(DUKE)
Fátima
Oliveira
Médica
- fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Quem ama as liberdades democráticas que se mire em La
Pasionaria – Isidora Dolores Ibárruri Gómez (1895-1989), comunista espanhola
que bradou: “É melhor morrer em pé do que viver de joelhos”.
[La Pasionaria – Isidora Dolores Ibárruri Gómez (1895-1989)]
(La Pasionaria statue in Glasgow, Scotland)
Imaginar viver sob o ideário fascista é terrorismo
político! A última dose de fascismo foi a ditadura militar de 1964. E quem
possui dois neurônios íntegros não deseja repeti-la!
O fascismo crê que há seres humanos melhores e com
mais direitos do que outros e que só alguns podem ser usufrutuários da Terra e
de tudo o que nela há! O fascismo, que aprofunda as opressões de gênero,
racial/étnica e de classe, é uma irracionalidade!
Pontuo que o nazismo é uma forma de fascismo –
perseguição à democracia, desde o início, na Itália no pós-Primeira Guerra
Mundial, para suplantar as ideias socialistas. O vocábulo “fascismo” deriva do
italiano “fascio” (“aliança” ou “federação”), cuja origem é “fasci”: “feixe”,
simbolizando, desde a Roma Antiga, a força de muitos galhos juntos.
Como movimento político, o fascismo foi criado por Benito
Mussolini (1883-1945), em 23.3.1919, ao fundar a associação Fasci Italiani di
Combatimento; e se formalizou partido político em 1921, com definição
doutrinária antidemocrática e de defesa da “autossuficiência do Estado e suas
razões, superiores ao direito e à moral”. O símbolo do Partido Nacional
Fascista é um feixe de lenha com um machado sobre as cores da bandeira
italiana.
Em 28.10.1922, com a Marcha Sobre Roma, os fascistas
tomaram o poder, e Mussolini, com o apoio do rei Vittorio Emanuelle III (1869-1947),
virou chefe de governo, autoproclamado “duce”, em italiano: “líder”, assim como
“der führer”: “líder” em alemão, adotado por Adolf Hitler. Ele passou a ter
poderes outorgados pelo Parlamento Nacional e amplo apoio de massa, setores do
operariado e da pequena burguesia rural e urbana, convencidos de que seus
inimigos eram o grande capital e o sindicalismo comunista e que só um regime
nacionalista de força, que conferisse ao Estado e ao “duce” poderes “acima
daqueles que as democracias lhes entregavam” salvaria a Itália! Um embuste.
Em represália às denúncias de violência e corrupção do
fascismo, o deputado socialista Giacomo Matteotti (1885-1924) foi assassinado
por um comando fascista em 10.6.1924. A oposição abandonou o Parlamento, e, em
janeiro de 1925, Mussolini decretou um Estado totalitário, proibindo partidos e
sindicatos não fascistas. De 1928 a 1943, o Partido Nacional Fascista era o
único legalizado e só foi dissolvido em julho de 1943 com a prisão de Mussolini
e a debacle do regime fascista na Itália!
Além de Itália e Alemanha, o fascismo vigorou em
Portugal – de 1932 a 1968, com a ditadura salazarista (António de Oliveira
Salazar, 1889-1970) – e na Espanha – de 1936 a 1975, com a ditadura franquista
(Francisco Franco, 1892-1975). Com a derrota do Eixo (Alemanha, Itália e
Japão), na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sistemas fascistas sobreviveram
na Europa. As ditaduras latino-americanas foram de inspiração fascista,
incluindo a ditadura militar de 1964 no Brasil!
(Imagem de O Brasil do fascismo, por Aline Soares, 15.09.2015)
O ideário fascista persiste em partidos conservadores
e de extrema direita na Europa. Na conjuntura brasileira, o fascismo medra, na
não aceitação da derrota do PSDB nas eleições presidenciais de 2014; no
cerceamento do direito de ir e vir; no fato de não podermos enterrar nossos
mortos em paz; no desrespeito à autonomia universitária; e na pretensão de
usurpar, via impeachment, o mandato da presidente eleita Dilma Rousseff. Ao
arrepio da lei. E da República. “Não passarão!”
(Madrid, 1937)
PUBLICADO
EM 12,04.16
FONTE: OTEMPO
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