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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Paternagem, paternidade biológica e social: construtos socioculturais

Duke
Pai que “paterna” é tão valioso que não há o que pague
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br

pai de todo tipo, tanto biológico quanto social. Dos que não valem um "derréis" aos que valem mais que o bamburro da pepita Canãa (Serra Pelada: 60,8 kg, 1983, a maior do Brasil) ou da maior do mundo, a pepita Holtermann (1872). É que pai que "paterna" é tão valioso que não tem preço, logo não há o que pague.
(Pepita Canãa, 1983)
http://img153.imageshack.us/img153/3859/22325122.jpg(Pepita Holtermann, 1872)
O significado de um pai que não tem preço está na paternagem que sua prole retém na memória. Pai que não fica como um conforto mental passou pela paternidade como um padecimento... Tais elucubrações filosóficas brotaram ao ler que Genoir Luís Bortoloso, 47, confessou que matou a filha Ketlin Bortoloso, 18, estudante de educação física, em Gaurama (RS), no último dia 11, segundo ele para "resolver a situação" - não pagar pensão e abocanhar um seguro de R$ 200 mil que o beneficiava!
Ketlin Bortoloso

O pistoleiro Jair Rivelino Satornino, contratado por R$ 10 mil, R$ 500 de entrada, alega que seu revólver travou após o segundo tiro e o pai disparou mais quatro tiros em Ketlin! Foi a segunda tentativa de assassinato, a mando do pai, que há dois anos "teria contratado o mesmo pistoleiro, dizendo que ela era uma ‘namorada’ que o traía, que disparou em Ketlin e no irmão, na saída da escola, mas os tiros só a feriram na perna e no abdome. Era um caso sem solução até a prisão de Genoir".
Falam que a atual mulher de Genoir "não se dava bem com a garota e ameaçara separar-se". O delegado Olinto Gimenes declarou: "O valor da pensão alimentícia estaria causando dificuldades para o casal; e Genoir chegou a ser preso quatro vezes por falta de pagamento". Matou a filha e ainda foi ao velório, onde foi preso e confessou o crime.
O abominável fato nos encaminha para o pensar e pensar...
Uma amiga vive como condenada a trabalhos forçados para sustentar a filharada no padrão classe média. O pai não paga pensão. Indaguei por que não recorria à Justiça. Disse-me que preferia assim, pois obrigado a pagar pensão, teria direito de conviver com as crianças. Ela intuía que quem nega pensão aos filhos não tem caráter e pode abusar deles sexualmente, para se vingar da mãe e até matá-los, para "resolver a situação"...
((foto do site da advogada Valéria Reani)

Disse-lhe que sua atitude era de alienação parental [Lei de Alienação Parental (nº 12.318-10)]; desconhecia relações incestuosas tendo como base o ódio contra a mãe; e no Brasil não havia casos de pai que matou filho ou filha para não pagar a pensão...
Não havia. Agora há! O que remete à Justiça novas questões: não descartar a hipótese de alto potencial ofensivo daqueles que usam de todos os ardis possíveis e imagináveis para negar a paternidade, o que nega à criança o direito de saber a sua origem - um crime diante da alegação de paternidade - e só a assume por força da lei e/ou dá demonstrações de que a pensão de alimentos da prole é um estorvo, quando tem meios de supri-la.
Logo, cabe à Justiça tratá-lo de modo condizente na concessão de benefícios de convivência: visitas assistidas, no máximo! É a minha nova opinião em casos assim, pois a Justiça obriga a pagar pensão, mas amar jamais! Conviver é um direito, e não uma obrigação. É um erro impor convivência a quem não luta por ela em palavras e atos! Nada a ver com alienação parental, apenas proteção da vida de pensionistas de alimentos.
Talvez Isabella de Oliveira Nardoni, morta em 29.3.2008, e Joanna Cardoso Marcenal Marins, morta em 13.8.2010, foram eliminadas por falta de tais cuidados. É uma hipótese não descartável que urge ser debatida.

Publicado no Jornal O TEMPO em 16.08.2011

LEIA + COMENTÁRIOS EM:
GELEDÉS  LIMA COELHO  O TEMPO  VI O MUNDO VERMELHODepoimento emocionado da mãe de Ketlin, Ana Ribeiro de Jesus: Procuro os motivos e não encontro, diz mãe de jovem morta pelo próprio pai.

12 comentários:

  1. Muito duro. Duríssimo seu artigo, mas bem real. Concordo

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  2. Fátima, senti que faltou você falar nas mulheres e homens aventureiros, que usam a pensão para explorar quem a paga. Não sou contra a pensão de alimentos para os filhos.
    E, no mais, gostei do texto.

