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terça-feira, 5 de julho de 2011

Entre "Miss" e toalhinhas arrematadas em "ponto Paris"

DUKE
Os lucrativos negócios da indústria farmacêutica
Fátima OliveiraMédica - fatimaoliveira@ig.com.br

Pense numa doidice: nas meninas, o negócio é retardar um rito de passagem, a menarca, a primeira menstruação; nas jovens, suprimir o ciclo menstrual; e, nas climatéricas, mantê-lo ad infinitum, como signo da eterna juventude! Falo de lucrativos negócios da indústria farmacêutica, nada saudáveis. Iatrogenia, talvez. Sabe-se o lugar da menstruação, desnecessária na maioria dos mamíferos, na procriação humana. Ignora-se por que as mulheres menstruam. A menopausa foi confirmada apenas em elefantas, baleias jorobadas e mulheres! O curto ciclo de vida e a teoria do envelhecimento de Medawar não respondem.
Conheça os tipos de absorventes íntimos - Foto: Getty Images Sem mencionar o desconhecimento dos danos de submeter a hipófise e os ovários a longos períodos de repouso forçado, por ação da "pílula", a Food and Drug Administration dos Estados Unidos comunicou que os efeitos colaterais da pílula antimenstruação são os mesmos da pílula anticoncepcional, cuja decorrência frequentíssima é a trombose venosa profunda (TVP) - coagulação do sangue nas veias em momento ou local inadequados, ocasionando obstrução venosa parcial ou total e inflamação da parede da veia, podendo causar embolias pulmonar e cerebral (AVC). É a inofensiva!
Absorventes internos




[Tampax5-69.jpg]
Fui aos meus guardados, incomodada com as matérias louvando as benesses de não menstruar e a inutilidade de menstruar, como a publicidade "Viva sem menstruar" - invocando a "sujeira", a falta de higiene e até o "veneno" do sangue menstrual! -, que "quase" diz que menstruar faz mal, a exemplo do ginecologista Elsimar Coutinho no livro "Menstruação, a Sangria Inútil". Escrevi "As ‘regras’ e a camisinha" (2003); "As cobaias da terapia de reposição hormonal" e "O ‘estado da arte’ da terapia de reposição hormonal (TRH)", sobre a menopausa - palavra de origem grega: fim dos períodos menstruais, estágio fisiológico da vida da mulher.
VIVA SEM MENSTRUAR VIVA SEM MENSTRUAR   WWW.VIVASEMMENSTRUAR.COM.BR
Neles discorro sobre as formas de "regulação social" de processos biológicos naturais das mulheres, como menstruação e menopausa, via "medicalização" - instrumento de poder político de apresentar e traduzir velhos conceitos e mentiras misóginas com novas roupagens. No tópico "Um olhar da sociologia na medicalização do corpo da mulher", destaco que fatos naturais inerentes à menstruação e à menopausa são diagnosticados e tratados como doenças!



Em "As ‘regras’ e a camisinha", escrevi: "As minhas filhas foram festejadas quando menstruaram a primeira vez. No jantar de uma delas, o Gabriel disse: ‘Não sei por que a gente tem de jantar fora só porque essa menina ficou ‘misturada’. E ainda ganhou flores porque agora vai usar Modess!’".

É uma líder - nas idéias, no vestir, no viver. Em proteçâo higiênica, ela exige Modess. Porque ela exige confôrto e segurança em todos os dias do mês. Sua maciez... uma absorvência sem igual e - mais que tudo - a higiene de Modess (usa-se uma vez e joga-se fora) fazem-no indispensável. E o suficiente para um mês custa menos que um vidrinho de esmalte (1959)].


Tive menarca quando Rita Lee não cantava "Mulher é bicho esquisito/ Todo o mês sangra" ("Cor de rosa choque"). Um trecho: "No Maranhão se dizia: ‘ficar moça’. Estava com 11 anos. Acordei uma tarde suja de sangue. Apavorada, tomei banho. Vovó perguntou por que eu estava ‘banhando’ tão cedo da tarde. Disse que sentia calor... Naquele noite, não brinquei de roda. Sentia um medo que me apertava o peito. Foram horas de sofrimento solitário...

Absorvente Miss Classic Com 08 Unidades
www.ohyun.de


Voltei para o internato com peças novas em meu enxoval, as toalhinhas da menstruação, embora levasse também seis caixas de ‘Miss’ - uma marca de absorvente da época. Vovó e mamãe brigaram. Vovó mandou fazer as toalhinhas e mamãe dizia que era para levar o ‘Miss’. Como não se entenderam, coloquei os dois na mala. Nunca usei as toalhinhas, porém guardei-as durante anos. Se perderam no tempo. Eram uma dúzia, arrematadas em ‘ponto Paris’. Verdadeiras joias!".

