Anúncio na revista de domingo do 'New York Times' (Foto: Reprodução) Retrato de Dilma feito por Romero Britto é publicado no ‘New York Times’ |
O que mais deixou Dona Lô irritada e possessa foi que o acontecido a colocou na boca do povo para séculos e séculos sem fim amém, sem que ela tivesse nada a ver com a historia.
Era assim que ela compreendia o love story sucedido na Fazenda Matinha de Dona Lô, um causo em que o chamego da avó paterna, há quase meio século, virou a paixão da neta.
Os amigos tentaram dissuadi-la de assim pensar, mas ela parecia inconformada...
No dizer de Mãe Zefinha, dias depois quando chegou à fazenda, “Isso dá um rumanço, gente! Quaje igualmente o de Lampião e Maria Bonita no Paraíso*, né não Lô? É, Maria Bonita bém largou o marido prumode Lampião”.
Lampião e Maria Bonita, por José Lourenço |
–...
– Certo que Lampião era moço. Mas isso num quer dizer nada quando se tem amor. Isso de idade, entendam bem! Coração num tem idade. Bate do mermo jeitim quando tá enceguerado. Muié, eu vim ficar uns dias aqui na Matinha mais tu, pra te distrair, que eu sei que tu nem tá com o juízo certo... Ô furdunço!
– Mãe Zefinha, deixe de converseiro besta! Tá falando demais em minha cabeça! Não quero mais nem ouvir falar nessa historia. Pra mim, chega! Passou do tamanho. Tô lá me importando se Zé Vaqueiro virou corno. Ou seja lá o que for. É lição pra ficar esperto. Desde que o mundo é mundo quem não dá asistência, abre espaço para a concorrência.
Lampião |
Lampião e seu bando |
Dadá, Maria Bonita, Lampião |
“Pois vamos começar, Zé!”, disse-lhe Dona Lô, acrescentando: “Cesinha, traga uma pinga da terra, das boas, jazim! Quero molhar a palavra com Zé Vaqueiro”. Laurinha, que estava ao lado dele, o olhou com ar de reprovação, ao que ele respondeu dando uma piscada de olho todo lampreiro pra ela e gracejando com uma tirada de moda de viola:
“Aqui tem mulher bonita e cerveja gelada
Eu tô na balada, eu tô na balada...
Solte o grito na garganta, bate o pé rapaziada
Eu tô na balada, eu to na balada...
No meio dessa folia eu atravesso a madrugada
Eu tô na balada, eu tô na balada... Eu tô na balada, eu tô na balada...” (Tô na balada, Teodoro e Sampaio).
Forró com Lampião e Maria Bonita |
Quando os boiadeiros chegaram, as visitas também já estavam vestidas pro jantar. Era tanta gente conversando animada que parecia que aquele momento era um dos velhos tempos da fazenda, quando o Dotozim Felipe Tropeiro era vivo e chegava de alguma boiada. Por tradição, todo mundo quando chegava de uma tocação comia na sede da fazenda. Era uma espécie de banquete comemorativo.
Inácio Vaqueiro iria embora por volta das quatro da manhã, a tempo de pegar um vôo para Goiânia às sete horas. Ele comeu e bebeu pouco. Chamou a atenção de todo mundo, pois é conhecido como bom de garfo e de copo. Sim, faz barba com espuma de cerveja. Desde novo. Ainda cedo da noite chegou o “carro fretado” que veio buscá-lo. E ele pediu permissão para o chofer se arranchar na selaria até à madrugada, na hora da partida. “Há mais uma rede lá”, foi o que disse.
Lá pelas nove da noite, os boiadeiros se retiraram; as visitas também foram pra seus aposentos. A dona da casa também. E reinou o silêncio mais absoluto, onde só se ouvia os barulhos do mato ao redor da casa e aqui e acolá o cantar de grilos. Dona Lô foi despertada por uma zuada de carro, que a ela pareceu que saia da fazenda... E indagou: quem será saindo daqui agora? No mesmo momento o cuco da sala bateu três horas da manhã. “Será Inácio já saindo assim tão cedo?”
– Você ouviu Gracinha? Parece zuada de carro saindo... Quem será a uma hora dessas? Será Inácio que já está se mandando? Cedo assim?
