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terça-feira, 5 de março de 2013

`Kyrie eleison´ diante dos conflitos da Santa Sé e do Vaticano

 (FOTO: Duke)

AS FORÇAS OCULTAS QUE LEVARAM BENTO XVI À RENÚNCIA
Fátima Oliveira
Médica –
fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_

"Kyrie eleison", que, em grego, quer dizer "Senhor, tende piedade", é uma alocução penitencial, uma oração cristã, quase um mantra, usada em atos penitenciais desde as comunidades cristãs de Jerusalém, e integra liturgias das igrejas Católica Apostólica Romana, anglicana, ortodoxa e luterana, além de constar em um dos salmos penitenciais: o Salmo 51, conhecido por "Miserere" ("Miserere mei, Deus"/"Senhor, tende misericórdia de mim").
Com mais de 2.000 anos no cenário religioso e político do mundo, a Igreja Católica Apostólica Romana detém experiência política invejável depois de 265 papas, cujo tratamento é Sua Santidade - figura sem similar no poder secular ou em qualquer outra religião, pois é cognominado Bispo de Roma, Vigário de Jesus Cristo, Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, Sumo Pontífice da Igreja Universal, Primaz da Itália, Arcebispo Metropolitano da Província Romana, Soberano do Estado da Cidade do Vaticano e Servo dos Servos de Deus. Possui outros títulos não oficializados: Santo Padre, Beatíssimo Padre e Santíssimo Padre.



 
O papa simboliza um poder singularíssimo, mitológico e místico, que usa como achar conveniente, ora como religião, ora como Estado; logo, quando ele morre, o mundo fica de olho na fumaça da Capela Sistina. Muito mais pelo poder do qual se arvora do que por poder concreto: o desejo de impor seus dogmas a Estados laicos, como o Brasil, legislando sobre os corpos das mulheres de todo o mundo, como se proprietário deles fosse. Pura misoginia.


 

Aos 59 anos, lembro-me de "Sé vacante" e "Habemus papam" cinco vezes, de João XXIII (260º papa) a Bento XVI (264º papa) - eleito em 19.4.2005, renunciou em 28.2.2013 e é, hoje, o papa emérito Bento XVI, um prisioneiro do Vaticano. Negócios são negócios. Ele optou por ficar vivo.





Quando João XXIII morreu (1963), a notícia chegou pelo rádio. A "Sé vacante" era um período de rezas e entoação de benditos e ladainhas que culminava com explosões de alegria após a fumaça branca da Capela Sistina e o "Habemus papam" do cardeal carmelengo. Comoção igual, só com João Paulo I, cujo pontificado durou apenas 33 dias devido à sua morte, para a qual cogita-se a hipótese de assassinato pela mesma máfia católica e outras forças ocultas do Vaticano que levaram Bento XVI à renúncia...

Foto
 

  (Dom Cláudio Hummes)

Chama a atenção o fechamento em copas de católicos praticantes. Bem diferente da eleição de Bento XVI, quando havia esperança de um papa brasileiro, dom Cláudio Hummes. Parecia que a Seleção Brasileira estava em campo, pois o Vaticano e a Santa Sé ainda não haviam chegado ao fundo do poço da amoralidade, como hoje. A dita esquerda católica brasileira, completamente iludida, via possibilidades de mudanças no Estado teocrático e de banimento do fundamentalismo católico.



 (Aspecto Exterior da Capela Sistina)
  (Interior da Capela Sistina)
"A Capela Sistina está inserida no Palácio Apostólico, o maior palácio do mundo, residência oficial do Papa na Cidade do Vaticano, Roma. Foi construída entre os anos 1475 e 1483, durante o Pontificado do Papa Sisto IV, daí o nome que lhe foi atribuído, pelo arquitecto Giovanni deil Dolci. A inauguração da capela ocorreu em 15 de Agosto de 1483 com uma celebração eucarística".
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Dom Odilo Pedro Scherer  (Dom Odilo Pedro Scherer)

Sob o manto da pedofilia clerical e da lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano, difícil defender tal mangue pútrido. Mesmo com possibilidades reais de um papa brasileiro, há um silêncio sepulcral. Falo de dom Odilo Pedro Scherer, cardeal brasileiro descendente de alemães, um dos três papáveis ungidos pelos cardeais alemães, inegavelmente fazedores de papas, no conclave que definirá o sucessor de Bento XVI. Cantei tal pedra e tuitei @DomOdiloScherer: "estão falando pelos becos que o cardeal dom Odilo Pedro..." (10h34, de 11.2) e "Dos cinco cardeais brasileiros para o conclave da Capela Sistina, só dom Odilo Pedro Scherer atende ao quesito idade ideal" (10h38, de 11.2). É esperar a fumaça branca, sem sonhos bons...