Rita Lee - Cor de rosa choque ao vivo (1983)





Miniatura Cor de rosa choque
Gravação original: http://youtu.be/v-SiV2EdMwE
RECICLANDO CONCEITOS (Júlia Kacowicz)
Publicado no Jornal O TEMPO em 05.07.2011
LEIA COMENTÁRIOS TAMBÉM EM:
Blog Saúde com Dilma
Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR)
SITE LIMA COELHO
VI O MUNDO
Coletores menstruais
 Coletores menstruais



O local da colocação é esse:


Bioabsorvente ecológico

Absorvente de toalha
[picture%201.jpg] Absorvente reutilizável
(1982)


Cor de Rosa Choque
Rita Lee
[Composição: Rita Lee e Roberto de Carvalho]

Nas duas faces de Eva
A bela e a fera
Um certo sorriso
De quem nada quer...


Sexo frágil
Não foge à luta
E nem só de cama
Vive a mulher...


Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque...


Mulher é bicho esquisito
Todo o mês sangra
Um sexto sentido
Maior que a razão
Gata borralheira
Você é princesa
Dondoca é uma espécie
Em extinção...


Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque...
Minha neta Clarinha... de cor de rosa choque















Moda criada do lixo pelo estilista Walter Raes

21 comentários:

  1. Lindo, lindo, mil vezes lindo

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  2. Muito massa. Conteúdo e ilustrações

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  3. Fátima, são tantas coisas, sobretudo essa de dizer que menstruar não é BOM, que tenho até medo.
    Fiz uma viagem no tempo lendo a tua crônica.
    Eu também tive a menarca nates de Rita Lee cantar a menstruação

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  4. Nota mil, especialmente porque colocou na roda nas ilustrações os absorventes ecológicos
    .....
    ABSORVENTES CONSCIENTES

    Sou um princípio de consumidora consciente. Cada vez que entro em blogs e comunidades sobre consumo sustentável vejo que ainda tenho muito o que mudar. E aprender. Principalmente, aprender.

    Esse aprendizado pode se dar lentamente, como a noção da redução do lixo que produzimos em casa. Levei alguns anos para me dar conta que reciclar é ótimo, mas a quantidade de material que mandamos para reciclagem é absurda. Bom mesmo é produzir menos lixo. Hoje já vou ao supermercado pensando nisso e escolho muitos produtos por conta da embalagem.

    Agora, tem outros aprendizados que nos pegam de surpresa. Confesso que nunca havia pensado numa opção para o absorvente descartável. Quando soube, através de um texto da Silvia Schiros que havia alternativa para eles, me senti tão amadora! Nunca tinha sequer questionado esse tipo de lixo! Me lembro que minha mãe, quando eu era pequena, usava toalhinhas. Mas era uma coisa tão pouco prática, que exigia uma técnica perdida no tempo, de cintas elásticas para prendê-las, lavadeiras de roupa e bacias quarando no sol.

    Uma volta a este tempo é impensável. Simplesmente não dá. Mas a capacidade do ser humano em resolver problemas é inacreditável. Pois hoje, a mulher que quiser menstruar sem poluir tem opções muito práticas e confortáveis. Aliás, uma delas, dizem, mais confortável que qualquer absorvente. Compartilho com vocês o que descobri até o momento.

    1. ABIOSORVENTE absorvente reutilizável. Bonitinhos, 100% algodão, fáceis de usar, ficam bem presos na calcinha. Aqui tem um link para o site da fabricante, onde se pode comprar online e conferir links sobre menstruação consciente e de fabricantes de absorventes reutilizáveis em outros países. Vale uma visita. O site se chama Coisas de Mulher
    2. COLETORES MENSTRUAIS. Esses, para mim, foram a descoberta mais legal. Eles existem desde 1930, mas NUNCA, JAMAIS, ouvi falar. De repente, de novo a Silvia Schiros comenta inocentemente, vou pesquisar e descubro que o negócio está se expandindo muito, conquistando cada vez mais mulheres e todas, colocam comentários maravilhosos de como eles são práticos, fáceis de usar e muito mais confortáveis que os absorventes descartáveis ou os tampões.

    Os coletores menstruais são copinhos, de borracha ou silicone que a mulher coloca dentro da vagina para coletar o sangue da menstruação. Depois de algumas horas, tira, joga o sangue fora, lava e coloca novamente. Simples assim. Não é nojento, pois como o sangue não tem contato com o oxigênio, ele não oxida (fica escuro e cheirando mal). Não deixa resíduo algum no planeta. Não vaza (o tamanho é suficiente para muitas horas de coleta). E para quem se acostuma (dizem que 1 ou 2 ciclos são o suficiente) é ultraconfortável. Tem gente que afirma que é como se não estivesse menstruada.

