... é um ponto de publicação de "coisas" escritas em momentos de grandes inspirações, pois a Chapada do Arapari é um lugar que existe, mas ao mesmo tempo é meu imaginário...
FOI SOB A MARCA PT QUE TIVEMOS OS MELHORES GOVERNOS DO PAÍS Fátima Oliveira Médica – fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Refletirei sobre o futuro. Entendo que fazer projetos de futuro e lutar para concretizá-los é parte indissociável do viver, seja na vida pessoal ou na esfera da política. Chama a atenção a oposição ao governo Dilma: o estilo fora do contexto em que ela flutua, desconectada da vida do povo, com um discurso arcaico de retomada do poder e se emproando de falar de algo que não encontra ressonância na vida real... A oposição fala exatamente de quê?
Além da renitente oposição que atende pelo nome de PSDB, há uma oposição em gestação que diz não ser de direita nem de esquerda; estribada numa birra personalíssima de alguém que quer ocupar a Presidência da República com um discurso venenosamente angelical, messiânico, sem eira nem beira... Todas as facções são incensadas pela grande imprensa, que não se acanha em louvar que a primeira arma da batalha eleitoral é o bisturi! São situações que merecem um pouco mais de pensar, pois são emblemáticas de muitas coisas. Uma delas é a incapacidade da oposição de perceber que as conquistas obtidas sob a marca governo PT não podem ser olvidadas, pois melhoraram a vida do povo, que é grato e reconhece com o voto, único gesto capaz de dizer dos seus sentimentos. O discurso da oposição só ressoará em corações e mentes se for capaz de engolir o orgulho e a insolência defendendo o conquistado; de não desfazer das conquistas e se comprometer a dar um passo adiante nas políticas públicas. Há espaço para tanto, posto que há muito a fazer no rumo de um Estado de bem-estar social em nosso país. Tenho a opinião de que o PT no poder poderia ter ousado muito mais, mesmo no formato de governo de coalizão. Nunca tive muitas ilusões com o partido no governo, apenas intuía que o sofrimento do povo poderia ser refrescado. O que é muito, comparando-se com governos passados. E continuo na mesma. Sempre avaliei que, sendo o PT um partido de extração reformista, jamais revolucionário, cuja grande aspiração nunca foi além de gerenciar a crise do capitalismo e concretizar alguns direitos, seria de bom-tom não sonhar demais. E continuo na mesma.
E, cá com meus botões, avalio que, infelizmente, apesar do muito mais que poderia ter feito, e não fez nem fará, foi sob a marca do governo PT que tivemos os melhores governos da história do país, nos quais o povo se sentiu valorizado e acariciado e é foco das atenções. Nem mais, nem menos.
É péssimo não haver uma oposição que se coloque como alternativa viável de progresso social, perpetuando no poder uma visão política que se sente "a última bolacha do pacote". Com a oposição antipovo que está na praça, todos perdemos, pois ela é incapaz até de dissecar a filosofia do Gonzagão ("Oposição não dá a ninguém, quem tem o que dar é o governo"), que sempre achei sem razão, mas que ilustra por que o povo tem deferência com governos que respondem minimamente às suas necessidades.
(Historiador Frederico Pernambucano de Mello) (Dominique Dreyfus lançou biografia de Gonzaga em 1997, pela Editora 34)
VIROU UM MISTO DE PIAZZA DE SAN MARCO E BAILE DO DOGE Fátima
OliveiraMédica – fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_ Quem não foi, perdeu! O quarteirão do Ronaldo Fraga, emoldurado pelo lirismo do território da Savassi, virou um misto de Piazza de San Marco e Baile do Doge, o mais tradicional baile das máscaras de Veneza. A bióloga Ana Flávia Almeida & Companhia Ilimitada estão de parabéns pela concepção e realização da ideia. Estive lá, com a minha máscara de Colombina e uma peruca bem fashion, branca e lilás, bem veneziana, e me esbaldei de pular Carnaval até o último suspiro da banda Coceira no Bibico, que segurou a animação até 22h. Ficou um gostinho de quero mais... Eu ficaria ali até o sol raiar...
