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terça-feira, 30 de agosto de 2011

A ciência chama a minha mãe de HeLa, diz Deborah Lacks


Enfileiradas, as células HeLa dariam três voltas à Terra
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br

14243_318928475292_541515292_9701050_3340719_n.jpgLeio o instigante livro de Rebecca Skloot, "A Vida Imortal de Henrietta Lacks", presente de uma amiga, Valéria Augusto, cujo resumo diz: "Em 1951, uma mulher negra e humilde morre de câncer; suas células - retiradas sem seu consentimento - são mantidas vivas, dão origem a uma revolução na medicina e a uma indústria multimilionária. Mais de 20 anos, depois, seus filhos descobrem a historia e têm suas vidas completamente modificadas". Parece ficção, mas aconteceu.


(Deborah Lacks)

(Deborah Lacks)

Ouçamos Deborah Lacks, filha de Henrietta Lacks (18.8.1920 - 4.10.1951): "A ciência chama a minha mãe de HeLa (pronúncia: rilá), e ela está no mundo inteiro em centros médicos...
Quando vou ao médico, sempre digo que minha mãe foi HeLa. Eles ficam empolgados, contam coisas do tipo como as células dela ajudaram a produzir meus remédios para hipertensão e antidepressivos e como todas essas coisas importantes da ciência aconteceram por causa dela... Mas sempre achei estranho que, se as células da nossa mãe fizeram tanto pela medicina, como é que a família dela nem tem dinheiro para pagar um médico? Não faz sentido. As pessoas ficaram ricas às custas de minha mãe e a gente não recebeu um centavo...".
A eterna presença de Henrietta Henrietta descende de escravos plantadores de fumo. Teve cinco filhos. Nenhum transpôs as soleiras da universidade. Não possuem seguro-saúde. As células HeLa - do carcinoma epidermoide do colo de útero dela, extraídas por seu médico Howard Jones, em 6.2.1951 - se reproduziram "in vitro" no laboratório de cultura em tecidos do Hospital Johns Hopkins, um dos raros que atendiam negros, mas os segregava em enfermarias de "pessoas de cor" . Estima-se que as células HeLa, enfileiradas, dariam três voltas ao redor da Terra.


"É um livro que dói.
Revela subterrâneos sombrios da produção da ciência
e a necessidade de novo contrato social e ético
entre ciência e sociedade"


Rebecca Skloot conheceu as células HeLa em 1988, aos 16 anos, numa aula do professor Donald Defler, que disse: "As células HeLa foram uma das coisas mais importantes que aconteceram à medicina nos últimos cem anos. Era uma mulher negra". Rebecca indagou: "De onde ela era? Sabia da importância de suas células? Teve filhos?". Ele disse: "Eu bem gostaria de poder lhe contar, mas ninguém sabe nada sobre ela".
Foi a obsessão por ela que levou Rebecca a escrever o livro "contando a historia de Henrietta Lacks e das células HeLa, abordando aspectos importantes sobre ciência, ética, raça e classe". Sobre a foto de Henrietta, diz: "Passei anos contemplando-a, indagando que tipo de vida a retratada levava, o que teria acontecido com seus filhos, o que acharia de células do seu colo de útero vivendo para sempre - compradas, vendidas, embaladas e expedidas aos trilhões para laboratórios de todo o mundo".
Ela e Deborah Lacks, muito mística, ficaram amigas: "Como explica que seu professor de ciências sabia o verdadeiro nome dela, quando todos os outros a chamavam de Helen Lane? Ela estava tentando chamar a sua atenção". Era uma dedução de Deborah aplicável a tudo de Rebecca: ao casamento (ela quis que alguém cuidasse de você enquanto escrevia sobre ela); ao divórcio (ela viu que ele estava atrapalhando o livro); e, quando um editor insistiu em suprimir a família Lacks do livro, feriu-se num acidente misterioso, "Deborah disse que aquilo era o que acontecia com quem irritasse Henrietta".
É um livro que dói. Revela subterrâneos sombrios da produção da ciência e a necessidade de novo contrato social e ético entre ciência e sociedade; para além de maquiagens bioéticas, exige meios reais de contenção de abusos.


Publicado no Jornal OTEMPO em 30/08/2011

ENTREVISTA

Rebecca Skloot  - JORNALISTA CIENTÍFICA, AUTORA DE A VIDA IMORTAL DE HENRIETTA LACKS (Veja vídeo, com tradução para o português)

Clique para ampliar
Escreve sobre ciência e publicou artigos em veículos como The New York Times Magazine, Discover e O: The Oprah Magazine. Atualmente colabora como editora na revista Popular Science e é editora convidada do The Best American Science Writing 2011. Foi correspondente na NPR's Radiolab e na PBS's Nova ScienceNOW. Lecionou escrita científica e de não ficção nas universidades de Nova York, Memphis e Pittsburgh. A vida imortal de Henrietta Lacks, seu primeiro livro, tornou-se best-seller imediato nos Estados Unidos, recebeu inúmeros prêmios e está sendo traduzido para mais de vinte línguas. Será adaptado para a televisão pela HBO, com produção de Oprah Winfrey e Alan Ball. Para mais informações, acesse rebeccaskloot.com

'Li ficções para escrever o livro'

A obra inclui uma pesquisa biográfica e quase um estudo científico, são duas histórias que se cruzam. Como organizou isso?
Foi um desafio colocar aquele tanto de informações sem deixar confuso. Precisava contar as duas histórias ao mesmo tempo porque era importante que o leitor entendesse a parte científica ao mesmo tempo em que conhecesse o lado humano. E queria que o livro fosse lido como ficção, então li muitos romances estruturados assim.

