “Vão levar as crianças?”. Lívia: “Nãããão! É rapidinho. Voltaremos para o almoço”. Entendi o trampo do dia. Espiei na geladeira o que havia para uma comida rápida, passei a mão na molecada e fomos pra pracinha, onde ficamos até umas onze e trinta.
 
Devo ter dito que
seriam delas quando
eu morresse. Um dia
perguntou: “Lucas,
quando a vovó vai
morrer?”. Ele:“Ô Luana,
a vovó não vai morrer!”. 
 
 
Fiz o almoço com o Inácio (1 ano e 6 meses) zanzando pela cozinha, sinal de que estava “morto de fome”. O espaço era reduzido, pois a faxineira estava “faxinando” a sala... Pedi à Clarinha que distraísse Inácio entre a copa, o corredor e o quarto dele. Até que ela tentou, mas ele corria para a cozinha depois de jogar nela um pau de proteção da porta. “Vovó, Inacim tá me batendo”. Eu: “Se vira, Clarinha, não deixa... Você é bem maior que ele...”. Ela: “Mas, vovó, esse moleque é danadinho...”.
Dei uma dura nela: “Tem de me ajudar! Vá brincar com Inácio na copa e no quarto de vocês! Vovó está terminando de fazer o almoço...”. Ela: “Tá booom!”. E, quando ela diz “tá bom”, podemos confiar que está concordando e vai fazer. Eu a ouvia dizendo que ele não viria mais pra casa da vovó. E tascava: “Moleque saliente, vou te pegar de jeito!”.
De repente, calmaria. Ela entrou na cozinha, colocou uma mão na cintura e, com a outra balançando, falou: “Botei o moleque dentro do berço!” (Ela, com 4 anos, pesava 18 kg; Inácio, 1 ano e 6 meses, pesando 10 kg). Assustada, saí correndo pro quarto e lá estava Inácio todo sorridente pulando dentro do berço... Foi um alívio!... “Clarinha, como colocou Inácio no berço?”.
Ela, de cócoras ao lado do berço, disse-me: “Assim... Peguei e fui empurrando, empurrando... e ele ‘tibungo’ dentro do berço!”. Olhei para Inácio todo pimpão e indaguei: “De cabeça, Clarinha?”. Ela, balançando a cabeça e fazendo beicinho sorridente, falou pausadamente: “De ca-be-ça, vovó!”. Caímos na risada... Inacim também!
 

 (Inacim, no adorado caminhão que ganhou da vovó, Porto Alegre, 2013)
PUBLICADO EM 25.03.14   
 
(DUKE)
FONTE: OTEMPO

8 comentários:

  1. Clarinha tá puxando a quem? rsrsrsrsrsr é neta de peixa, peixinha é srrsrsrsr

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  2. Meu Deus, como ri! Clarinha é genialmente decidida. Essa de cortar o cachinho trapalhão e a do tibungo dizem tudo

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  3. Que crônica das mais gostosas! Fátima a gente conhece a árvore desde bem pequena. Clarinha é iluminda e decidida, benzadeus! Como a avó, vai lá e faz o que tem de fazer. E ponto final! Mas Inacim tem cara de menino danadinho mesmo, como disse a Clarinha. E adorei ouvir a frase (mais maranhense impossíve)l, "MOLEQUE SALIENTE, VOU TE PEGAR DE JEITO!"

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  4. Muito linda a crônica, Clarinha é uma menina que vive de a fato a infância, e Inacim um menino feliz, eles até se parecem.

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  5. Bela crônica, Clarinha é uma menina que vive de fato a infância.E o Inacim é um menino feliz, eles até se parecem.

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  6. Que vovó linda e babona! Aliás, vó que não é babona, não está com nada. Clarinha é dez! Inacinho tem jeito de que também vai ficar nota dez

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  7. Eu tive uma avó assim que nem você é para os seus netos. A gente nunca esquece!
    AClarinha é uma danadinha também, né só o "Moleque saliente, vou te pegar de jeito", não! rsrsrsrsr

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  8. Eita que uma vó dessa a gente leva no coração pra vida toda..
    Que bom que VOCÊ é a avó do meu filho.. que sorte ele tem!
    Orgulho de ser sua filha, pretinha..
    Amor,
    Binha <3

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