Fátima
Oliveira
Médica
– fatima.oliveira1953@gmail.com @oliveirafatima
Na toada em que o Brasil vai, não é de se duvidar que
o que parecia humor político de crítica ao desmonte dos direitos que conferem
cidadania a seu povo, poderá concretizar-se. Circulou no Twitter que o atual
governo cogitava abolir a Lei Áurea! Era um humor-terror tão surreal que
parecia engraçado pelo absurdo que representa, a um ponto que perde para o
inferno de Dante Alighieri, na “Divina Comédia”!
Relembro o teor da Lei Áurea:
“Lei
3.353, de 13 de maio de 1888, Declara extincta a escravidão no Brazil.
A
Princeza Imperial Regente, em Nome de Sua Magestade o Imperador o Senhor D.
Pedro II, Faz saber a todos os subditos do Imperio que a Assembléa Geral
decretou e Ella sanccionou a Lei seguinte:
Art.
1º: É declarada extincta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brazil.
Art.
2º: Revogam-se as disposições em contrario”.


Eis o contexto da oficialidade do fim da escravidão
negra: “Exatos 90 dias separam a Lei Áurea do fim do Império e do advento da
República, tão insana para negros quanto o Brasil Colônia, que instaurou a
escravidão, e o Império e suas leis que impediam o acesso dos escravos à
escola: decreto complementar à Constituição de 1824; e à terra: Lei da Terra,
de 1850, cuja posse, para negros, só era permitida via compra!” (“Os diasseguintes à Abolição da Escravatura”, O TEMPO, 2008).
Percebe-se hoje que a mentalidade escravocrata é
arraigada nos meios políticos e se expressa bem no atual parlamento nacional,
que conta com número expressivo de descendentes de senhores de escravos. Vide a
aprovação da terceirização geral e irrestrita sob a chancela da Presidência da
República e do patronato escravagista para postergar a aposentadoria até a
morte, tal como consta no que estão chamando “reforma da Previdência”, que
evidencia um retorno ao trabalho vitalício e escravo, um roubo de futuro do
nosso povo. As senzalas do patronato desejam mais: o fim da Lei Áurea!
Quem sobreviver verá.

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