Que tipo de romances?
Um dos que mais ajudaram foi Tomates Verdes Fritos, de Fannie Flagg, que tem três narrativas ao mesmo tempo. E Love Medicine, de Louise Erdrich, e As Horas, de Michael Cunningham. Entre os filmes, o que mais ajudou foi O Furacão, com Denzel Washington. Tomei o cuidado de, como no filme, fazer os capítulos correrem rapidamente para que a história não se perdesse.

O livro vai virar filme?
Sim, está sendo transformado em filme por Oprah Winfrey e Alan Ball para a HBO. Sou consultora de roteiro, assim como a família de Henrietta. / Raquel Cozer - O Estado de São Paulo.

[DUKE] 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mulher ou militante



Na trajetória de Dilma, pesa menos a questão de gênero, tanto que ela recusou o estereótipo maternal que faria par ao paternal Lula. Por Maria Rita Kehl. Foto: AP

Que diferença representa para o Brasil a eleição, pela primeira vez na nossa história, de uma presidente mulher? No plano simbólico, é evidente que a escolha de Dilma Rousseff para presidente ou presidenta do Brasil revela a ausência, ou pelo menos a irrelevância dos preconceitos sexistas na determinação do voto de grande parte dos brasileiros. Também não houve, em público, manifestações machistas em reação aos primeiros problemas enfrentados pela presidenta. Passados quase oito meses desde a posse, os recentes escândalos em alguns ministérios, os primeiros sinais de inflação e o risco de desaceleração econômica provocaram uma queda de 8 pontos na aprovação da presidenta, que ainda -assim continua mais alta do que a de todos os seus antecessores em início de governo-, desde a volta das eleições diretas.
Grosso modo, a escolha de Dilma parece ter sido mais pautada por razões políticas e interesses de classe do que pelo imaginário de gênero. Se assim foi, o mérito é todo dela. Durante os oito anos de seus dois governos, o presidente Lula perdeu grandes oportunidades de politizar os eleitores ao definir a relação necessariamente conflituosa entre a sociedade e seus governantes a partir de metáforas ligadas à vida familiar. Fiel ao seu estilo de “homem cordial”, na acepção de Ribeiro Couto e Sérgio Buarque de Hollanda, Lula desde o início se apresentou como pai dos brasileiros. Antes da campanha de 2010, já apresentava sua futura candidata como a “mãe do PAC”. Dilma comprou o rótulo por conveniência, mas teve o mérito de não encarnar o estereótipo maternal que faria par com o estilo carismático e paternalista de Lula.
Quanto à identificação de Dilma com as causas feministas, vale lembrar que a presidenta em toda sua longa trajetória política – se contarmos desde os anos de militância no grupo VAR-Palmares, na década de 1970 – nunca foi uma típica militante feminista. Como outras raras mulheres independentes de sua geração, as opções políticas da jovem Dilma Rousseff pautaram-se antes por causas universais – liberdade, igualdade, socialismo – do que pelas lutas de gênero, que, no Brasil, só se impuseram com mais força depois da derrota das organizações armadas. Quando as pioneiras das causas feministas começavam a levantar suas bandeiras, por aqui, a militante “Wanda” estava na cadeia.
Os preconceitos sexistas mais pesados contra ela surgiram durante a campanha, não por parte de eleitores, mas dos adversários políticos. O modo violento como a campanha de José Serra tentou explorar a polêmica sobre o aborto, a meu ver, não teria sido o mesmo com um candidato homem. Ao tentar caracterizar a possível simpatia de Dilma pela legalização do aborto como um grave delito de opinião, Serra apostou na convicção popular de que a mulher que não criminaliza o aborto é um monstro que mata criancinhas. Dilma não enfrentou a polêmica com a seriedade que o caso exigia, mas pelo menos não desceu tão baixo. Em todo caso, nunca saberemos até onde a oposição teria chegado se a notícia de um suposto aborto de Mônica Serra não tivesse vindo à baila.
Outro preconceito que se manifestou durante a campanha foi o de que, sendo mulher, a candidata não teria pulso - firme para segurar os “radicais do PT”. Que saudades do tempo em que o PT contava com alguns radicais a incomodar a geleia geral do Congresso. No atual- estado da arte, o governo Dilma corre- mais risco de se descaracterizar em -razão do -excesso de aliados ao centro e à direita do que pela pressão de supostos radicais à esquerda. Além do onipresente PMDB, com sua prática de toma lá dá cá que já se incorporou ao folclore político do jeitinho brasileiro, a barca do governo- terá- de acolher -agora os -intere-sses do novo- PSD, criado pelo prefeito de São Paulo para abocanhar cargos e supremacias junto ao governo federal.
Será mais difícil a uma mulher defender-se da sedução e da chantagem de tais aliados? Não parece. A recente “faxina” (trabalho de mulher?…) executada pela presidenta no Ministério dos Transportes, assim como o atual embate com a “banda podre” do PMDB, a fim de eliminar os cabides de emprego na Agricultura, a despeito das ameaças de perda de apoio por parte da base aliada – problema que só uma reforma política poderia -sanar –, demonstra que Dilma teve a lucidez de perceber que com amigos assim ninguém precisa de inimigos. O destemor da primeira mulher presidente do Brasil, para além de sua forte história de coragem política, pode também ser explicado pela consciência da desvantagem de seu estilo pessoal em comparação com o -carisma popular que permitiu ao presidente Lula ser leniente com a corrupção sem perder prestígio entre eleitores, nem (consequentemente) apoio entre a classe política.