– “Divera” de ser ele mermo, pucardiquê os povo daqui num saiu nenhum. As chaves dos carros estão tudim pendurada ali...
– E o que faz acordada a uma hora dessas da madrugada?
– Vim beber água que nem Vosmicê.
– Oxente, mas eu não vim beber água! Acordei com a zuada da partida do carro...
– Pois agora vá dormir, senhora, o dia amanhã será muito comprido...
– Como assim? Pucardiquê?
– Nada!
– Tá escondendo alguma coisa Gracinha? Viiiixe, até Cesinha acordado? Aí tem!
– Vá dormir senhora, descanse. Ainda são três horas da manhã. Deixe os povo dormir. Se aquiete. Se ficar zanzando por aí vai é acordar as visitas tudim...
– Tô indo, mas ainda acho que você está escondendo alguma coisa. Não quer dizer, então não diga, mas meu sentido é que está com alguma treta.
E coçando a cabeça voltou para o seu quarto, mas antes falou: “Ô Gracinha, sei que você está morta de cansada, mas meu povo vai embora na quarta-feira. Tem mais só dois dias de furdunço por aqui, depois calmaria...”
Quando Zé Vaqueiro acordou a manhã já ia alta e, espantado com aquela gentaiada toda sentada na porta de sua casa, foi logo dizendo: “Ô Laurinha, cadê minhas botas muié, c’os diachos! Drumi demais; preciso ver as coisas; e como que tá o gado novo. Trás mi’as botas muié! Ô Laurinha, mi’as botas ligeirim, muié!”
– ...
Porteira, Hélia do Lírio |
E ele, meio atordoado, esfregando os olhos, foi saindo porta afora e, espantado com aquele tanto de gente no terreiro de casa, como se não tiversse compreendido o que sua patroa disse. Só deu conta de perguntar: “Morreu gente aqui, mi’a gente? Quem foi? Cadê mi’a muié, meus fii, mi’a sogra e meu sogro? Quem foi pra a cidade dos pés-juntos?”
– ...
– Digam, mi’a gente! Pucardiquê esse horror de gente aqui? Arguma disgraça se assucedeu, na certa! Só pode! Esse tanto de barão em casa de pobre...
–...
– O que assucedeu, mi’a gente?
– Não faça de conta que não ouviu o que eu lhe disse Zé! É aquilo mesmo que você ouviu. O rastro da boiada, sobrou pra você, Zé! Você não está mais bêbado, só ressacado. Olhe bem pra mim, aqui em meus olhos: Laurinha foi embora com Inácio Vaqueiro! E levou seus três filhos! Eu sei que é doído e parece visagem. Mas aconteceu. Comprendeu bem?
Depois daquela fala, caiu um silêncio em que se ouvia as moscas zunindo. Ele, Zé Vaqueiro, sentiu que lhe faltou chão. Sabia que naquele momento todos os olhos estavam cravados nele. Mas ficou calado, como que a absorver aquelas palavras... Será que tô sonhando, mi’a gente? Estou tendo é pesadelo. Foi o que pensou...
– Fale alguma coisa homem de Deus!
–...
– Fale, Zé Vaqueiro!
Casa de roça, Hélia do Lírio |
E foi entrando na casa com ar de louco, com as mãos na cabeça. Mas Gracinha atravessou no meio, segurando-lhe os braços, sugigando-lhe o corpo como a ampará-lo, querendo trazê-lo de volta à dura realidade... E falava alto: “Calma Zé! Isso não é nenhuma surpresa. Mais cedo ou mais tarde tu sabias que ia acontecer, meu irmão!”
De repente vários homens agarram-no, tentando levá-lo rumo ao quarto, mas ele começou a espernear e só disse: “Ô muié ruim, sô! Fiz de um tudo pra ela e o que arrecebo é galho! Vou atrás dela nem que seja nos quintos dos infernos! Eu mato aquela peste! Num vou é ficar desmoralizado! Como pode u’a muié trocar um home viçoso que nem eu por um mulambo de homem como Inácio Vaqueiro, que tem idade de ser bisavô dela?”
“Dinheiro Zé! Laurinha é doida por dinheiro! Ou tu vais é dizer que num sabe?” Falou Gracinha quase gritando, para espanto de todos. “Queta Zé Vaqueiro! Inté parece que é o primeiro corno do mundo. Né não, bichim! Ser corno ficou mermo foi pra home, sô!”