O "Bem Te Viu, Bem Te Vê" foi uma bricolage de baile de máscaras e commedia dell’'arte - "teatro popular improvisado e itinerante, de estrutura familiar, apresentado em praças e ruas, que começou no século XV na Itália e se desenvolveu na França até o século XVIII". Scaramouche, Briguela, Isabela, Polichinelo, Capitão Matamoros, Pantaleone, Pierrô, Colombina, Arlequim ("Pierrô ama Colombina, que ama Arlequim, que também deseja Colombina") são todos personagens que a commedia dell´arte celebrizou e eternizou...
Pela falta de petiscos e bebidas nas barraquinhas desde as 20h, fica explícito que a organização não esperava aquele mundaréu de gente! Lição para as próximas edições do baile de máscaras "Bem Te Viu, Bem Te Vê", que caiu no gosto da classe média belo-horizontina. Tudo a ver com a origem do baile de máscaras, que, "introduzido pelo papa Paulo II, adquiriu força nos séculos XV e XVI, por influência da commedia dell´arte... O primeiro baile de máscaras de que se tem notícia no Brasil foi realizado no hotel Itália (Largo do Rócio, RJ), em 1840... De um lado, a festa de rua, ao ar livre e popular; do outro, o Carnaval de salão, que agradava, sobretudo, à classe média emergente no país".
Imagina eu ali no "Bem Te viu, Bem Te Vê" pensando estar anônima! De repente aquela gritaria, em meio a risadas de médicos e residentes do Hospital das Clínicas: "É a Fátima! É a Fátima do PA, não é?". Cá com meus botões: essa meninada acha que eu nunca poderia estar aqui, é isso! Pensa que eu só sou trabalho, toureando em pronto-socorro entupido de gente (Padilha, meus sais!). Ufa! Respondi: "Ontem, era!". Não teve jeito, tive de ficar foliando por ali... Já em casa, fiquei rememorando outros carnavais... Repito: sou foliã do Carnaval de Sabará, talvez pela semelhança dos carnavais do meu tempo de Maranhão, antes da contaminação da carioquização (escolas de samba) e baianização (ritmo axé) dele: "É o ar de festa do povo do lugar e os homens vestidos de mulher! No centro histórico, nas três praças da muvuca, quase toda casa vira uma venda de água, refrigerante, cerveja e de alguns `comes´; mulheres idosas nas janelas pulando Carnaval dentro de suas casas, na maior animação; e a criançada fantasiada, subindo e descendo as ruas, acompanhando os blocos, ao som das marchinhas de bandinhas que encantam serpentes... E eu, lá no meio da folia, sinto que todo mundo está ali pelo lúdico da vibração" ("O Carnaval de Sabará é mágico, caseiro e descontraído", O TEMPO, 21.2.2012). E bateu uma saudade imensa dos fofões do Carnaval maranhense, com seus macacões de chita de cores alegres, máscaras horripilantes, gracejando pelas ruas... A origem do fofão remonta à commedia dell´arte, mas não me perguntem como aportou e se fixou em São Luís, que não saberei responder... Apenas que o fofão é personagem sagrado do Carnaval maranhense, desde que eu me entendo por gente... Publicado no Jornal OTEMPO em 12.02.2013
(Samba-Enredo 2013: Beija-Flor de Nilópolis) Compositor: J.veloso, Ribeirinho, Marquinho Beija Flor, Gilberto, Silvo Romai e Edilson Marimba Participação Especial: Cláudio Russo e Miguel)
Eu vou cavalgar, pra encontrar A minha história nesse mundo de meu Deus! Venho de longe de uma era milenar, Fui coroado quando o dia amanheceu! Brilha, estrela guia... Um viajante, a sua sede a matar! Presente de grego, que grande ironia Herói das batalhas, real montaria! Com asas surgiu do infinito, tão claro mito.. A joia rara de Alah! Cigano... Buscando a purificação! Trotando elegância e bravura, A minha aventura se torna canção! É o bonde que vai, carruagem que vem... Na viajem que trás, o amor de alguém! Indomável corcel, alazão da Coroa... Troféu da nobreza, estrela que voa! Amigo do Rei, pela estrada lá vai o Barão! Sul de Minas Gerais, galopei... A riqueza da mineração! Café me fez marchar... Ao Rio da corte a bailar! Acreditar... Que fui a raça escolhida! Sou um puro sangue azul e branco, Um acalanto... a mais sublime criação! Sou eu o seu cavalo de batalha, Se a memória não me falha... Chegou a hora de gritar é campeão! Sou Manga Larga Marchador! Um vencedor, meu limite é o céu! Eu vim brilhar com a Beija-Flor.. Valente guerreiro, amigo fiel!