Temas universais. Durante a ditadura, Dilma  Rousseff defendeu a liberdade, a igualdade e o socialismo. Foto: AEsade

Na via oposta, penso que os preconceitos favoráveis a uma candidata mulher também não ajudam a politizar o debate. Seria uma presidenta mais apta a “cuidar com zelo materno” de seu povo? Escolho ao acaso exemplos brasileiros que contrariam tal premissa. Entre as poucas governadoras brasileiras, temos Roseana Sarney, filha de cacique político que governa o estado com o pior IDH do País. No Sul, a ex-governadora Yeda Crusius, em 2009, colocou o aparato militar da PM do estado para intimidar os participantes da festa dos 25 anos do MST. Maternais? Protetoras dos fracos e oprimidos? No Senado, basta mencionar o estilo fálico de Kátia Abreu, ativa defensora dos direitos do agronegócio contra os ambientalistas que tentam preservar o que restou das florestas de Mato Grosso e de outras regiões da Amazônia Legal.
A própria Dilma, se fosse mais “maternal”, teria defendido com maior firmeza a qualidade de vida dos operários da Usina de Jirau, submetidos a condições subumanas no canteiro de obras da Camargo Corrêa. Ou tentaria conciliar a brutal agenda desenvolvimentista com medidas efetivas de preservação da natureza, em prol da saúde das próximas gerações. O compromisso com as causas feministas poderia levar Dilma Rousseff a se manifestar de maneira mais clara no debate sobre a descriminalização do aborto, mas parece que o escândalo que se promoveu em torno do assunto, durante a campanha, contribuiu para transformar o aborto numa espécie de tabu político para a atual gestão.
Outras questões relativas à saúde das mulheres, no entanto, ainda podem ser contempladas no governo Dilma. Os casos mais óbvios seriam novas políticas de proteção à maternidade, com ênfase no amparo às mães adolescentes. Além disso, toda e qualquer melhora no atendimento à saúde de maneira geral beneficiaria as mulheres, acostumadas a cuidar não apenas da saúde dos filhos, mas também de pais, sogros e maridos. Ainda há tempo para esperar da primeira mulher presidente do Brasil medidas que diminuam a desigualdade de gênero no País, sobretudo nas classes mais baixas.
Essa esperança se deve ao fato de Dilma, em sua trajetória pessoal e política, ter escolhido as alternativas progressistas que se apresentaram à sua geração. Afinal, a característica mais marcante da presidenta é sua longa trajetória como militante radical de esquerda. Esse segundo aspecto de sua biografia coloca o País diante de um fato espantoso, bem menos alardeado na imprensa: o de que há menos de quatro décadas a atual chefe das Forças Armadas estava pendurada no pau de arara em uma dependência clandestina desse mesmo Exército, seminua, a levar choques elétricos, pancadas e socos até o limite da exaustão, em consequência de sua participação na luta contra a ditadura. Ali, segundo entrevista concedida em 2009 para o blog do Luis Nassif, a militante “Wanda” aprendeu a “mentir adoidado” para defender os companheiros que ainda estavam em liberdade. Ali, frequentemente perdeu a noção de tempo entre uma sessão e outra, jogada sem roupas no chão de um banheiro frio para refletir melhor se não seria o caso de “tomar juízo” e delatar alguém. O pior da vida no presídio, disse Dilma na entrevista, eram os períodos de espera, sem saber quando e como seria o próximo round com os torturadores.
Por conta desse episódio, Dilma Rousseff conhece o valor inestimável da solidariedade entre companheiras de prisão, homenageadas por ela em um dos momentos mais emocionantes da festa da posse. “Devo grande parte de ter superado (…) e aguentado (a tortura) às minhas companheiras de cela”, declarou Dilma a Nassif na entrevista de 2009, ao mencionar o recurso inteligente e corajoso inventado por elas para “dessolenizar” o medo da tortura através do humor. Cada vez que uma prisioneira era levada para o interrogatório, as outras piscavam um olho cúmplice e ironizavam: “Não se preocupe, companheira. Se você for torturada, a gente denuncia…”
Graças ao que aprendeu com essa experiência, se é que se pode escrever “graças” num caso assim, Dilma teria desenvolvido a capacidade de manter sangue frio diante do torturador, a calcular o que podia ser dito, porque já era sabido, e o que deveria ser calado com falsa tranquilidade, sem nunca afrontar o inimigo para não aumentar sua fúria. Por ironia, não do destino, mas da política, é possível que o exercício democrático do poder venha a exigir que a presidenta recorra, no presente, aos mesmos recursos de resistência que soube desenvolver em sua sinistra temporada nos porões da ditadura. Astúcia e sangue frio podem lhe valer mais do que a força, nas inúmeras vezes em que for encostada contra a parede pelos aliados do governo, caso decida permanecer menos leniente com a corrupção e com o cinismo palaciano do que seu antecessor cordial.
Muito mais significativo diante do profundo conservadorismo brasileiro do que ser governado por uma mulher é ter uma presidenta que conheceu, por dentro e na pele, a violência e o arbítrio da ditadura militar. Nesse quesito, a posição tíbia dos sucessivos governos brasileiros diante da ala conservadora do Exército envergonha o País diante do mundo, em particular a América Latina. De Dilma, que afinal se decidiu a substituir o sinistro Nelson Jobim no Ministério da Defesa, espera-se uma posição decisiva a favor da abertura da investigação sobre os desaparecidos políticos do governo militar, assim como a decisão de tornar públicos os nomes dos assassinos e torturadores, praticantes de crimes de Estado não contemplados pela Lei da Anistia.
Ao fazer valer o direito das famílias dos militantes assassinados e desaparecidos, a presidenta alcançaria também o efeito de prevenir a perpetuação dos assassinatos de jovens das periferias brasileiras por policiais militares, a quem, até hoje, nenhum governante disse com firmeza que tais práticas não seriam mais admitidas por aqui. O Brasil foi o único país da América Latina que encerrou uma ditadura sem julgar publicamente nem punir seus torturadores. Indiretamente, os termos em que se negociou a Lei da Anistia por aqui funcionaram como um aval para a perpetuação da violência do Estado.
No livro O Que Resta da Ditadura: A exceção brasileira (Edson Teles e Vladimir Safatle orgs., Ed. Boitempo), a procuradora Flávia Piovesan cita pesquisa feita pela norte-americana Kathryn Sikkink em que se revela que o julgamento dos crimes contra direitos humanos serve para fortalecer, e não para enfraquecer, o Estado de Direito. A pesquisa de Sikking revela que, depois do fim do período militar no Brasil, a violência policial tornou-se maior do que a da Argentina durante a ditadura. De uma presidenta que foi presa política por ter lutado em favor das liberdades democráticas se espera que atue decisivamente para condenar, no passado, e eliminar, no presente, a violência dos agentes do Estado que a sociedade, envergonhada, acostumou-se a considerar como um traço indelével da “cultura” brasileira.
Dilma Rousseff no Colégio Sion, em Belo Horizonte-MG
Dilma diz que combate à corrupção não pode ser meta de governo
24 de agosto de 2011 às 9:45h
Maria Rita Kehl é psicanalista
FONTE: Carta Capital




