As crianças se encantam com os sons dos passarinhos
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@g.com.br
"Todos estes que aí estão/ Atravancando o meu caminho,/ Eles passarão.../ Eu passarinho!" (Mário Quintana). Um dos encantos de andar por algumas ruas do meu bairro é ouvir "passarim"... Os melhores lugares de "passarinhar" na Cidade Jardim são a rua Bernardo Mascarenhas e a praça Professor Godoy Betônico, que virou "praça dos Porcos", por causa das esculturas de uma porca com quatro porquinhos, um deles mamando. Sim, é a praça ao lado da antiga Faculdade de Odontologia, da igreja Santo Inácio de Loyola, coladinha no Museu Abílio Barreto!
Sede da Faculdade de Odontologia e Farmácia situada na Rua Conde de Linhares - Cidade Jardim (década de 1960)
(Igreja Santo Inácio de Loyola)
[Museu Histórico Abílio Barreto (Gabriel)]
Associação dos Amigos do Museu Histórico Abílio Barreto – AAMHAB
(Clarinha com a mãe, Lívia, aos 5 meses na praça dos Porcos)
[Rua Bernardo Mascarenhas (Maria Teresa)]
[Marcelo Prates (pintassilgo num ipê-amarelo em BH)]
Não há o que pague o gorjeio de pássaros livres numa metrópole. Já convivi com pássaros presos. Um desastre. O dono viajou às pressas e deixou a gaiola no jardim... Ninguém cuidou do curió. Diga-se de passagem, um serviço que nunca fiz. Sou contra cativeiros... Pense num "barraco"! O tempo fechou. O "bichim" morreu... Vingativo, esperou o dono... Quando perguntou por que o curió não estava cantando e correu pra gaiola, ele agonizava e deu os últimos suspiros na frente do dono! Desde então, gaiolas em minha casa nunca mais!
Sou passarinheira desde criança. "Passarinhar" ou observar pássaros (em inglês birdwatching) hoje é um hobby e uma atividade turística em crescimento exponencial, que difere do que se conhecia no Brasil como "passarinhar": o mesmo que pegar ou matar passarinho. Uma das coisas que mais invejava dos meus irmãos era que eles podiam se embrenhar pelos matos com baladeiras (estilingue) e bodoques pra "passarinhar".
DanielCasteloBranco
Menina, eu só podia armar arapuca pra pegar rolinhas. Ficava "botando sentido" até a rolinha cair nela... Eram tantas, mas tantas que, numa tarde, com apenas uma arapuca, era possível pegar uma dúzia, cujo destino era a panela. Comíamos rolinhas fritas, como hoje se come codorna. Têm o mesmíssimo sabor. Talvez não armem arapucas nem comam mais rolinha a alho e óleo no sertão onde nasci.
[Pássaros do sertão (Antomat)]
"É proibido passarinhar nos moldes antigos
Luana, Débora e Lucas, no Haras da Fazenda Bella Vista, Brumadinho-MG (setembro de 2010)DanielCasteloBranco
Menina, eu só podia armar arapuca pra pegar rolinhas. Ficava "botando sentido" até a rolinha cair nela... Eram tantas, mas tantas que, numa tarde, com apenas uma arapuca, era possível pegar uma dúzia, cujo destino era a panela. Comíamos rolinhas fritas, como hoje se come codorna. Têm o mesmíssimo sabor. Talvez não armem arapucas nem comam mais rolinha a alho e óleo no sertão onde nasci.
[Pássaros do sertão (Antomat)]
"É proibido passarinhar nos moldes antigos
– a fauna silvestre é tutelada pela Constituição
e conta com o amparo da lei"
Os tempos mudaram e, mesmo no sertão, sabe-se que é proibido "passarinhar" nos moldes antigos - a fauna silvestre é tutelada pela Constituição e conta com o amparo da Lei nº 5.197/67, que proíbe a utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha desses animais, proteção extensiva aos seus ninhos, abrigos e criadouros naturais. "É crime matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativas ou em rota migratória, sem a devida licença ou autorização, nos termos da Lei nº 9.605/98".Um dos encantos de viver onde se ouvem passarinhos é também ensinar às crianças a apreciação do belo, privilégio que tive com meus netos Lucas e Luana e, recentemente, pude fazer com a neta Maria Clara. É incrível como desde bem pequenas as crianças se encantam, magicamente, com os sons dos passarinhos.
(Clarinha, daminha, no casamento de Mariana e Tássio, 18.09.2011, BH)
Clarinha (1 ano e 9 meses) aponta pras árvores e diz "Bobó, peu-peu!" (Tradução: Vovó, piu-piu!). E, se falo, ela arregala os olhos, põe o dedinho na boca e diz "xiiiiiiiiii". Ela já sabe que precisa fazer silêncio para ouvi-los. E, se pousam na pracinha, ela ergue a mãozinha pedindo um tempo e sai "devagarinho" atrás deles; e quando voam, ela os imita com os bracinhos, como se estivesse voando, e no seu palavreado diz que voou! E ri gostosamente.
Deitadas após o almoço, ouvimos uma sinfonia e Clarinha, que já apurou o ouvido, detecta imediatamente que é "passarim"... Pede silêncio: põe o dedinho na boca e murmura: "xiiiiiiiiii"... E dorme embalada pelo chilrear dos nossos passarinhos...
FONTE: OTEMPO, 27.09.2011
(Gabriel)
Primavera na Praça dos Porcos (italoazeredo)
(Maria Teresa)
(Roberto Gloria)
[Rua Conde de Linhares (A minha rua!) Roberto Gloria]
[Rua Conde de Linhares (A minha rua!) Maria Teresa]
Veja o que já foi publicado sobre o livro Pássaros da Liberdade:
[O casal de suiriri aproveita o clima romântico da praça da Liberdade para namorar (Marcelo Prates)]. Do livro Pássaros da Liberdade, de Marcelo Prates.
LEIA + COMENTÁRIOS EM: Site Lima Coelho
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Fátima, seus netos Luana e Lucas, e agora Clarinha, são crianças de muita sorte: aprenderam a ouvir passarinhos
ResponderExcluirSó beleza e canto de passarim
ResponderExcluirHoje é dia de São Cosme e Damião, da nossa preciosa Lulu (a tia amaaa!!) e de todas as crianças! Um Salve a todos os Eres!!!
ResponderExcluirAté chorei porque brinquei na praça dos porquinhos quando crinaça e lá aprendi a gostar de passarinhos também
ResponderExcluirLinda, linda, linda e Clarinha é uma princesa!
ResponderExcluirPura doçura de vó!
ResponderExcluirAi, que vovó gostosinha e fofa
ResponderExcluirparabéns por tanto lirismo e trinados de passarinhos
ResponderExcluirUma vovó com açúcar
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirSaudades suas mulher!!!
Pois é, eu vivi numa cidade chamada Barão de Cocais onde eu acordava aos cantos dos passarinhos. E a poucos dias, aqui em BH, eu estava fazendo meu café da manhã num domingo ensolarado, quando ouvi alguns cantos de passarinhos, fiquei muito feliz por perceber que numa cidade grande conseguimos ouvir sons de cidades pequenas. Muito bom!!!!
beijos
Clarinha é dez!
ResponderExcluirVixe que doçura de texto. Fiquei apaixonada por Clarinha. Parabéns vó Fátima!
ResponderExcluirDocemente lindo
ResponderExcluirAté chorei de emoção. Ah, se todas as avós ensinassem seus netos e netas a passarinhar, o mundo seria outro
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