(Fátima Oliveira, montando o seu cavalo Taj Mahal e Luciana Froede, montando o Capricho, ambos da raça Mangalarga Machador, em Cavalgada à Fazenda Britânia, Brumadinho-MG)
MORTES EVITÁVEIS DEVEM SER OBSESSÃO PARA O PODER PÚBLICO Fátima Oliveira Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
O legado das mortes e das morbidades no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), no último 27 de janeiro, é que mortes preveníveis e evitáveis devem ser uma obsessão para o poder público, em todos as esferas de governo.
Mortes preveníveis e mortes evitáveis são aquelas precoces (antes do tempo), que não deveriam acontecer se os governos cumprissem a parte que lhes toca. A regra tem sido a omissão e a esquiva em assumir responsabilidades, tanto as atribuídas pela Justiça quanto aquelas que o sentimento humanitário indica... Na catástrofe de Santa Maria, o digno de nota foi a postura da ética da responsabilidade do governo da presidenta Dilma em todos os sentidos.
(Fogo atinge teto do 'Canecão Mineiro' (Foto: Reprodução/TV Globo)
Na catástrofe de Santa Maria, o digno de nota foi a postura da ética da responsabilidade do governo da presidenta Dilma em todos os sentidos. Não posso deixar de fazer um paralelo com o incêndio do Canecão Mineiro, em BH - 1.500 pessoas, das quais sete morreram e 197 ficaram feridas; pelo menos, o triplo foi atendido no João XXIII, Hospital Odilon Behrens e Hospital das Clínicas da UFMG. Eu estava de plantão naquela noite, 24.11.2001. Foi terrível. Não encontro palavras para descrever. Como médica, aprendi muito, naquela noite e na semana subsequente, sobre atenção à pneumonia química. O Canecão Mineiro era uma casa de shows, na região central de BH, de grande porte: comportava 1.500 pessoas, mas não possuía alvará de funcionamento! Não havia saídas de emergência, apenas uma "entrada" e uma "saída" com catracas! A Prefeitura de Belo Horizonte saiu praticamente limpa, e o governo de Minas Gerais sequer foi cogitado como culpado! O prefeito de Belo Horizonte era Célio de Castro, que sofrera AVC em 8 de novembro daquele ano; o governador de Minas era Itamar Franco; e o presidente do Brasil, FHC. Em 2004, "sete pessoas foram condenadas por homicídio culposo - em que não há intenção de matar - a quatro anos de prisão em regime aberto: o empresário da banda, dois músicos, dois promotores do show e o dono da casa de shows, além do irmão dele". Em 2008, as penas foram revertidas em prestação de serviço comunitário: "Dos sete condenados, somente um dos promotores da banda cumpre pena de dois anos e seis meses no Rio de Janeiro. As penas dos outros varia de um ano e seis meses a três anos e um mês de serviços comunitários". "Entre todos os feridos e familiares dos mortos na tragédia, somente uma sobrevivente conseguiu indenização na Justiça. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) condenou a Prefeitura de Belo Horizonte a indenizar a mulher em 300 salários mínimos. É a primeira a conseguir reparação judicial pelos danos sofridos". Não cabe recursos e a sentença está em fase de execução. Eis no que resultou como justiça a catástrofe do Canecão Mineiro, cujos atingidos estão por aí cuidando de seus dissabores, sequelas físicas e mentais, às suas custas: cada um por si! Depois de Santa Maria ou estabelecemos uma nova cultura do direito à segurança, do direito de ir e vir em segurança, ou a morte de tanta gente na flor da idade terá sido em vão e nos contentaremos em plantar uma sempre-viva para cada morte prevenível e evitável.