Dilma minimiza demissões e diz que faxina não é meta do governo

Presidenta diz que não faz 'escala de demissões' e afirma que sua gestão não é a 'Roma Antiga'


Questionada sobre a crise política que já causou demissões de ministros e gerou tensões na relação com a base aliada, a presidenta Dilma Rousseff disse hoje que "se combate o malfeito sem se fazer disso meta de governo". O comentário foi feito a jornalistas após cerimônia de anúncio da expansão do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), no Palácio do Planalto, em Brasília.
"Não se demite nem se faz escala de demissão, nem sequer demissão todos os dias. Isso não é de fato Roma Antiga", afirmou Dilma. "Tanto a forma como colocam a política do meu governo contra malfeitos chamando-a de faxina, eu não concordo com isso, acho que isso é extremamente inadequado", disse. A presidente afirmou que se combate o malfeito sem se fazer disso meta de governo - "faxina no meu governo é contra pobreza", voltou a defender.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma disse que não concorda com a tese de que está comandando uma "faxina" no governo


Dilma frisou que "a lei é igual para todos", destacando o respeito aos direitos individuais e às liberdades. "É importantíssimo respeitar a dignidade das pessoas, não submetê-las a condições ultrajantes e eu sei disso porque já passei por isso", afirmou.
O discurso de Dilma remete ao episódio da Operação Voucher, realizada pela Polícia Federal (PF), que resultou na prisão de 35 pessoas acusadas de envolvimento em irregularidades no Ministério do Turismo. Na ocasião, o Palácio do Planalto considerou "inaceitável" a divulgação de fotos dos presos.
FONTE: iG

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

BH ainda respira interior & Roteiro lírico e sentimental da cidade de Beagá...

Natália Guimarães, Dudu, Flávia Scalzo

Multidão, correria e engarrafamento... Assim é a vida na cidade grande. Mas tem gente em Belo Horizonte que prefere viver com as lembranças e as tradições do interior. Certos costumes antigos, que pareciam esquecidos, estão bem vivos em alguns poucos bairros da Capital. E tem até escola que escolheu ensinar para os pequenos como era o estilo de vida nas vilas do tempo dos nossos avôs. Confira, na reportagem especial do Hoje em Dia, como modernidade e tradição andam juntas em nossa cidade.

