Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Difícil escolher um tema, pois 2015
tem sido pura pauleira política. Estou que nem quando escrevi “Quero o aconchego de uma República laica, e nada mais” (O TEMPO, 31.5.2011).
Sob o laicismo, nenhuma religião pode
dar o tom das leis nem emitir normas de comportamento para todo o povo, porém
estamos vivenciando algo que não há paralelo na vida real, apenas na
literatura: o sistema “jagunço”, “instituição situada ao mesmo tempo dentro da
esfera da lei e do crime”. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) instaurou o sistema
“jagunço” de governar sem ser presidente!
Repito: “Perdi a paciência: quero a minha República terrena de volta!” no artigo que iniciei indagando: “Afinal, o que é
República (do latim, ‘res publica’: coisa pública)?” (O TEMPO, 12.10.2010).
República é um regime de governo que tem como eixo a defesa dos valores e dos
princípios republicanos.
Sob a democracia (regime político), o
espírito republicano tem como um valor a independência entre os Poderes, que
aqui são três: Executivo; Judiciário e Legislativo – em âmbito federal, é um
sistema bicameral: Senado e Câmara dos Deputados –, cada um deles com suas
missões definidas na Constituição Federal de 1988 (Título IV - Da organização
dos Poderes, artigos 44 a 135).
A nossa República (regime de governo)
democrática (regime político) e laica está sob ameaça, pois as consignas
republicanas da governabilidade estão sendo destruídas com a chegada à
presidência da Câmara dos Deputados de Eduardo Cunha – lobista, segundo sua
folha corrida, e evangélico fundamentalista, da igreja Sara Nossa Terra,
seguidor do bispo Robson Rodovalho.
Segundo o Diap, o Congresso que
emergiu das eleições de 2014 se configura como o mais conservador desde o fim
da ditadura de 1964, logo, mais do que suficiente para dar o ar de trevas que
nada tem a dever à jagunçagem! Acertou o diretor de Documentação do Diap,
Antônio Augusto, quando declarou: “São sérios os riscos de retrocessos em
relação aos direitos civis e à legislação trabalhista”.
Se a eleição de Severino Cavalcanti,
em 2005, à presidência da Câmara foi uma surpresa repleta de atabalhoamentos, a
de alguém como Eduardo Cunha, também do baixo clero, da turma do troca-troca,
era o que se chama de “favas contadas”.

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