E Cesinha, não perdeu a deixa: “Mata ninguém, não Zé! Quer ser preso, cara? Olha a Lei Maria da Penha, não! Foi-se o tempo em que homem matava mulher igual se mata passarinho, e ficava por isso mesmo, sô! Zé Catraca matou Dona Doca e tá lá nas Pedrinhas. Achou que ia ficar palitando os dentes e arrotando brabeza por aqui. Oh, tá é engaiolado lá nas Pedrinhas! Onde tu andas com a cebça pra achar que depois que Dona Lô voltou pra cá cabra olha ao menos atravessado pra mulher? Pode andar errada, dando nas quebradas que nem Laurinha, que ela protege!”
Dona Lô ao ouvir o que disse Cesinha, falou com dedo em riste: “Calado, Cesinha! Depois vamos conversar no reservado, viu seu atrevido machista?”
Enfim, o que sucedeu é que as suspeitas de Gracinha de que aquela alma queria reza se confirmaram. Tanto ela quanto Dona Lô, durante a boiada, perceberam que Laurinha e Inácio Vaqueiro estavam de treta. Desconfiaram, mas não tinham certeza, principalmente porque ele tinha 78 anos e ela apenas 25. Quer dizer que ele então tinha 53 anos a mais que ela. “Mas está montado na bufunfa, gente! Dizem que Inácio Vaqueiro é homem possuidor de mais de cinco mil cabeça de gado!” Foi o que murmurou Mariá, até então de boca fechada, mas disparou a falar: “E ainda sequestrou os filhos do coitado do moço!”
– E ele tem família? Indagou dr. Jairo.
– Muitas. Dizem que casado, casado mesmo já foi umas três vezes, no mínimo! Tem neto mais velho que Laurinha! Mamãe, Donana, é madrinha do primeiro neto dele, Inacinho, que é até médico lá na Imperatriz. A primeira mulher de Inácio Vaqueiro, morreu faz é tempo; a segunda não aguentou as bebedeiras dele e o largou. A terceira também morreu. Ao todo, ele tem quatro filhos, todos muito bem de vida. É gente que enricou. Mas o velho não pode ver um rabo de saia novo que engatilha a postola velha; se ainda atira, não sei. E Laurinha, que não é besta, agora vai se aproveitar da vida boa que ele pode lhe dar...
– Ora se vai! Eu fiz foi ler ontem à noite a escritura de uma casa – casa casa mermo gente – num canto chamado Setor Coimbra, em Goiânia, que o véio comprou e botou no nome dela, viu Dona Lô! E um documento de cartório onde ele passou pra ela cem cabeça de gado nelore, só novilhas, que estão sob guarda da Fazenda Campo Verde, que é a dele, lá no Goiás... Ou é no Tocantins? Sei direito, não! Mas é para aquelas bandas.
Todo mundo atento, de olhos vidrados em Cesinha...
– Deixe de...
– Né converseiro besta não, viu Dona Lô! Ele trouxe os documentos para convencer Laurinha de cair nas abas do mundo com ele. Vivia rodeando-a faz é tempo. Atentou a coitada tanto que ela caiu na conversa do véio... Ali sabe e tem com quê conquistar uma mulher!
– Mas Cesinha... Pucardiquê guardou segredo, hein?
– Segredo é pra guardar, né não? A senhora não fala sempre isso? Aprendi. Com a senhora! Ora, quem tinha de botar sentido nela, quer dizer, em Laurinha, era Zé Vaqueiro, que não botou. Pucardiquê eu tinha de me importar? E depois, a bichinha era doidinha pelo véio. Dizia que aquilo sim é que era homem! Sabia botar ela pra gemer... Zé Vaqueiro saia pra vaquejar e o véio aproveitava pra botar ela pra gemer. Por isso ele só se hospedava no quartinho da selaria. Tão de chamego faz é tempo! Ainda tem mais coisa pra acontecer, escute o que lhe digo Dona Lô! Vá assuntando...
– Jesus, me abana! E me segure! Calado, caludo Cesinha! Vá com essa conversa imoral pra lá!
– Se queria saber, tô dizendo! O véio ainda dá no couro...