FONTE: Blog do Hoje em Dia

Sobre os irmãos Diniz, proprietários da Mercearia Diniz, meus vizinhos na Cidade jardim, bairro onde resido desde 1989, que aparecem no vídeo, recentemente escrevi:

... Mas como "o costume do cachimbo é que põe a boca torta", às vezes, já deitada, pronta para dormir, levanto-me e ponho a mesa... do café! Olho maravilhada e me dou conta de que, há muitos anos, quando saio para trabalhar, não tomo café. Paro na Mercearia Diniz, bebo um cafezinho, quando muito, como um pão de queijo e toco o carro... É cômodo e compatível com o corre-corre da vida de quem pega no batente cedo.(...)
Fátima Oliveira, in A mesa posta para o café da manhã é uma cultura de ternura, em (19.07.2011). 

Roteiro lírico e sentimental da cidade de Beagá...
Luciana

“O que eu queria mesmo era ir com vocês
Mas já que eu não posso:
Boa viagem, até outra vez”.


Casa do Baile
I
Há um menino, há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão
É meio longe, mas você tem que ir a Pampulha. Ver a Lagoa, a Casa do Baile, os jardins de Burle Marx, a Igreja de São Francisco de Assis, que por mais que você não acredite nessas coisas de religião, vale a pena conhecer pelo traço inconfundível de Niemeyer e pelo mural de São Francisco e a Via Sacra concebidos pelas mãos de Portinari. Se tiver alguma criança boiando na Lagoa, salve.

Mineirão
II
A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa aprender a começar de novo
É como tocar o mesmo violão
E nele compor uma nova canção
Que fale de amor
Que faça chorar
Que toque mais forte esse meu coração
Vá ao Mineirão se puder. Se tiver jogo, melhor. Mas só se for do Galo. O Galo forte e vingador do Atlético Mineiro que é o único time que vale a pena em Beagá – sim, sou parcial. Logo pertinho, tem o Mineirinho – cantarole uma música do Rei e lembre que foi lá que o vi ao vivo e a cores, entre lágrimas e sorrisos.

Mineirinho

III
Muito prazer, vamos dançar
Que eu vou falar ao seu ouvido
Coisas que vão fazer você tremer
Dentro do vestido
As ruas do centro são um aglomerado de nomes de estados e tribos indígenas. Procure pela Tupis e entre no Shopping Cidade. Suba até o último andar e pegue um cinema por lá. Na saída, ainda no piso dos cinemas, entre na Livraria Leitura – vai estar cheio de Drummonds, Sabinos, Rosas, Mendes, Gonzagas.   Acaricie lentamente os livros e siga em frente.



Parque das Mangabeiras (Serra do Curral)
IV
Onde eu possa plantar meus amigos,
Meus discos, meus livros
E nada mais
Passe a tarde no Parque das Mangabeiras e ao anoitecer se dirija para o Mirante. É uma das vistas mais lindas que minha retina já captou. A cidade e o céu todos repicados de estrelas e luzes e a Serra do Curral aconchegando tudo como num abraço. Não tome água de coco por lá que é a coisa mais cara do mundo. Indigne-se e deixe pra tomar água de coco no Nordeste que é mais barato e mais delícia.

Vista do Mirante das Mangabeiras
V
O meu pensamento tem a cor de seu vestido
Ou um girassol que tem a cor de seu cabelo?
Se tiver mais um entardecer por lá, passe-o em meio as rosas estonteantemente vermelhas da Praça da Liberdade. Sente num daqueles bancos rodeados de palácios e acompanhe a dança das fontes. De lá, emende e vá a pé para o pertíssimo Assacabrasa da Gonçalves Dias. Recite poemas do Romantismo, beba guaraná com laranja e peça uns pãezinhos de alho que só esse bar sabe fazer.


Praça da Liberdade
VI
A orquestra já nos chamou
Abriu meu coração, tremeu o chão
Eu vi que era feliz
À luz de um cabaré
Pra lembrar de casa, vá ao Parque Municipal, o pulmão da cidade. Coma algodão doce por lá. Sente a beira do lago e converse durante horas ou leia algumas liras de Marília de Dirceu. Passeie de trenzinho e tenha aquela sensação de cinco anos de idade de volta, mesmo que por um curto trajeto. Siga para o Palácio das Artes que fica logo ao lado. Sempre tem alguma exposição pra se ver, uns cartões postais bonitos pra se comprar. Desça e encontre a livraria do Palácio e a cafeteria. O café fará você lembrar de casa.

Parque Municipal
Palácio das Artes
VII
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente, gente...
Falando em café, tem a Cafeteria. A antiga Cafeteria Três Corações – terra de Pelé, terra de café. A Cafeteria fica em pleno coração da Savassi, que é o coração de Beagá. Sente do lado de fora e bata papo enquanto os tipos mais coloridos da cidade vão passar pela sua frente.

Savassi


VIII
Cai o dia e é assim
Cai a noite e é assim
Essa lua sobre mim
Essa fruta sobre o meu paladar
Pegue a Contorno e desça pelo tobogã. Um frio na barriga que vai lhe provocar aquela adrenalina rápida e confirmar que você está viva! Na Contorno você chegará fácil a um barzinho alemão chamado Stadt Jever, onde deve comer a linguiça com mostarda, ambas preparadas artesanalmente pela própria casa, devidamente acompanhada por um chope de menta – quem estiver lendo isso há de pensar que bebo bonito, mas não há como não beber bonito em Beagá, a cidade com mais bares por metro quadrado do mundo. Ou pelo menos do Brasil, vai.

