
QUANDO RELIGIOSOS ACALENTAM O SONHO DE DITAR REGRAS A TODOS
Fátima Oliveira
Médica – fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
O fundamentalismo religioso cristão no Brasil, de extração católica e evangélica, adquiriu fôlego na última década, centrado na abolição dos direitos reprodutivos e dos direitos sexuais, vincando interferência perturbadora e preocupante, em todos os sentidos, em nome da defesa da família na vida política nacional.
Tanto evangélicos (dia e estatuto do nascituro, cura de gays, projetos de lei da grife "Estuprobrás", as recentes infelicidades felicianas satanizadoras...) quanto católicos (concordata Brasil-Vaticano, obra de Lula, ai, meus sais!) acalentam o sonho de ditar regras de comportamento de suas visões de mundo para todo o povo. Lembremo-nos da interferência do Vaticano nas últimas eleições presidenciais, indicando o voto no beato Serra! Vide "Eleições presidenciais 2010: em leilão, os ovários das mulheres!" ("Viomundo", 8.10.2010). Os fundamentalistas cristãos brasileiros lutam por leis que transformem a nossa República democrática e laica numa teocracia!
E, ao mesmo tempo, as manifestações de intolerância religiosa não param de crescer, seja intramuros nas religiões ou nas seitas - caso da desassociação de Testemunhas de Jeová - ou na vida pública, sobretudo de algumas igrejas evangélicas contra as religiões de matrizes africanas. Além da perplexidade causada pela lassidão do governo brasileiro diante dos fatos, não avancei muito na compreensão de tais nefastos fenômenos, sobretudo porque a responsabilidade maior de garantir a liberdade de religião e de assegurar os princípios da República laica é da Presidência do Brasil, que, dolorosa e praticamente, tem silenciado, mas tem cedido muito, em especial para o intuito da Igreja Católica de satanizar as mulheres.
Diz-se Estado
secular ou laico ou
não confessional como
significando o Estado
que não professa
religião e protege quem
tem ou não uma fé
Diz-se Estado
secular ou laico ou
não confessional como
significando o Estado
que não professa
religião e protege quem
tem ou não uma fé
Se a Presidência da República cede quanto aos direitos reprodutivos, como registrei em "Governo Dilma submete corpos das brasileiras ao Vaticano" ("Viomundo", 5.1.2012), assiste à carruagem da intolerância religiosa passar e avançar sobre os princípios da República e faz de conta que não lhe diz respeito, estamos a pé mesmo... Todavia, sou teimosinha, teimosinha e continuo firme em meu propósito: "Quero o aconchego de uma República laica e nada mais" (O TEMPO, 31.5.2011). Então, urge enfrentar quem mina os alicerces da República!
Em tal peleja, tenho refletido sobre o papel do secularismo e do laicismo diante da intolerância religiosa. Compreendo secularismo, grosso modo, como o princípio de separação entre Estado e religiões de qualquer naipe, garantindo e defendendo a liberdade religiosa. E laicismo é "uma visão filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e das comunidades religiosas, bem como a neutralidade do Estado em matéria religiosa"; tem como valores a liberdade de consciência; a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa e a origem humana - todos, pilares da liberdade em questões de fé. Na prática, e é uso consagrado, se diz Estado secular ou Estado laico ou Estado não confessional como significando a mesma coisa: o Estado não professa religião e protege quem tem ou não uma fé, como agnósticos e ateus.

O que fazer? Ampliar a consciência da sociedade. Dou muito valor ao debate incansável, assim é que atividades como o "1º Seminário nacional multidisciplinar de diálogo inter-religioso contra a intolerância religiosa no Brasil", de 9 a 11 de maio de 2013, no Centro Cultural da UFMG (avenida Santos Dumont, 174, Centro), em Belo Horizonte, são valiosas, contam com o meu apoio e devem ser exaustivamente divulgadas.
Edição Publicado no Jornal OTEMPO em 30.04.2013
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Comprei mais ou menos uma dúzia. Em casa, depois de lavá-las e enxugá-las, fiquei apreciando uma bacia cheia delas. Comecei a descascar a primeira. Resumo da ópera da bacia de lima: comi todas, gomo por gomo, degustando aquela refrescante fruta da infância e da adolescência que não saboreava havia muitos anos.
A limeira se parece com a laranjeira, só que cresce menos, pois é um arbusto, e o cheiro das folhas tende ao adocicado; a lima é muito parecida com a laranja, até no tamanho, mas a casca é fina e de cor amarelo-clara; a polpa - doce, suavemente amarga, uma delícia - fica dentro de gomos esbranquiçados, uma pele amarga, daí porque, diferentemente da laranja, para se comer a lima, é necessário abrir os gomos ou então chupá-la, mas não dá para comer o bagaço porque amarga demais!
(Limeira,


Falo do deputado Marco Antônio Feliciano - empresário, pastor evangélico, conferencista e sócio-proprietário da Kakeka - Comércio Varejista de Brinquedos, Artigos do Vestuário Ltda., da Marco Feliciano Empreendimentos Culturais e Eventos Ltda. e do Tempo de Avivamento Empreendimentos Ltda. Todos em Orlândia (SP). É também pastor presidente da igreja Assembleia de Deus de Orlândia - Ministério Catedral do Avivamento. Ele também crê na "cura gay", pois vê a homossexualidade como uma doença e a Aids como um câncer gay. Sobre negros disse: "A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, as pestes, as doenças e as guerras étnicas" (2011).



A má notícia, de que presidiria a CDHM uma pessoa sem as qualificações necessárias para o cargo, mereceu o seguinte comentário, no Twitter, do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ): "Ele é confessadamente homofóbico e fez declarações racistas sobre africanos. Está claro que o objetivo do PSC, ao escolher a CDHM, deve ser barrar a extensão da cidadania plena às minorias. É lamentável". Nilmário Miranda (PT-MG), primeiro presidente da CDHM, soube ser magistralmente grande no Twitter, sem dourar a pílula: "Esse é o resultado do presidencialismo de coalizão. Nosso PT optou por outras comissões mais importantes" (7.3.2013).
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