– Cesinha, nem um pio a mais! Está bem? Gracinha, fique com Cesinha tomando conta de Zé Vaqueiro até os outros vaqueiros voltarem. Devem estar chegando. Viiiiiiiiiiiixe! Santíssima, vai ser um fuzuê quando souberem... Vou pra casa com o pessoal dando andamento no almoço, pois já devem estar com fome. Resolvo lá com Maria Helena... Fique aí prestando atenção em Zé Vaqueiro. Dou conta de me virar, não se preocupe...
– Precisa se virar não Dona Lô, tem comida pronta na geladeira, é só escolher o que vão comer... Ah, precisa fazer uma saladinha. Maria Helena está lá e sabe o que fazer. Ela é esperta e deixei as ordens com ela. Será que num seria bom mandar um portador na casa dos pais de Zé Vaqueiro para dar ciência do sucedido? Esse home num pode ficar sozinho, não! Capaz de fazer uma besteira...
– Está bem! Vou ver quem vai lá com Cesinha rapidinho enquanto providencio o almoço...
Cesinha, com ar irritado, disse: “Buscar pucardiquê? Deixa acontecer logo tudo que tem de acontecer pros velhos fazerem só uma viagem”...
Dona Lô saiu dali de mutuca na orelha... Achou alguma coisa de estranho, embora não soubesse do que se tratava, na atitude de Gracinha com Zé Vaqueiro. Uma intimidade exagerada da parte dela para com ele... E de repente decidiu: vou investigar Cesinha. Ele sabe de muita coisa. É tentar arrancar alguma coisa que ele sabe. Se houver alguma coisa, o danado, que é mais esperto do que parece, acabará soltando... Já disse, assim como quem não quer nada que “ainda tem mais coisa pra acontecer”. Que diacho será?
Os pais de Zé Vaqueiro vieram. O almoço não foi nenhum cinco estrelas, mas de uma frugalidade deliciosa: além do arroz com feijão, havia bife, banana frita e uma saladinha de tomate com alface, mas todo mundo comeu bem. De sobremesa, ambrosia com sorvete de creme. E e a conversa foi animada. O assunto? A cornice do vaqueiro. Mas Dilma Rousseff, a presidenta também, é óbvio!
– Lô, sua presidente é melhor que a encomenda. O estilo dela é vapt-vupt...
– Ah, é desembargador? Pucardiquê?
– De tudo! Dou o maior valor pra gente de ação, que não guarda pra amanhã o que pode fazer hoje...
– Ah, é? Destrinche, pelo amor de Deus!
– Não há muito a destrinchar, é prestar atenção nas atitudes dela. Estamos diante de um governo de ação, no rumo do falar pouco e fazer muito. É, acho que é isso mesmo!
A recente normatização do uso do de software público na Administração, que está no Diário Oficial da União, agora dia 19 de janeiro, fala por si. É certo que é um caminho que vinha sendo trilhado pelo Governo Lula, desde o começo, agora toma uma forma, digamos, definitiva.**
Fazenda Matinha de Lô, Chapada do Arapari, 26 de janeiro de 2011
A última parada: Grota do Angico, local onde Lampião e Maria Bonita foram mortos |
“Lampião, depois de muito atormentar e matar pessoas, é morto. Passa então a vagar por diversos lugares, inclusive o inferno, pelos quais é constantemente recusado. Decide ir ao céu e, a pedido de São Pedro, é encaminhado a um novo Paraíso por Jesus Cristo. Lá, roga ao Padre Cícero pela presença de Maria Bonita, que lhe aparece como companhia. Tudo se acaba quando o casal infringe a proibição de tocarem no cajueiro e comem de seu fruto, oferecido pelo Satanás disfarçado em serpente. Ambos são expulsos do Éden e têm seus destinos ignorados.”www.fundaj.gov.br/geral/pesquisa%20escolar/CordelAcervoFundaj2008.pdf
Casa de Maria Bonita em Malhada da Caiçara, em Paulo Afonso (BA). Foto: Glauco Araújo/G1 |
* "Lampião e Maria Bonita no Paraizo do Édem, tentados por Satanás", de João Antonio de Barros (Jotabarros) – nasceu em 1935 no município de Glória do Goitá em Pernambuco. Em 1973 transferiu-se para São Paulo onde residiu até a sua morte, no início do presente ano (2009). Vivendo exclusivamente da arte popular, Jotabarros, que se tornou famoso graças à xilogravura, atuou também como repentista e poeta. Muitos de seus folhetos servem como registro do olhar do migrante nordestino sobre a cidade de São Paulo, retratada, com freqüência, em sua obra: “A metamorfose é só em São Paulo” e “Bebê diabo apareceu em São Paulo”
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Fátima, desde cedo da manhã de hoje que tento colocar um comentário, mas o blogue não aceita!
