(DUKE)
Pelo tal empréstimo, temos o "direito" uma dívida vitalícia
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
“Aqui é fulana de tal, do setor do INSS do banco tal.
Agora que a senhora está aposentada, o INSS colocou à sua disposição um
empréstimo consignado de valor tal...”. São meses de desassossego, desde que o
INSS homologou a minha aposentadoria, em 8.1.2014, que eu soube pelos
telefonemas dos bancos, não apenas de Minas, mas de vários Estados do país,
muitos dias antes de receber o comunicado do INSS!
Fiquei irada e impressionada desde o primeiro
telefonema porque a moça sabia não apenas o meu telefone residencial, mas o dia
da homologação e o valor mensal de minha aposentadoria, o montante do
retroativo a setembro de 2013, quando fiz 60 anos, em qual banco eu receberia e
a partir de quando! Fiquei atônita com a exposição da minha vida a um clique
nos computadores de todos os bancos do país! Achei um abuso. Mas eu mal sabia
que o assédio moral apenas começara...
Tenho sido assediada moralmente pelos bancos numa
dimensão incomensurável desde que o dia amanhece! A insistência das
funcionárias é algo de proporções abissais! Segurei a onda o quanto pude. Fui
perdendo a paciência. Passei a cortar a fala tão logo diziam: “Aqui é fulana de
tal, do setor do INSS...”. Mas as moças não se dão por vencidas!
"E quando a gente diz
não, enveredam por
algo surreal e mais invasivo,
indagando: “A senhora tem casa?
Tem carro? Não quer
trocá-lo por um zero?"
Crendo que toda pessoa velha é babaca e facilmente
enrolável, entram de sola na tentativa de convencimento das coisas maravilhosas
que poderemos comprar com aquela “dinheirama” que oferecem colocar na nossa
conta em dois dias, adiantando as graças da renovação “ad aeternum” do
empréstimo, antes que acabemos de pagá-lo! Fiquei a imaginar que o tal
empréstimo consignado “rotativo”, no qual temos o “direito” a uma dívida
vitalícia, só pode ser um negócio da China para os bancos!
E quando a gente diz não, que, quando quiser, fará no
banco onde recebe, enveredam por algo surreal e mais invasivo, indagando: “A
senhora tem casa? Não quer reformá-la? Tem carro? Não quer trocá-lo por um
zero? Já foi à Europa? A Nova York? Dizem que é lindo o Leste Europeu, a
senhora já foi?”. Estava de lua e enchi a medida: “Para, querida, conheço mais
de 50 países. Não quero mais viajar!”.
Chegam ao acintoso desplante: “Olhe, pense bem, a
senhora não está precisando, mas pode ter um parente, filho ou filha,
precisando e agora pode ajudar! Não quer mesmo ajudar alguém necessitado da
família?”. Achei que era um carma! Fui tentando responder com educação, mas na
última semana mudei de tática. Perdi a esportiva. Nem sequer sabia que tínhamos
essa montanheira de bancos no Brasil!
A cada novo telefonema estou pedindo para riscarem meu
nome da lista porque vou processar o governo e os bancos por invasão de
privacidade e assédio moral. Enfatizo que é uma imoralidade o que os bancos
estão fazendo com a posse dos meus dados financeiros...
Ao que elas respondem: “Senhora, estou fazendo o meu
trabalho!”. Eu: “Sei, mas ele é imoral: invade a minha privacidade, faz
chantagem contra o meu modo simples de viver, checa a minha resistência ao
consumismo, induz-me a gastar mais do que posso como aposentada, ao insistir em
‘fazer a minha cabeça’ para coisas/necessidades que não tenho, além do que toma
o meu tempo! Não quero ficar pendurada em bancos, entendeu?”.
Estou decidida a registrar queixa na polícia a cada
novo telefonema. Vou engolir a raiva, anotar os dados e registrar um BO por
invasão de privacidade. Os bancos, a partir de hoje, estão avisados. Exijo que
não liguem para a minha casa, sob pena de processo por assédio e danos morais!
PUBLICADO EM 20.05.14
FONTE: OTEMPO
Tem razão. Estão extorquindo aposentados com chantagem
ResponderExcluirÉ impressionante. Eu não tinha a dimensão também do assédio bancário sobre pessoas aposentadas. É um absurdo a caçada que estão fazendo aos aposentador
ResponderExcluirFátima, já passei por tal assédio.Não acaba nunca. A presidenta Dilma precisa nos dar sossego
ResponderExcluir---------- Mensagem encaminhada ----------
ResponderExcluirDe: Hudson Flavio Meneses Lacerda
Data: 21 de maio de 2014 12:33
Assunto: O Estado brasileiro doou a minha vida para os bancos!
Para: fatimaoliveira@ig.com.br
Oi Fátima,
Sou leitor de seus textos. Esse último, sobre a invasão bancária da vida
dos brasileiros aposentados me chamou a atenção porque existe uma outra área em que dados pessoais estão sendo ilegalmente vazados por órgãos públicos irresponsáveis.
Trata-se dos dados eleitorais (sim, aquele gigantesco banco de dados
cadastrais que são atualizados a cada dois anos, antes de cada eleição).
Só saiu na grande imprensa notícia sobre um acordo do TSE com a
multinacional Serasa/Experian, que foi cancelado após ser denunciado:
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/ex-corregedora-do-tse-nega-responsabilidade-em-acordo-com-serasa,4d34fe836a460410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html
Mas há outros acordos ilegais do TSE, com a Polícia Federal e o
Ministério da Justiça. O TSE é proibido por lei de compartilhar os dados
do cadastro eleitoral com quaisquer entidades, públicas ou privadas. E,
agora, com o recadastramento biométrico, o TSE está recolhendo dados dos eleitores em um formato combinado com o FBI -- inclusive o próprio
edital de compra dos equipamentos biométricos exige que os equipamentos e softwares sejam certificados pelo FBI:
http://www.cic.unb.br/~rezende/trabs/biometriaTSE.html
Para mim é óbvio que isso não tem absolutamente nada a ver com
necessidades eleitorais ou combate a fraudes. O que mais vale dinheiro
hoje em dia são perfis de personalidade -- é disso que vivem empresas
vigilantistas e daninhas como Facebook e Google.
A propósito, convido você (especialmente se você por acaso mais uma
vítima da Facebook) a conhecer mídias sociais descentralizadas e livres,
como a Diaspora* :
http://www.anahuac.eu/?p=382
Abraços,
Hudson Lacerda (Contagem/MG)
Desejo e vou lutar para que a presidente Dilma tome providências para que o direito à privacidade seja respeitado integralmente
ResponderExcluirMuito forte como denúncia. Mas é real
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