    Seguem links sobre a novidade. E dicas para comprá-los na rede.

    1. Texto da Silvia Schiros no Faça a Sua Parte.

    2. Matéria do Guia Vegano, com links sobre os vários fabricantes (todos gringos) de coletores menstruais.

    3. Texto de uma mulher narrando sua experiência com o coletor menstrual, no site Veg Vida.

    4. A história dos coletores menstruais, com fotos interessantes sobre o desenvolvimento do produto.

    5. Comunidade no Orkut sobre os coletores menstruais.

    Onde comprar seu coletor:
    Por enquanto, os coletores são vendidos pela internet. Nos links dos fabricantes, você encontra várias lojas virtuais que entregam no Brasil. Vai depender da marca ou do modelo que você preferir.


    http://ombudsmae.blogspot.com/2008/11/absorventes-conscientes.html

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  5. O artigo é profundamente científico. Suas historia são memórias bem bonitas e Clarinha é uma deusa da vovó! Ela é linda demais

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  6. Estou chocado.
    A gente tem de confiar em quem afinal?

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  7. Adorei. Como sempre, você se supera. Divulguei em minha página do FB e na lista das Blogueiras Feministas da qual faço parte. Maior sucesso. Beijos.

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  8. Gostei do conceito de medicalização da menstruação e da menopausa. Já o conhecia, mas não era tão claro. Agora eu o entendi melhor.

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  9. (ofereço à Fátima Oliveira)

    AVISO DA LUA QUE MENSTRUA
    Elisa Lucinda

    Moço, cuidado com ela!
    Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
    Imagine uma cachoeira às avessas:
    cada ato que faz, o corpo confessa.
    Cuidado, moço
    às vezes parece erva, parece hera
    cuidado com essa gente que gera
    essa gente que se metamorfoseia
    metade legível, metade sereia.
    Barriga cresce, explode humanidades
    e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
    mas é outro lugar, aí é que está:
    cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
    Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
    que vai cair no mesmo planeta panela.
    Cuidado com cada letra que manda pra ela!
    Tá acostumada a viver por dentro,
    transforma fato em elemento
    a tudo refoga, ferve, frita
    ainda sangra tudo no próximo mês.
    Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
    é que chegou a sua vez!
    Porque sou muito sua amiga
    é que tô falando na "vera"
    conheço cada uma, além de ser uma delas.
    Você que saiu da fresta dela
    delicada força quando voltar a ela.
    Não vá sem ser convidado
    ou sem os devidos cortejos..
    Às vezes pela ponte de um beijo
    já se alcança a "cidade secreta"
    a Atlântida perdida.
    Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
    Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
    cai na condição de ser displicente
    diante da própria serpente
    Ela é uma cobra de avental
    Não despreze a meditação doméstica
    É da poeira do cotidiano
    que a mulher extrai filosofando
    cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
    julgando a arte do almoço: Eca!...
    Você que não sabe onde está sua cueca?
    Ah, meu cão desejado
    tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
    então esquece de morder devagar
    esquece de saber curtir, dividir.
    E aí quando quer agredir
    chama de vaca e galinha.
    São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
    O que você tem pra falar de vaca?
    O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
    VACA é sua mãe. De leite.
    Vaca e galinha...
    ora, não ofende. Enaltece, elogia:
    comparando rainha com rainha
    óvulo, ovo e leite
    pensando que está agredindo
    que tá falando palavrão imundo.
    Tá, não, homem.
    Tá citando o princípio do mundo!

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  10. Magnífico artigo, mas a Clarinha é "iscritim" uma certa pessoa rsrsrssr.

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  11. Achei muito bom. Além do que é um alerta

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  12. Alice Peixoto de Sousa7 de julho de 2011 às 16:46

    Uma artigo especial que deixa gosto de quero mais...

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  13. Francisleide Santos da Mota7 de julho de 2011 às 18:07

    Concordo com suas opiniões e sou totalmente contra o ódio idiota dessa gente com a menstruação e a menopausa

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  14. Achei o artigo tão bom que não me canso de reler

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  15. Maria Aparecida Damasceno10 de julho de 2011 às 07:32

    Olá Clarinha menininha rosa choque!
    Que linda é também a sua avó-coruja.

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  16. Fátima, tu é uma mulher incrivelmente r-e-t-a-da-da. Amei. Agora sua netinha...babeiiiiiii.

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  17. Oi xará, o texto é um show e sua neta Clarinha é lindona

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  18. Fááááátima a tua neta Clarinha é só fofura. Ai que vontade dar um cheirinho nela!!!!!

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  19. Crõnica e ilustrações belíssimas

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