ResponderExcluirApena spara dizer que é um episódio muito show e que sinto-me mulherada com o título do conto de hoje.
Me amarrei muito nas ilustrações também. De muito bom gosto. A pintura que Romero Britto fez da presidenta Dilma Roussef é maravilhosa
ResponderExcluirLaurinha resolveu tomar as rédeas do seu destino. Só isso. Um episódio bem elaborado. prende a atenção da gente
ResponderExcluirVirei freguês do blog e me apaixonei por Dona Lô
ResponderExcluir21/01/2011 - 'A Maria da Penha me transformou num monstro' (IstoÉ)
ResponderExcluirSex, 21 de Janeiro de 2011 19:35
(IstoÉ) Quem é, como vive e o que pensa Marco Antonio Heredia Viveros, o homem que foi condenado por tentar matar Maria da Penha Maia Fernandes, a brasileira que deu nome à lei que combate a violência contra a mulher no país. Quase 28 anos após o crime, ele fala pela primeira vez à repórter Solange Azevedo. Em Natal (RN), "durante as nove horas de entrevistas – somadas a uma sessão de fotos e a uma extensa troca de e-mails – ele tenta se mostrar cortês e inofensivo. Pensa em cada frase. Quando foge do script e escorrega nas palavras, respira demoradamente e sorri. Me chama de 'meu anjo' e 'querida amiga'. 'Não sou o que as pessoas pensam', afirma. 'A Maria da Penha me transformou num monstro. Não tentei matá-la. O único erro que cometi foi ter sido infiel. Por isso, ela armou toda essa farsa. Essa mulher é um demônio.'"
Perguntado se sente raiva de Maria da Penha, Heredia reage: "Não é raiva. É objetividade. É verdade. Sinto pena dela. Se eu sinto pena, não posso sentir raiva."
"À medida que Maria da Penha foi crescendo, ganhando espaço na mídia, sendo homenageada como um exemplo de luta, simbolicamente, Heredia foi ficando cada vez menor. Mais cruel, mais perverso."
"Como se tivesse encarnado uma espécie de Joseph K., o personagem de 'O Processo', a obra-prima de Kafka, Heredia afirma ter sido jogado na prisão por um crime que não cometeu. Nega ter simulado um assalto e tentado executar Maria da Penha enquanto ela dormia. Nega tê-la mantido em cárcere privado. Nega ter maltratado e batido nas filhas. “Ele sempre vai negar. Sempre fez isso, mesmo quando caía em contradições”, afirmou Maria da Penha, na semana passada, à IstoÉ. 'Mas contra fatos não há argumentos. Foi um crime hediondo e tudo acabou devidamente comprovado na Justiça'."
"Na trama descrita pelo colombiano, Maria da Penha é a vilã. Ela teria ludibriado a polícia, o Ministério Público, os tribunais brasileiros, organizações de direitos humanos nacionais e estrangeiras, os meios de comunicação e convencido testemunhas a mentir. 'Denegrir a minha imagem como pai, marido e ser humano seria a forma mais fácil de Maria da Penha me atribuir um crime hediondo', afirma Heredia. 'Todo mundo acha que a Maria da Penha é uma coitadinha porque está numa cadeira de rodas. O Brasil precisa de uma outra fada madrinha. Essa lei nasceu manchada.' Heredia diz que o País se deixou envolver porque o povo brasileiro é 'muito emotivo' e sentiu 'compaixão por uma paraplégica'. 'Emotivo', aliás, foi o adjetivo usado por um dos auxiliares do líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad para se referir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando o petista ofereceu asilo a Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento."
