Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br
Ano passado, fazia a sesta quando ouvi: "Mãe, depressa, vê!". E ligou a TV do quarto. Deveria ser sério, pois a norma é jamais acordar alguém ou chamar para atender à porta ou o telefone durante as refeições, a não ser em caso de urgência urgentíssima. São normas da criação de minha família original: o sono e o horário das refeições são sagrados.
R. Peixoto |
Dispensei uma babá que dizia que carregar menino em carneiro não era serviço dela! Ela tinha suas razões e eu, as minhas. De dia, o "Bé" ficava amarrado num pé de manga do condomínio; e à noite, no quintal... Um "processo": banho, alimentação e lavar o quintal toda manhã. "Senhora, esse carneiro ainda vai me fazer pedir baixa na carteira! Ô coisa impertinente esse bééééé dele acordando a gente. Os meninos gostam do ‘bichim’, mas ô coisa atentada!". Era a cozinheira quando amanhecia "atacada". Ficou conosco até se formar em pedagogia.
Menino com carneiros, Enrico Bianco, 1998 |
Meninos com Carneiros, Enrico Bianco |
Nos jardins do palácio imperial, em Petrópolis, os netos de Pedro II vivem os últimos dias da monarquia. Atrás do carro, o primogênito dom Pedro de Alcântara. Dom Luiz, fundador da dissidência familiar que hoje disputa a continuação da dinastia, aparece montado no carneiro. Dom Antonio, o caçula, está na boléia. A foto é de 1889. O BAÚ DE SUA MAJESTADE (Veja 25.03.98) |
Ao rever o vídeo, foi inevitável comparar com o livro "Hino de Batalha da Mãe Tigresa" (Battle Hymn of the Tiger Mother), que está dando o que falar nos Estados Unidos e na Europa, no qual a autora, Amy Chua, professora da Universidade de Yale, casada com um judeu norte-americano, também professor de Yale, relata a experiência de criar as filhas - Louisa e Sophia - à "moda chinesa": disciplina férrea para tudo.
Estudo Menino com carneiro, Enrico Bianco |
Decididamente, sou mais Miguel Durães.
Jornal OTEMPO em 01.02.2011
www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=14161
Republicado no Site Lima Coelho
www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=4742
Ovelhas no jardim
"Menino com Carneiro", Jurandi Assis, Santa Maria da Vitória, Bahia, Brasil |
Fátima, as ilustrações tornaram a tua crônica uma obra de arte
ResponderExcluirOi Fátima, me apaixonei pelos carneirinhos
ResponderExcluirBeleza de crônica Fátima. As ilustrações são encantadoras
ResponderExcluirUma crônica de muita beleza e as ilustrações são mesmo obra de arte
ResponderExcluirAchei fantástico
ResponderExcluirUma crônica bonita e de muito sentimento e apego às coisas do sertão
ResponderExcluirFátima, adoro ler tuas crônicas de memórias
ResponderExcluirFiquei muito feliz de ler uma crônica sobre o meu maior companheiro de infância: um carneiro, que eu também montava nele lá em Petrolina
ResponderExcluirA MORTE DO MEU CARNEIRINHO
ResponderExcluirVinicius de Moraes
Não teve flores
Não teve velas
Não teve missa
Caixão também…
Foi enterrado
Junto à maré
Por operários
Mesmos do trem…
A flor do orvalho
Pendeu da nuvem
E pelo chão
Despetalou…
O céu ergueu
A hóstia do sol
E o mar em ondas
Se ajoelhou…
Cortejo lindo
Maior não houve
Desse amiguinho:
Iam vestidas
Com a lã das nuvens
Todas as almas
Dos carneirinhos!
Os gaturamos
Trinaram hinos
No altar esplêndido
Da madrugada;
E o vento brando
Desfeito em rimas
Foi badalando
Pelas estradas!
Fiquei boquiaberta! Uma crônica divina e maravilhosa!
ResponderExcluirOi Gilmar, que linda a poesia do Vinicius. Gostei da crônica também.
ResponderExcluirEmociona, pois é um texto profundo e terno
ResponderExcluirUma crônica na quala flora toda a sensibilidade da autora
ResponderExcluirFiquei emocionado porque quando criança sonhei muito com um carneirinho e nunca tive um
ResponderExcluir