Fátima Oliveira
Por que o clã Sarney ganha eleições? Sabe-se que quem vota no opressor não o vê como tal; ou vê e o prefere! É a “síndrome de Estocolmo” na política – em si, a síndrome é um transtorno psicológico em vítimas de diferentes processos de dominação, decorrente da falta de visão correta da realidade, cujo mecanismo de proteção é a defesa do opressor.
“Gasto meu Bolsa Família pra comprar revistas que tem foto de Sarney”
(A Bela almoçando com a Fera, ilustração de Anne Anderson)
“Gasto meu Bolsa Família pra comprar revistas que tem foto de Sarney”
(A Bela almoçando com a Fera, ilustração de Anne Anderson)
Na prática, uma prisão emocional, como no conto “A Bela e a Fera”, de Gabrielle-Suzanne, Dama de Villeneuve (1740), que na política é perpetuada com o apoio de um marketing político embotador de consciências. Vide a campanha publicitária em curso com poder extraordinário de vincar no imaginário as bodas de ouro do “amor” dos Sarney pelo Maranhão!
Diante do que urge ampliar a percepção popular de quão nefasto tem sido para o Maranhão e seu povo o domínio político do clã Sarney desde janeiro de 1966, quando o patriarca da família, José Sarney, sob a moldura eleitoral das Oposições Coligadas, assumiu o governo com um discurso contra a oligarquia de Vitorino Freire (1908-1977) – pernambucano que mandou no Maranhão entre 1946 e 1965, sem nunca ter sido candidato a governador! Quando Sarney se elegeu, os dois outros candidatos foram Renato Archer e Costa Rodrigues. Os três, crias do vitorinismo.
(Vitorino Freire e José Sarney)
[O Complexo Penitenciário de Pedrinhas, originalmente Penitenciária de Pedrinhas, é uma prisão brasileira, situada a 15 km de São Luís, à margem da BR-135, integrando Presídio feminino, Centro de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), Casa de Detenção (Cadet), Presídio São Luís I e II, Triagem, o Centro de Detenção Provisória (CDP)]
Por paradoxal que possa parecer, a Penitenciária de Pedrinhas é o que Sarney e seus prepostos, ao longo dos anos, fizeram dela, pois, embora inaugurada pelo governador Newton Belo, em 12.12.1965, é a obra dos Sarney no poder que exibe as vísceras dos desmandos do clã, além dos indicadores que revelam a extrema vulnerabilidade social do nosso povo, vítima de desamor contínuo por 50 anos!
A campanha publicitária
em curso tem poder
extraordinário de vincar no
imaginário as bodas de ouro
do “amor” dos Sarney
pelo Maranhão!
Paulo César D’Elboux, em “A Trajetória Comunicacional de José Sarney”, afirma que “para se manter por tanto tempo assim no poder, o político deve ter um bom trabalho de marketing político”. Sarney é tido como o pioneiro do marketing político no Maranhão. Ele disse: “Talvez eu possa dizer que, no Maranhão, pela primeira vez, nós introduzimos uma campanha planificada... Para isso utilizamos também, pela primeira vez no Estado, a comunicação musical, com jingle”. Trata-se do “Meu voto é minha lei” (letra de Miguel Gustavo, na voz de Zezé Gonzaga). Em suma, de comunicação Sarney entende muito e é dono do maior grupo privado de comunicação do Maranhão, o Sistema Mirante de Comunicação (TVs, rádios e o jornal “O Estado do Maranhão”).
Indagado por D’Elboux sobre marketing político, Sarney declarou: “É imprescindível. Primeiro, a ação política, 50% ou mais dela é feita pela palavra. A maneira de se massificar as ideias que as palavras têm é através dos instrumentos que se tem. A imprensa é o mais antigo de todos, depois os meios que a gente dispõe hoje. Ninguém pode fazer política, a não ser no anonimato, se não tiver condições dela ser do conhecimento, ser massificada. É uma obrigação do político, é quase que uma extensão da personalidade. Ninguém pode ter sucesso político se não for capaz de expor suas ideias para que os outros possam comungar delas... Todas as campanhas, esses marqueteiros sabem que sou muito palpiteiro e muito rigoroso em matéria de criticar. Tenho coragem de dizer a eles o que está certo e o que está errado”.