Nos 16 meses em que esteve na prisão, Heredia leu livros de direito e procuro possíveis lacunas e contradições em seu processo. "Ele reuniu tudo nos livros 'A Verdade não Contada no Caso Maria da Penha' e 'Extermínio de Homens'. Em outubro de 2010, os lançou através do www.clubedeautores.com.br, site que comercializa obras sob demanda, de escritores independentes."
"Heredia afirma que não lê nem assiste ao que é veiculado sobre Maria da Penha. Quando a ex-mulher surge na tevê, ele muda de canal. 'Não quero mais ver satanás. Já estive no inferno', diz."
Acesse a reportagem completa em pdf: 'A Maria da Penha me transformou num monstro' (IstoÉ - 21/01/2011)
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/noticias2011/not_viol/istoe21012011_entrevistamarcoantonioherediaviveros.pdf
Não quero parar de ler e o meu povim vem me cutucar. Oxe, xinguei os danados, mandei sumir. Agora é o meu momento com Fátima Oliveira e Dona Lô. Oh povim que num me dão sossego!
ResponderExcluirApreciei demais o texto, affe!
Laurinha se vendeu? Laurinha está amando Inácio Vaqueiro? São perguntas apenas, o fato é que ela s emandou daquela roça, ehehhehe
ResponderExcluirLaurinha caiu na lábia de Inácio Vaqueiro e deixou Zé Vaqueiro a ver navios. É a história do fogo morro acima e água morro abaixo, não há quem segure... Ser corno é um estado de espírito
ResponderExcluirA saga de Dona Lô é uma idealização muito bonita
ResponderExcluirMARIA DE OLIVEIRA, MARIA DE DÉA, BONITA
ResponderExcluirPouco se sabe da companheira de Lampião e de suas aventuras no sertão nordestino. Muita coisa é folclore. Maria Bonita virou mito, como Lampião e os cangaceiros. Virou filme, livro e história de cordel. Era uma mulher destemida. Era apenas Maria, Maria de Oliveira, e de bonita tinha os traços marcantes de mestiça, olhos ligeiramente puxados, ar maroto.
Era também Maria de Déa, porque filha de Déa, mulher do lavrador José Felipe de Oliveira, que tinha um sítio no Norte da Bahia, onde Maria teria nascido. Aos 17 anos casou com um pacato sapateiro, José de Neném. Ficou com ele até conhecer Lampião. As histórias contam que Maria abandonou José e também que foi José quem abandonou Maria. Teorias machistas de lado, a verdade é que Lampião namorou Maria: passou três vezes pelo sítio, até que um dia os dois se encontraram para viverem juntos por cerca de nove anos, entre 1929, ano do encontro, até a morte na caatinga, a 28 de julho de 1938.
Antes e depois da morte, Maria foi chamada de tudo nos jornais: facínora, amásia de bandido, amante de bandoleiro etc. Até de ciumenta, conforme trecho de matéria publicada no dia 3 de agosto de 1938 por A Tribuna, com base em noticiário fornecido pelas agências de notícias: "Maria de Déa, como se chamava ela, não era uma figura feminina traçada na suavidade e no sentimentalismo do sexo. Ciumenta, sobretudo muito ciumenta. Desde que se colocou ao lado do facínora, jamais teve este coragem de dirigir sequer um olhar mais atrevido para outra".
E prossegue: "Maria de Déa era a companheira de Lampião em todas as circunstâncias. Na hora da luta, era um rifle a mais ao lado dos bandidos. Um combatente que se ombreava entre os mais destemidos e mais decididos. Atirava admiravelmente. Sabia adivinhar os planos do amante e auxiliar-lhe a execução. Não conhecia sentimentos humanos nos momentos difíceis. Matava e saqueava, como os mais cruéis bandidos".
A matéria diz, ainda, que o amor de Maria Déa por Lampião "teve uma origem de romance". E que foi a primeira mulher do bando.
Nem tudo o que se diz dela, porém, é verdadeiro. Há muitas lendas misturadas a fatos reais, divulgados por cantadores nas feiras e, depois, nos folhetos de cordel. Maria Bonita virou mito. Virou exemplo de mulher arrojada, forte, decidida, a mulher nordestina. É sinônimo de companheira. Está nas cantigas populares. Virou heroína.
E foi citada no Exterior, aplaudida nos filmes, ganhando ares de sensualidade na interpretação de Tânia Alves, em especial da Globo.