Feira Hippie da Avenida Afonso Pena
IX
Maravilha, juventude, tudo de mim, tudo de nós
Via Láctea, brilha por nós, vidas bonitas da esquina
Domingo pela manhã, Afonso Pena. A feirinha da Afonso Pena – maior avenida da cidade – que de feirinha não tem nada, cobrindo inúmeros quarteirões com sua diversidade de produtos e, fundamentalmente, de sotaques. É impossível encontrar alguém ali, mas pasme, eu já encontrei. Lá você pode comprar de móveis a jóias; de acarajé a tutu; de camiseta a sapato; de bolsa a quadro. De tudo!

OUÇA: Tavito - Rua Ramalhete , 1979


X
Vem me livrar do abandono
Meu coração não tem dono
Vem me aquecer nesse outono
Deixa entrar o sol
Ainda nas ruas, é imprescindível que você vá a Rua Ramalhete. Que ande por lá, que cante baixinho a música que foi eleita como a cara da cidade. De repente, alguma senhora simpática pode lhe oferecer umas balas delícia de nozes, que nem aquelas que vendem no Extra.



XI
Eu sou da América do Sul
Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais
Mais uma rua: a do Amendoim. Lá, você tem que ir de carro, pra mágica acontecer. Mais não falo que senão estraga a surpresa. Pertinho de lá, tem a Praça do Papa, que disse a poética frase, ao avistar a cidade: “Que belo horizonte!” Nhé!

Serra do Curral

Praça do Papa
XII
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Ao Mercado Municipal você tem que ir acompanhada. Acompanhada de um cavalheiro que compre uma rosa pra você, como todo casal mineiro que se preze faz um dia na vida. Lá, você compra um monte de compotas, queijos e cachaças incríveis e leva pra casa pra comer e beber que nem uma louca, morrendo de saudade de Belo Horizonte. Se for politicamente correta, como acho que é, não vai querer tomar peixe, portanto não vou sugerir.




XIII
Seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto pra te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar
Pegue o querido 4111 – leia-se quarenta e um onze – e desça no comecinho da Vitório Marçola. Lá você vai encontrar o Tatiara, ou simplesmente Tati. Peça uma cerveja, uma das comidinhas de boteco deles – tanto faz qual, todas são de dar água na boca – ouça boa música. Quer mais?

Viaduto Santa Teresa
Pça Santa Tereza - Foto: Jose Carlos AlexandrePraça Santa Teresa
XIV
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Caminhe sem rumo pelas ruas de Santa Teresa. Fique atenta a cada esquina. Cada esquina de lá é um clube; cada esquina de lá é um bar; cada esquina de lá tem uns garotos escutando Beatles; cada esquina de lá tem uns meninos inventando um novo som. Tem um Brant, tem um Bituca, tem um Flávio. Tem aqueles irmãos Borges. Tem um Beto. Um 14-Bis voando no céu. Um girassol da cor do seu cabelo. Uma noite com sol. Em Santa Teresa, você corre o risco de querer ficar pra sempre porque lá é fácil sentir que “sou do mundo / sou Minas Gerais”. Apesar de, no fundo, eu querer mesmo é morar no Sion.

Ficheiro:Bairrosion.jpg* O título é alusivo ao livro Roteiro lírico e sentimental da cidade do Rio de Janeiro, escrito por Vinicius de Moraes.
PS - Há mais ou menos um ano, a Patrícia me pediu que fizesse um roteiro de viagem para Belo Horizonte. Ela ia passar uns dias por lá, nos feriados de abril. Infelizmente o passeio não rolou e até hoje ela não conhece a cidade que eu tanto adoro. Tomara que um dia possamos passear juntas por lá...
Resolvi republicar esse texto porque no medidor do portal, Belém não existe no mapa, de modo que meus acessos são registrados como se fossem de Belo Horizonte! Não é lindo? Não, não é, mas é curioso, porque eu sempre quis - e de vez em quando ainda quero - morar em Beagá. Então mesmo eu estando aqui, meus acessos são de lá...
Mostrei dia desses este roteiro a pessoa que me apresentou muitos desses lugares e ela disse: "Puxa, Lu, a Cafeteria fechou. Agora é uma loja de telefonia celular..." Fiquei triste porque a Cafeteria foi um dos primeiros lugares que eu conheci em Belo Horizonte e também porque a Patrícia não vai conhecer... Mesmo assim, resolvi deixar o roteiro original, com ela no meio.


Blog da autora: Cintaliga
www.interney.net/blogs/cintaliga
FONTE:
Cintaliga


Em Belo Horizonte existe um lugar Luciana

Olha, existe um lugar. Uma cidade bem maior do que a minha província, mas com o mesmo espírito leve. Uma cidade cheia de sobe e desce, gente bonita, ipês cor-de-rosa e friozinho. De umas pessoas com sotaque docinho que, quando você vê, está falando igual.
Certa vez li um texto que descrevia um belo-horizontino. Falava daquelas coisas que só quem ama muito uma cidade sabe. E eu sabia. E achei tão bonito ser belo-horizontina. Porque foi a partir de lá que fui a Ouro Preto descobrir as belezas árcade-barrocas que minha professora tão bem contava. Foi lá que fiz amizade com a Ana Maria, uma professora linda de Ilhéus, que disse que se tivesse uma filha teria que ser eu e me adotou, me dando uma família baiana inteira de amor e amizade.