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  3. Fátima, o tema PENSÃO ALIMENTÍCIA é um vespeiro e só tem vespa venenosa: mulheres e homens. Nem mais e nem menos. Quanto o direito à convivência: é direito e não dever. Ninguém é obrigado a conviver. Vc está certa ao dizer que a Justiça obriga a pagar a pensão, mas a amar, não!
    Também acho que quem se nega a reconhecer paternidade alegada, fazer exame de DNA para comprovar e etc. e tal é sem caráter mesmo. Quem faz corpo mole para pagar a pensão estipulada, por lei alegando que é injusta, que recorra em juízo, mas não pagar é falta de caráter, crueldade com o filho ou filha.
    Depois de um assassinato brutal para “resolver a situação” (assassinando a pensionista) , ou seja, deixar de pagar pensão, a Justiça tem de rever seu modus operandi: para esses pais ou mães (há mães que pagam pensão também!) é correto a concessão somente de visitas assistidas, pois quem não se importa se filhos passam fome ou não, se vivem decentemente ou não, é gente de alto potencial ofensivo. Pode matar.

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  4. Fátima, o artigo é sério. Toca em novidades. Pelo menos para mim. Essa coisa de visitas assistidas quando há indícios de alto potencial ofensivo. Queria entender melhor

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  5. Uhuuuuuuuuuuuuuuuuu, outra vez, pingos nos is

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  6. Gente lá no Azenha o debate está pegando fogo e o que tem de pai idiota até defendendo o
    assassino não se escreve. Cruzes!

    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fatima-oliveira-o-pai-que-matou-a-filha-para-nao-pagar-pensao.html

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  7. Minha senhora, a generalização do seu artigo é de uma maldade sem limites. Há mulheres que pra serem a cara do cão não falta mais nada. Praticam alienação parental, enrolam e dormem com juízes e assaltam o nosso bolso. Algumas. Mas é preciso falar delas também. Também vejo que há homens que desejam que suas ex-mulheres junto com os filhos morram. E de preferência de fome. Não é o meu caso. Mas o fato é que eu só encontrei mulheres artistas, treinando pra bandidas, em meu caminho. Como diz a minha mãe, eu as escolhi. Mas nem por isso tenho pena de pagar a pensão dos meus filhos. Pago, mas acho um roubo. Revisão de pensão? Nem pensar, uma das minhas ex é amante do juiz. E para infernizar a minha vida ficou amiguinha da outra e o juiz a defende também. Do meu salário lás e vão 60% pra pensões de alimentos. Com os 30% restantes eu posso esquecer refazer a minha vida. Moro atualmente com os meus pais. Tive de voltar para a casa paterna.
    Deq ualquer modo, não é porque a minha vida é uma desgraça que vou dizer que seu artigo é ruim. Não é. É muito bom, mas é parcial.

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  8. Fui lá no Azenha, como indicou a Ernê. Uma pena que um debate que precisa ser feito, como a Fátima indica em seu artigo (a Justiça obriga a pagar pensão, mas amar não) e sobre a paternagem (pai que "paterna" é tão valioso que não tem preço, logo não há o que pague), tenha sido tomado pelos conservadores contra o aborto e por homens de cachimbo inchado, como diria a Dona Lô, e raivosos que não gostam de pagar pensão alimentícia para o sustento dos filhos que tiveram.

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  9. Gostei do artigo, mas também de ler os comentários. Há muitos comentários sem pré e nem cabeça e muito polêmicos. Mas chamou a minha atenção a quantidade de distorções. Em alguns parece até que não leram o artigo. Só má-fé.

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  10. •Os contra ficaram com vergonha de sua podridão exibida publicamente
    18/08/2011 7h07
    Tive de reler o artigo da Fátima Oliveira para entender a avalanche de comentários que tentam destratá-lo e vão claramente no sentido de dar a razão ao pai assassino. São comentários deprimentes que podem ser lidos no http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fatima-oliveira-o-pai-que-matou-a-filha-para-nao-pagar-pensao.html O artigo é bem escrito e tem como pano de fundo os direitos e deveres da pensão alimentícia. Finaliza analisando que se a Justiça obriga a pagar pensão não tem como obrigar a amar. E daí vai para a realidade que muitos não gostaram de ler e de ouvir e acabaram vestindo a carapuça que é quem não se dispõe voluntariamente a cumprir a obrigação da pensão e antes, até reconhecer a paternidade por vontade própria, não é confiável no sentido da segurança da criança ou pensionista de alimentos em qualquer idade. Faz sentido. Todo o sentido do mundo. A gritaria é que muita gente viu a sua podridão publicamente e não gostou. Só isso.

    Ernani C.
    Caeté - MG

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  11. Eu bem sei o que é isso de lutar pela pensão alimentícia do filho nos bastidores e ter de ouvir que não vai sustentar vagabunda, como se a pensão não foss eum direito do filho. Também achoq ue quem reagteia para pagar pensão alimentícia do filho boa gente não é.

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  12. Uma frase. Uma verdade dura.
    "...pois a Justiça obriga a pagar pensão, mas amar jamais."

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