Até o jornal francês Paris Soir fez uma referência elogiosa a ela, apesar de indireta, na edição que divulgou o massacre de Angicos, local da morte do bando de Lampião. A notícia termina exatamente assim: "Lampião, o invulnerável; Lampião, o cruel, também amava".
http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0304.htm
aplausos para Dona Lô e para sua criadora
ResponderExcluirA pulada de cerca da Laurinha, foi pior do que a encomenda.
ResponderExcluirFátima, estou bege diante da beleza do teu blogue. Dona Lô é um número!
ResponderExcluirUm blogue literário diferente, com personagens contemporâneos, onde está toda a graça e diferença. Ideia genial
ResponderExcluirDona Lô agora arrumou pra "cacunda" dela com essa história de proteger mulheres a todo custo. Cesinha lembrou bem a Zé Vaqueiro a Lei Maria da Penha.
ResponderExcluirDilma confirma encontro com as Mães da Praça de Maio na Argentina
ResponderExcluirEm sua visita à Argentina, a presidente Dilma Rousseff se reúne, na segunda-feira (31), com o grupo de mulheres chamado de as Mães (e Avós) da Praça de Maio.
O encontro foi confirmado pelo assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
As mães e avós argentinas se tornaram famosas pela luta em favor da punição dos envolvidos na ditadura (1976 a 1983) e na busca por filhos e netos desaparecidos no período.
Garcia disse que o encontro foi agendado a pedido de Dilma. "[A presidente] tem uma grande sensibilidade para questões relativas aos direitos humanos", afirmou o assessor. “[Essa iniciativa da presidente] valoriza muito essa luta emblemática que essas senhoras têm na história política recente da Argentina", disse ele.
Garcia afirmou que, por falta de tempo, Dilma não poderá visitar o Museu da Memória Aberta, construído na área onde funcionou a Escola de Mecânica Armada da Marinha (ESMA) — um dos principais centros de tortura da Argentina.
Agenda
Em sua primeira viagem ao exterior, Dilma será acompanhada pelos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Defesa, Nelson Jobim, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, e da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.
A presidente chega a Buenos Aires, no domingo (30), por volta das 18h30. Na segunda-feira, Dilma cumprirá intensa agenda de compromissos.
Pela manhã, ela se reúne com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner e em seguida com ministros argentinos. Acordos em várias áreas deverão firmados durante a viagem.
Fonte: Agência Telam
Fátima, parabéns é pouco pela ideia iluminda de criar o blogue Tá lubrinando - escritos da Chapada do Arapari. Todos os episódios são em si bonitos e belamente ilustrados, sem falar que são bem escritos. De fato, escritos inspirados.
ResponderExcluirGente, alguém pode me dizer o que vai ser de Zé Vaqueiro? Essa Laurinha deu no pé, mais pra sair do mato do que pelo interesse no dinheiro de Inácio Vaqueiro. Eu acho. Apenas ela uniu o útil ao agradável (o dinheiro do velho).
ResponderExcluirEua cho que Zé Vaqueiro tem ou terá um caso com Gracinha, pois ela se comportou de forma muito estranha no episódio, além do que ela não gostava de Laurinha. Li em outros episódios. Eeheheheheh, vais er boooooooooooom demais da conta
ResponderExcluirFátima, teu blogue é fascinante. Uma personagem como Dona Lô é difícil de criar e segurar. Mas ela já é dona do pedaço. Pode deitar e rolar
ResponderExcluirPor essa pulada na cerca da Laurinha eu não esperava mesmo. Eita miséria, minha gente! O que será de Zé Vaqueiro? Estou ansiosa pelo próximo episódio. Demore não, viu Dona Lô?
ResponderExcluirLaurinha é o cão chupando manga
ResponderExcluirLaurinha era uma passarinha na gaiola na matinha de Lô. Encontrou uma brecha e vooou
ResponderExcluirOra, estou aqui pensando em Laurinha e sua grande coragem de largar o marido e fugir com ovelho Inácio Vaqueiro. Pela história, todo mundo acha que ela foi por interesse em dinehiro, mas pode ter sido por amor, por desejo de se rmais livre. Ela vivia presa no mato, na roça. Tem gente que não suporta viver assim. Mas parece que na Matinha de Dona Lô ninguém pensa assim
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