Serra do Curral

São tantos os lugares. O Mercado Central com sua confusão de queijos, flores, galinhas, livros, peixes e vinhos. O Mirante do Parque das Mangabeiras onde se vê o céu todo inundado de estrelas e o chão rebordado de luzes. A Serra do Curral aconchegando toda a cidade no colo. As rosas vermelhas mais estonteantes que já vi da Praça da Liberdade. Os cineminhas do Shopping Cidade. O Mineirão e o Mineirinho onde vi o show do Rei entre lágrimas e sorrisos. A Rua do Amendoim que só quem conhece sabe. O obelisco da Praça Sete que todo mundo chama naturalmente de Pirulito, sem parecer vulgar. A Praça do Papa – e quando falo em Papa falo em João Paulo II, o Papa da minha geração. O Parque Municipal em plena Afonso Pena, como um pulmão verde. O querido 4111, que cruza a cidade do Coração Eucarístico ao Anchieta. A Cafeteria Três Corações, em pleno coração da Savassi. A Rua Ramalhete que é a canção da cidade. As balas delícia de nozes, do Shopping Bahia.
Sion, Contorno, Cruzeiro, Raja, Palácio das Artes, Livraria Leitura, Dadá Maravilha, Galo Forte Vingador, Tatiara, Pelé, Diadorim, Gonçalves Dias, Olium, Encontro Marcado com Hilda Furacão no Stadt Jever.
A Cida, o Gil – que é de Aracaju, mas foi meu amigo lá. A personificação do que é simples sem ser simplório – meu professor, Hugo Mari, que pedia vinho tinto quando vinham oferecer água durante as aulas. A Rose, uma professora de História que canta que nem bem-te-vi e coloria o inverno de Belo Horizonte com sua voz.
Beagá é a cidade onde pela primeira vez entrei pela frente do ônibus. É mais. É um projeto de livro de crônicas, porque eu acho que crônica é o que mais combina com BH. Beagá é um salão de bairro perto da PUC, um metrô de bancos verdes, uma padaria fofa na Vitório Marçola. É o lugar, depois da cidade onde moro, no qual mais eu sei andar, em que mais eu gosto de me perder. Porque Beagá é todo um tempo que se perde, mas se ganha, dentro de um espaço de nostalgia e lembrança. Saudade. Pra definir essa cidade, essa palavra tinha mesmo que entrar. 31 da Telemar. Beagá não tem mar e segundo o poeta o mar chora por não banhar Beagá. Mar de montanha e de riso. Ana e Pedro. Clube da Esquina.
Se Deus cantasse, com a voz de Milton o faria. Se Deus me ouvisse, para lá me mandaria. Um triângulo vermelho no lugar do coração e uma liberdade ainda que tardia. Tudo isso pra lembrar que Belo Horizonte era tudo o que eu queria.
Pra ouvir pelas ruas de Belo Horizonte ou pra ouvir em qualquer lugar e se sentir pelas ruas de Belo Horizonte: Rua Ramalhete - Lambada de Serpente - Noites com Sol - Para Lennon e McCartney - Fotografia - Não vou sair - Noite do Prazer - Tanto - Começo, meio e fim - Nada pra mim - Beatriz - Sangue Latino - Ciranda da Bailarina - Sempre Assim - Casaco Marrom - Meu amigo Pedro - Colo de Menina - Relicário - Chega de Saudade - Eu te amo - As canções que você fez pra mim - Trocando em miúdos.

 Praça Sete
PS1 – A Cafeteria Três Corações e o Shopping Bahia fecharam, infelizmente. Mas aqui nesse texto eles ainda têm espaço. Que nem no meu coração.
PS2 - Olha, já que você vai pra Beagá que pra mim é o melhor lugar até mesmo pra rimar, minhas impressões mais queridas, minha saudade e meu desejo de boa viagem. 

22.06.07
FONTE: Cintaliga

Praça da Estação

Publicado no Site Lima Coelho em 08.04.2008
Alameda central da Praça da Liberdade com decoração especial.Iluminação de Natal da Praça da Liberdade (2010)
Se você é belorizontino...
Luiz Caversan