Publicado no Jornal OTEMPO em 05.03.2013

5 comentários:

  1. Fátima, estou de corpo lavado. É isso mesmo

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  2. Dom Odilo é filhote de Joseph Ratingzer e mete o bedelho em tudo da vida social e política do Brasil. Tem ar de príncipe e de papa, com ele tudo continuará como está. Enfim essa Igreja Católica não tem jeito, é impura mesmo.

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  3. Um artigo perfeito! Nada de sonhar com coisas boas. Igreja Católica está mais suja do que pau de galinheiro

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  4. DOm Odilo é perfeito para o cargo de Papa. Sabe tudo do Banco do Vaticano porque é conselheiro de tal banco. Fica tudo em casa. Vão votar nele por isso.

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  5. Nome de d. Odilo cresce em meio a aposta de que papa será não europeu
    05 de março de 2013 | 2h 04
    ENVIADO ESPECIAL / VATICANO - O Estado de S.Paulo

    Cada vez mais incensado pela imprensa internacional, o cardeal brasileiro d. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, entrou ontem no centro das especulações sobre os favoritos para suceder Bento XVI. O nome de d. Odilo, antes pouco cogitado, agora faz parte da maioria das listas de papáveis dos jornais europeus e até o secretário dos cardeais brasileiros, monsenhor Antonio Catelan Ferreira, reconhece que seu nome "cresce muito, e em mais de um continente". Porém, entre os cardeais que votarão, ele é evocado apenas como "uma das possibilidades". A única tendência concreta, por ora, é a de que o próximo pontífice seja de fora da Europa.

    A rápida ascensão de d. Odilo entre os papáveis ocorre às vésperas do conclave que vai eleger o novo papa. Ontem, os cardeais que já chegaram a Roma fizeram as primeiras reuniões preparatórias no Colégio Cardinalício (mais informações nesta página).

    As especulações explodiram na semana passada, quando o jornal La Stampa publicou uma reportagem sobre uma suposta manobra de cardeais da Itália e das Américas para impedir que um nome próximo ao atual secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, vença a eleição. Um desses "protegidos" seria o italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão - nome sugerido por Bento XVI. Segundo o jornal alemão Frankfurt Allgemeine Zeitung, dois pesos-pesados da Igreja estariam implicados na manobra para fazer um papa de fora da Europa: os cardeais italianos Angelo Sodano e Giovanni Battista Re. Para barrar Scola, eles seriam "os patrocinadores de Scherer".

    Essas especulações catapultaram o cardeal brasileiro ao primeiro plano. Ontem, o jornal La Repubblica publicou um quadro com seis nomes de supostos favoritos - dos quais apenas dois europeus: Peter Erdo, arcebispo de Budapeste, na Hungria, e Scola. Os demais indicados foram d. Odilo, o canadense Marc Ouellet, prefeito da Congregação dos Bispos do Vaticano, o americano Timothy Dolan, arcebispo de Nova York, e o congolês Laurent Pasinya, arcebispo de Kinshasa. Sobre d. Odilo, o diário diz: "Muitos, mesmo entre os cardeais italianos, estão dispostos a votar nele já nas primeiras votações".

    Ontem, durante palestra em Roma, o vaticanista americano John Allen Jr. disse que a eleição de d. Odilo é uma possibilidade concreta. "Dois cardeais me procuraram nos últimos dias pedindo o perfil que escrevi sobre Scherer." Allen crê que o crescente interesse em d. Odilo é um sinal de que seu perfil está chamando atenção. "Ele não é muito conhecido. Os cardeais querem saber mais."

    A badalação do arcebispo de São Paulo foi confirmada pelo monsenhor Antonio Catelan Ferreira, secretário de d. Raymundo Damasceno que também está prestando assessoria a d. Odilo em Roma. "É um nome que cresce e em mais de um continente, até mesmo na Europa." Segundo o monsenhor, "ele estava desde o começo entre os favoritos, a imprensa é que não falava", acrescentou.

    Entre os cardeais que participam do conclave, porém, o discurso é outro. O Estado questionou vários deles na manhã de ontem, antes da reunião do Colégio Cardinalício. Falando abertamente sobre as especulações, muitos admitem que há uma tendência de escolha de um pontífice de fora da Europa. Mas são contidos quando questionados sobre as chances de d. Odilo.

    "Há muitos cardeais que poderiam ser papa", disse André Vingt-Trois, arcebispo de Paris. Questionado se é d. Odilo é competente o suficiente para chefiar Igreja, ele afirmou: "Não sei. Vamos ver". Arcebispo emérito de Sevilha, Carlos Amigo Vallejo deu um banho de realidade nos rumores. "É normal o interesse, mas a verdade é que não há favoritos." O que pode contar pontos contra o arcebispo de São Paulo é um velho ditado do Vaticano: "Quem chega papa ao conclave, em geral sai cardeal". / COLABOROU FILIPE DOMINGUES, ESPECIAL PARA O ESTADO

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