Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
Em “A arte de ser avó”, uma crônica bela e polêmica,
Rachel de Queiroz diz: “Netos são como herança. Você ganha sem merecer... E,
quando você vai embalar o menino, ao som de ‘passarinho como vai’, ele, tonto
de sono, abre os olhinhos e diz ‘Vovó’, seu coração estala de felicidade como
pão de forno”.
(Luana, comandando Cavalgada, Haras Bella Vista, dezembro 2008)
[Luana, Débora e Lucas, no Haras da Fazenda Bella Vista, Brumadinho-MG (setembro de 2010)]
Luana, quando pequena, adorava ver as “joias da vovó”
– um mar de bijuterias e pouquíssimas joias. Devo ter dito que seriam delas
quando eu morresse. Um dia perguntou: “Lucas, quando a vovó vai morrer?”. Ele:
“Ô Luana, a vovó não vai morrer!”. Ouvi e gargalhei. Comigo aprenderam a ouvir
passarinhos, deitados em minha cama após o almoço; a amar cavalos e a cavalgar.
E quando os vejo galopando um mangalarga marchador, fico só felicidade.
Há umas duas
semanas, recebi da Lívia uma foto de um cacho de cabelo enorme pregado numa
agenda: “Olha o que Maria Clara fez na escola!”. Respondi: “Quer dizer que a
professora cortou o cachinho?”. Ela: “Não, mãe! A própria Maria Clara. E falou
pra professora que cortou porque o cachinho a estava atrapalhando de pintar”.
Passei a relembrar outros momentos de Clarinha, a decidida, e constatei que
ela, com 4 anos, já tem a manha para resolver problemas. Não dá voltas na pedra
do caminho, retira-a!
Nas férias de janeiro passado, Inacim estava “pintando e bordando” na sala, quando Clarinha bradou: “Moleque saliente, vou te pegar de jeito! Se comporta, Inacim! Não vou deixar mais você vir pra casa da vovó!”. Débora, a mãe do Inacim: “O que é isso, Clarinha? A mamãe é avó dele também! Tá pensando que manda aqui, é?”. Ela: “Hum-hum. A vovó deixa eu mandar um pouco aqui também!”.
(Inácio e Clarinha, Beagá, janeiro 2014)
Um dia de faxineira, as mães saíram dos quartos no
“ponto de rua”: “Mãe, vamos à Galeria do Ouvidor!”. Eu: “Vão levar as
crianças?”. Lívia: “Nãããão! É rapidinho. Voltaremos para o almoço”. Entendi o
trampo do dia. Espiei na geladeira o que havia para uma comida rápida, passei a
mão na molecada e fomos pra pracinha, onde ficamos até umas onze e trinta.
Devo ter dito que
seriam delas quando
eu morresse. Um dia
perguntou: “Lucas,
quando a vovó vai
morrer?”. Ele:“Ô Luana,
Fiz o almoço com o Inácio (1 ano e 6 meses) zanzando
pela cozinha, sinal de que estava “morto de fome”. O espaço era reduzido, pois
a faxineira estava “faxinando” a sala... Pedi à Clarinha que distraísse Inácio
entre a copa, o corredor e o quarto dele. Até que ela tentou, mas ele corria
para a cozinha depois de jogar nela um pau de proteção da porta. “Vovó, Inacim
tá me batendo”. Eu: “Se vira, Clarinha, não deixa... Você é bem maior que
ele...”. Ela: “Mas, vovó, esse moleque é danadinho...”.
Dei uma dura nela: “Tem de me ajudar! Vá brincar com
Inácio na copa e no quarto de vocês! Vovó está terminando de fazer o
almoço...”. Ela: “Tá booom!”. E, quando ela diz “tá bom”, podemos confiar que
está concordando e vai fazer. Eu a ouvia dizendo que ele não viria mais pra
casa da vovó. E tascava: “Moleque saliente, vou te pegar de jeito!”.
De repente, calmaria. Ela entrou na cozinha, colocou
uma mão na cintura e, com a outra balançando, falou: “Botei o moleque dentro do
berço!” (Ela, com 4 anos, pesava 18 kg; Inácio, 1 ano e 6 meses, pesando 10
kg). Assustada, saí correndo pro quarto e lá estava Inácio todo sorridente
pulando dentro do berço... Foi um alívio!... “Clarinha, como colocou Inácio no
berço?”.
Ela, de cócoras ao lado do berço, disse-me: “Assim...
Peguei e fui empurrando, empurrando... e ele ‘tibungo’ dentro do berço!”. Olhei
para Inácio todo pimpão e indaguei: “De cabeça, Clarinha?”. Ela, balançando a
cabeça e fazendo beicinho sorridente, falou pausadamente: “De ca-be-ça, vovó!”.
Caímos na risada... Inacim também!
(DUKE)
Clarinha tá puxando a quem? rsrsrsrsrsr é neta de peixa, peixinha é srrsrsrsr
ResponderExcluirMeu Deus, como ri! Clarinha é genialmente decidida. Essa de cortar o cachinho trapalhão e a do tibungo dizem tudo
ResponderExcluirQue crônica das mais gostosas! Fátima a gente conhece a árvore desde bem pequena. Clarinha é iluminda e decidida, benzadeus! Como a avó, vai lá e faz o que tem de fazer. E ponto final! Mas Inacim tem cara de menino danadinho mesmo, como disse a Clarinha. E adorei ouvir a frase (mais maranhense impossíve)l, "MOLEQUE SALIENTE, VOU TE PEGAR DE JEITO!"
ResponderExcluirMuito linda a crônica, Clarinha é uma menina que vive de a fato a infância, e Inacim um menino feliz, eles até se parecem.
ResponderExcluirBela crônica, Clarinha é uma menina que vive de fato a infância.E o Inacim é um menino feliz, eles até se parecem.
ResponderExcluirQue vovó linda e babona! Aliás, vó que não é babona, não está com nada. Clarinha é dez! Inacinho tem jeito de que também vai ficar nota dez
ResponderExcluirEu tive uma avó assim que nem você é para os seus netos. A gente nunca esquece!
ResponderExcluirAClarinha é uma danadinha também, né só o "Moleque saliente, vou te pegar de jeito", não! rsrsrsrsr
Eita que uma vó dessa a gente leva no coração pra vida toda..
ResponderExcluirQue bom que VOCÊ é a avó do meu filho.. que sorte ele tem!
Orgulho de ser sua filha, pretinha..
Amor,
Binha <3