Como funciona a moral mafiosa no tocante a dinheiro
Fátima Oliveira
Médica – fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Sussurram em versos e trovas nas alcovas, no breu das tocas, nos botecos; e anda nas cabeças e nas bocas que o senador amapaense José Sarney teria dito: "Renan e eu conhecemos o Demóstenes gordo e o Demóstenes magro", quando especularam se o senador surtou de repente.
Ou seja, para Sarney, ele é isso aí! Se a idade não deu sabedoria a Sarney, experiência ele tem de sobra. Nunca deixo de prestar muita atenção no que ele fala, nem que seja só para discordar com conhecimento de causa. A fala de Sarney faz sentido. Não se trata de uma sociopatia não criminosa (nem todo sociopata é criminoso!).



Suas práticas, desde Waldomiro Diniz, corroboram um princípio: a máfia não sobrevive nem prospera sem um ponto de apoio no governo instalado, daí porque exige ter aboletado em um dos Três Poderes, ou em todos, um setor serviçal ou, usando palavra mais apropriada, um setor fâmulo - um criado com vínculos de subordinação absoluta. Não importa de qual partido. Não é de admirar que o senador Demóstenes Torres não apenas religiosamente preste contas do que faz, caladinho, ao "capo", como recebe pitos homéricos sem piar! Em cenário político sob a batuta mafiosa, há um elemento crucial a ser considerado na hora do voto nas próximas eleições. Para quem não é do ramo nem simpatiza, trata-se de avaliar o envolvimento ou não da candidatura, por mais inocente que ela possa parecer, com práticas mafiosas, conhecidas desde 1875 e tornadas públicas pelo procurador geral de Palermo (Itália), Diego Tajani: "Posso afirmar que a máfia prospera por motivos políticos e só é forte na medida da proteção recebida das autoridades", por ter comprovado que "a máfia siciliana colocava grana e influência nas campanhas, elegia os seus políticos e escolhia os seus representantes nos governos" (IBGF/WFM, em "Máfia, política, jogos de azar e Cachoeira). Agora é aqui. Em nossas fuças.
Publicado no Jornal OTEMPO em 24.04.2012

Relembrar é viver:


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