O desafio de derrotar Sarney é monumental. Exige travar a luta de ideias num campo em que ele não é apenas experiente e detém os principais meios de comunicação do Estado, mas também considera decisivo, tanto que ruma para o “tudo ou nada” nas próximas eleições.
Alguns escritos de Fátima Oliveira sobre o Clã Sarney:
Quando o verniz de socióloga é apenas um adereço ordinário (O TEMPO, 14.01.2014)
Desdenhar da grande experiência camaleônica de Sarney é ignorância (O TEMPO, 24.04.2012)
Desdenhar da grande experiência camaleônica de Sarney é ignorância (O TEMPO, 24.04.2012)
Da encarnação do verme à partida do verme encarnado (O TEMPO, 04/08/2009)
O Maranhão em tempo de feudalismo: a volta da suserana (O TEMPO, 21/04/09)
Babeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei
ResponderExcluirAcunhou bem!
Eu realmente fiquei pensativa. Primeiramente fiquei assustada com a designação de Síndrome de Estocolmo na Política para explicar porque o povo do Maranhão se submete ao chicote dessa família há tanto tempo. Mas é plausível. Eu acho que explica bem porque a governadora se acha no direito e nem se acanha de comprar toneladas de lagosta, caviar e o escambau. Um horror. É Flávio Dino na cabeça.
ResponderExcluirÉ incrível, mas acho que você matou a charada . Os marqueteiros de Flávio Dino precisam trabalhar com a sua infornação, análise. É desmanchar a adoração que foi plantada na cabeça do povo, coisa que os bons marqueteiros possuem habilidades para fazer. É do campo da psicologia de massas, atingindo o inconsciente coletivo, coisa que o velho Sarney conhece como a palma da mão. Eis o segredo do feitiço dele.
ResponderExcluirPra quem duvidar, eu acessei o link daquela casa de palha que ilustra o texto e encontrei o exemplo mais perfeito do que Fátima analisou.
População maranhense mostra seu amor por Sarney -Edição 62-Ano II
A equipe de reportagem do G17 passou uma semana no Maranhão para mostrar o amor incondicional do povo maranhense pelo Presidente do Senado Federal, José Sarney. Muitos moradores daquele estado têm o retrato do Sarney em suas casas. Alguns inclusive possuem quadros, calendários, e até toalhas de mesa com a imagem do senador.
“Na minha casa tenho 80 fotos de Sarney. Ele tem que ser santificado pelo Papa Edir Macedo quando morrer, porque é um homem que luta por nós. Eu tenho bolsa família com a ajuda dele. Meus filhos comem pão com água na merenda escolar, e a escola foi remendada e hoje não tem mais goteiras, tudo graças a ele”, disse Maria Joana Pereira da Silva, moradora de uma cidade do interior do Maranhão.
O agricultor Pedro João disse que graças ao Sarney o Maranhão está se tornando o estado mais desenvolvido do Brasil, ganhando inclusive dos estados da região Sul e Sudeste. “A gente vê Sarney na TV todo bonito, engomado, ‘arrodeado’ de seguranças, e isso orgulha nós maranhenses”, declarou.
A dona de casa Maria Severina coleciona tudo sobre Sarney. “Gasto meu Bolsa Família pra comprar revistas que tem foto de Sarney”, revelou. Maria tem mais de 500 revistas Veja, IstoÉ, Época e outras cheias de notícias de escândalos políticos, mas como não aprendeu a ler, apenas recorta as fotos do seu ídolo para enfeitar a casa.
“Eu quero Sarney para presidente”, exclamou Severina.
FONTE: Blogue John Cutrim
http://spysd.blogspot.com.br/2011/07/populacao-maranhense-mostra-seu-amor.html
Eu sempre tive vontade de saber por que o povo do Maranhão vem elegendo algum Sarney ou algum apadrinhado dele há 50 anos. Faz sentido a hipotese levantada no artigo. Agora eu pergunto, como fazer pra desmanchar essa mandinga publicitária? Aí é o nó.
ResponderExcluirTens razão é uma mandinga publicitária
ExcluirFátima será que essse estado de coisas tão atrapalhado chegará ao fim? Tenho minhas dúvidas. O povo do Maranhão parece que dorme em berço esplêndido
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