Em outubro de 1992, ainda na interinidade, Itamar manifestou publicamente sua indignação: "Que modernidade é esta que produz tanta fome e tanta miséria?". Este contraponto inaugurou uma força sinérgica que integrou a confiança e a colaboração do novo governo com os setores populares e progressistas da sociedade brasileira, em especial com o Movimento pela Ética na Política.
Rio Paraibuna, Juiz de Fora -MG
TRAJETÓRIA: Como foi a vida do homem que deixou Juiz de Fora para se tornar presidente
Juiz de Fora-MG |
Movimento gerador de um modelo inédito de integração e responsabilidade compartilhada entre o governo e sociedade, Betinho foi símbolo e ícone desta inédita e saudosa mobilização cívica de amplitude nacional pelo impeachment da fome, arquitetada pela engenharia política de Itamar.
" Itamar manifestou publicamente sua indignação: Que modernidade é esta que produz tanta fome e tanta miséria? "
Itamar teve a sabedoria e humildade de ouvir e incorporar sugestões vindas de fora do governo, e construir no âmbito governamental propostas com consistência técnica capazes de ganhar o respeito e adesão da sociedade. Ainda em outubro de 1992 reuniu-se com a Frente Nacional de Prefeitos, coordenada pela prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, e acatou um conjunto de sugestões, dentre as quais a retomada e descentralização da merenda escolar e a administração dos estoques de alimentos, alvos de desvios, desperdício e corrupção.
"Itamar teve a sabedoria e humildade de ouvir e incorporar sugestões vindas de fora do governo "
O combate à fome torna-se eixo prioritário e articulador com participação do Partido dos Trabalhadores. Lula junto e mediado pelos senadores Pedro Simon e Eduardo Suplicy, ainda em janeiro de 1993, sobe a rampa do planalto pela primeira vez.
Grupo de trabalho com representantes do governo e da sociedade formataram o Plano de Combate à Fome e a Miséria com a participação de todos ministérios e agregaram ao mesmo o "Mapa da Fome", elaborado pelo Ipea. O Brasil tomou conhecimento que 32 milhões de brasileiros passavam fome.
O Consea, instalado em 13 de maio de 1993, foi presidido durante todo o tempo por Dom Mauro Morelli, bispo de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Com uma visão religiosa libertária e comprometida com as lutas populares deu uma contribuição inestimável a todo esse processo ao lado de Dom Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB, conselheiro do Consea e uns dos grandes articuladores da Ação da Cidadania junto com Betinho.
Em 24 de junho de 1993, Itamar cede o horário privativo ao Presidente da República e dá vez e voz à sociedade pela primeira e única vez na história do Brasil. Mais uma vez, uma mudança de paradigma quebra a liturgia do poder. Betinho e Dom Mauro, em rede oficial de rádio e TV, convocam os brasileiros a participarem da Ação da Cidadania Contra a Fome a Miséria e pela Vida, naquele dia formalizada. Milhares de comitês, milhares de militantes, inspirados e movidos por um gigante da sociedade, com o corpo fragilizado pelo vírus do HIV, Herbert de Souza.
Natal sem Fome, Lei Orgânica da Assistência Social, Erradicação do Trabalho Infantil, Genéricos, Plano Real, Reforma Agrária, foram tantas as realizações e conquistas que me fizeram escrever "Era Outra História". Para me ajudar convidei pessoas que não só fizeram esta história, mas se uniram e ainda estão unidas numa mesma dimensão do agir e de pensar por um tempo onde o econômico seja um meio e não um fim como acreditava e ensinava o presidente Itamar.
* Denise Paiva - Assistente Social e ex-assessora de Itamar como prefeito, senador Constituinte e presidente da República. (14.07.2011)
LEIA +:O legado de Itamar Franco
FONTE:Tá lubrinando – escritos da Chapada do Arapari
Indicação de leituras:
(Editora UFJF)
"Pelas moedas de ouro da amizade", Itamar por Denise - Fátima Oliveira
DUKE
Uaaaaaaaaaaau, Valeu Denise! Maravilha que você e Fátima Oliveira bateram o maior papão. Adorei teu artigo e ele valioso porque voc~e é testemunha ocular da historia de Itamar Franco presidente.
ResponderExcluirOi Denise, gostei muitísimo do seu artigo. Espero que você escreva mais sobre o presidente Itamar Franco.
ResponderExcluirParabéns Denise!
ResponderExcluirEntão a Denise Paiva existe e apareceu?
ResponderExcluirGostei muito de seu artigo.
Cara Denise Paiva, repito aqui comentário que fiz no artigo da Dra. Fátima Oliveira, "Pelas moedas de ouro da amizade", Itamar por Denise":
ResponderExcluir"Parabéns. Itamar foi um presidente nota dez"
Olá Denise, dia 14 de julho escrevi um comentário no artigo da Fátima Oliveira sobre o presidente Itamar. como o Waldir Pimenta, vou repeti-lo aqui:
ResponderExcluir"Eu nunca havia ouvido falar em Denise Paiva. Talvez por ser muito jovem (19 anos). Mas fiquei encantada com ela e gostaria que ela escrevesse sobre a face Itamar-amigo. Tenho enorme admiração por ele, pelo papel que teve de acolhimento da juventude em seu governo."
Denise teu artigo, como o de Fátima Oliveira, faz justiça a um homem público inatacável.
ResponderExcluirFiquei muito feliz ao ler seu artigo porque eu sempre tive um carinho enorme pelo presidente Itamar Franco. Acho que a grande mídia insiste em não reconhecer o papel dele enquanto presidente. Mas o MST disse muito bem naquela carta quando ele morreu. Foi claro, foi o único presidente até agora que considerou a reforma agrária um caso de política e não de polícia, na prática. Porque Lula e Dilma até agora só ficam no discurso. O MST que o diga.
ResponderExcluirDenise Paiva e Fátima Oliveira fiquei encantada com ambas. Devem ser mulheres de fibra. Guerreiras e, sobretudo, GENTE
ResponderExcluirParabéns Denise!
ResponderExcluirOi Denise, a Fátima fez uma proposta, - em "Pelas moedas de ouro da amizade", Itamar por Denise - lembra?
ResponderExcluirEla disse: Denise: falta um livro para o povo conhecer mais quem ousou ser um aldeão tolstoiano - "Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia" -, falando: "O poeta Fernando Pessoa dizia que o Tejo é bonito, porém mais belo é o rio que passa na aldeia da gente. Eu prefiro o rio Paraibuna ao lago Paranoá".
E aí, o que vc nos diz?
Confesso que o presidente Itamar Franco pra mim não fedia e nem cheirava, no aspecto de achá-lo isso ou aquilo, apenas sempre soube que era um homem honrado; que não era um ladrão, como muitos ex-presidentes. E ser honesto, que é obrigação dos políticos, mas é uma qualidade bem rara, era amarca que eu tinha dele. Só me interesei por ele, enquanto personagem política depois que morreu. E digo foi um dos grande shomens públicos do nosso país. É preciso buscar formas do Brasil reverenciar sua memória como político, como homem e como amigo.
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