- Você sabe como se escreve belorizontino.
- Você sabe que a Savassi não fica na França.
- Você já tomou banho de mangueira e você sabe o que isso significa.
- Você já participou de pelo menos um campeonato de peteca.
- Você já tentou dar a volta na Lagoa da Pampulha de bicicleta partindo da frente do Iate, do PIC ou do Museu (existem lendas vivas que conseguiram).
- Você acha a maravilhosa vista da orla da Lagoa da Pampulha a coisa mais normal do mundo.
- Você acha a maravilhosa vista da Serra do Curral a coisa mais normal do mundo.
- Você acha que ver montanhas no horizonte é uma coisa totalmente corriqueira.
- Você sabe por que a Serra do Curral chama-se Serra do Curral.
- Você já andou de bicicleta ou patins no estacionamento do Mineirão.
- Você já foi ao Mineirão pelo menos uma vez, nem que tenha sido naquelas excursões básicas da escola.
- Você sabe que o verdadeiro nome do Mineirão é Estádio Governador Magalhães Pinto.
- Você tem o Atlético ou o Cruzeiro no coração. Para você, torcida do América é sinônimo de fusquinha.
- Você sabe que Três Lobos não é o pior pesadelo dos três porquinhos.
- Você sabe que Redondo não é um cara gordo.
- Você sabe o que é um coreto.
- Você vai à Praça da Liberdade ver a iluminação de Natal. Ou você pelo menos tenta. Porque é impossível estacionar o carro, então você fica dando voltas ao redor da praça com o carro no meio de um congestionamento monstro tentando ver os detalhes.
- Você já fez pão-de-queijo ou já viu alguém fazer pão-de-queijo.
- O pão-de-queijo da sua avó é o melhor.
- Todo domingo você almoça na casa da sua avó.
- Você conhece pessoas que medem as distâncias com morros. Ex.: "Daqui até lá são 3 morros."
- Você sente vertigem em lugares planos.
- Você é sócio de pelo menos 1 clube.
- Você não tem mar por isso vai ao bar.
- Você não sabe o que é maresia.
- Você acha que homens se vestirem de mulheres e vice-versa e irem para a Afonso Pena algumas semanas antes do Carnaval é normal (Fenômeno conhecido como Banda Mole).
- Assistir a jogos da seleção ou a jogos importantes do Galo ou do Cruzeiro na Savassi é típico.
- Comemorar as vitórias dos times na Savassi é tradição. (Não só a vitória do seu time como também a derrota do rival)
- Você vai ao Shopping pelo menos 1 vez na semana.
- Você sabe que a Feira Hippie não tem nada a ver com Woodstock e que lá praticamente não tem hippies.
- Quando alguém te chama para tomar um cafezinho na casa dele "qualquer dia desses" você sabe que você nunca irá na casa desse alguém.
Você sabe de cor o telefone do Telepizza Mangabeiras.
- Uai é ponto final, ponto de exclamação e vírgula.
- Trem é a palavra curinga.
- Você já deve ter dito a frase: "Eu fui ali no trem coisar o troço."
- Você tem um churrasco para ir todo final de semana.
- Você adora ir ao Mineirão ou Mineirinho quebrar um recorde básico de público.
- Você sabe diferenciar a torcida da cachorrada da torcida da bicharada.
- O Parque Guanabara faz parte da sua infância.
- Você já sentiu a força da gravidade na Rua do Amendoim.
- Você já fez caminhada ecológica para ver as cachoeiras da Serra do Cipó.
- No colégio, você foi à Gruta da Lapinha.
- Você não vê nada de estranho em uma Igreja em forma de montanha.
- Você já foi soltar papagaio na Praça do Papa.
- Você já andou de pônei no Parque Municipal.
- Você sabe que o nome: "Pirulito da Praça 7" é obsceno mas é tão comum e você simplesmente esquece isso.
- Você sabe que Pampulha é uma região e não um bairro.
- Você pode até não gostar de café, mas você já foi ao Café 3 Corações.
- O dia 15 de agosto é feriado para você.
- Você entende a música Garota Nacional do Skank.
- Você já deve ter encontrado a Fernanda Takai do Pato Fu pelas ruas de BH. Se nunca encontrou, não preocupa porque fatalmente você vai encontrar.
- Você sabe porque todo mundo quando escuta um foguete, tiro, trovão e etc grita Galo!
- Você sabe que o Sepultura nasceu em Santa Tereza.
- Você sabe o que é CAOL.
- Você conhece o Palhares. (Não é uma pessoa).
- Você já foi ao Mercado Central comprar bichinhos.
- Você já tomou cerverja (de pé) no mercado central, comendo bife de fígado acebolado com giló.
- Você já dançou o xenhém-nhém pelo menos para pagar uma prenda.
- Você sabe o que é pagar prenda.
- Você sabe que o pessoal de Lagoa Santa, Contagem, Vespasiano sempre tira onda dizendo que mora em Belo Horizonte.
- Você não agüenta mais a quantidade de semáforos sem nenhum sentido lógico.
- Você não pode morar longe da Savassi !!!
- Você sabe que a 6 Pistas não tem nem nunca vai ter 6 Pistas

Se você não entendeu absolutamente nada do que foi dito acima, é uma pena! Tem coisas que a gente não explica, só sente...
Mas se você entendeu pelo menos a metade, parabéns: você realmente é belorizontino!
(01.06.2001)

500 mil microlâmpadas são usadas na decoração da
                Praça da Liberdade  (Foto: Adão de Souza)
500 mil microlâmpadas são usadas na decoração da Praça da Liberdade (Foto: Adão de Souza)
Gruta da Lapinha
Serra do Cipó
Luiz Caversan, é jornalista, produtor cultural e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos Cotidiano, Ilustrada e Dinheiro, entre outros. Escreve para a Folha Online. -  E-mail:
caversan@uol.com.br
FONTE: www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/luizcaversan/ult513u383295.shtml