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terça-feira, 25 de agosto de 2015

O transplante de medula óssea para anemia falciforme

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Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


Sob emoção indescritível li que o Brasil incluiu no Sistema Único de Saúde o Transplante de Medula Óssea (TMO) do tipo Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas Alogênico (TCTHA), que trata e até cura em 80% a anemia falciforme.
A decisão de grande impacto na saúde pública consta na Portaria 30 (“Diário Oficial da União” de 1º.7.2015), que define o uso em anemia falciforme do transplante de células-tronco hematopoéticas entre parentes a partir da medula óssea, de sangue periférico ou de sangue de cordão umbilical.
É uma vitória duramente conquistada: o TCTHA deixa o caráter experimental e vira tratamento disponível no SUS! A estimativa é que haja no Brasil entre 25 mil e 50 mil falcêmicos, que apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade precoce.



A anemia falciforme é um exemplo clássico da seleção natural de Darwin/Wallace: pessoas com anemia falciforme não contraem malária, pois o Plasmodium não se desenvolve em células em forma de foice! Surgiu na África, em zonas endêmicas de malária, e chegou às Américas via tráfico de escravos.


A doença resulta de uma mutação na molécula de hemoglobina, que adquiriu a forma de meia-lua ou foice, por meio de uma alteração na estrutura da hemoglobina: substituição do aminoácido (unidade das proteínas) ácido glutâmico pela valina, que confere à hemoglobina S, quando desoxigenada, a capacidade de se agregar, formando fibras de hemoglobina S, que deformam a hemácia, dando-lhe aspecto de foice.



A anemia falciforme é uma descoberta da “velha genética”, ou genética clássica. Foi a primeira doença molecular humana a ser descoberta (pelo médico James Herrick, em 1910, em Chicago, no sangue de um estudante de medicina negro nascido nas Antilhas). No Brasil, distribui-se heterogeneamente, sendo mais frequente onde a proporção de antepassados negros da população é maior (Nordeste). Depois de mais de um século, brasileiros poderão acessar o único tratamento de cura!


 O TCTHA está indicado, conforme os critérios da portaria, “para pacientes com doença falciforme em uso de hidroxiureia que apresentem, pelo menos, uma das seguintes condições: alteração neurológica devido a acidente vascular encefálico, alteração neurológica que persista por mais de 24 horas ou alteração de exame de imagem; doença cerebrovascular associada à doença falciforme; mais de duas crises vasoclusivas (inclusive síndrome torácica aguda) graves no último ano; mais de um episódio de priapismo (ereção involuntária e dolorosa); presença de mais de dois anticorpos em pacientes sob hipertransfusão; ou osteonecrose em mais de uma articulação”.
O transplante de medula óssea é procedimento de alta complexidade e exige estrutura hospitalar e equipe multidisciplinar de alta qualificação, bem como a expansão dos centros de transplantes, que em 2003 eram apenas quatro e hoje são 27, insuficientes para atender a nova demanda.
Há pedras no caminho, e o Ministério da Saúde está ciente e tomando as medidas cabíveis, conforme a Portaria 2.758, que prevê medidas como a triplicação dos leitos existentes, passando de 88 para 250, até 2016, “investindo R$ 240 mil para abertura de cada novo leito ou ampliação dos já existentes”.


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Não temos de esperar pra ver. Precisamos lutar muito para que o sonho vire realidade como um dos pontos da Política Nacional deSaúde Integral da População Negra (2009), que está à deriva e só sairá do papel com muita luta ideológica e política pela sua concretização.

   Acesse o livro completo>
PUBLICADO EM 25.08.15
 FONTE:  OTEMPO

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Fátima Oliveira, por Fernanda Pompeu


(perfil escrito em 2005)
[Antologia Brasileiras Guerreiras da Paz] 
"Temos trabalho e prazer para muitas gerações."


Município de Graça Aranha, Maranhão, 1961. A menina de 8 anos observa uma cena quase diária e, não obstante, sempre angustiante. Da janela, ela assiste à procissão a caminho do cemitério. O caixãozinho azul é o abre-alas dos adultos com sombrinhas sob o sol inclemente. A avó da menina tenta confortá-la: “É enterro de anjinho. Ele vai direto para o céu”. A menina não contém o choro, está assustada com tantas mortes. Nesta mesma semana, a mãe de uma coleginha morreu. De parto. 

Talvez obedecendo a lógica do “aquilo deu nisso”, a menina cresceu e tornou-se médica para lutar contra mortes evitáveis de crianças e de gestantes. A doutora Fátima Oliveira nasceu na diminuta Graça Aranha, em 1953. Filha de mãe negra e de pai branco, ela conta que assumiu a negritude durante o curso de Medicina. “Apesar de estarmos no Maranhão, éramos três negros em uma turma de sessenta alunos.”

Até ela virar a defensora dos direitos da mulher, da saúde e da igualdade racial, viandou por muitas veredas. Seu primeiro trabalho social ocorreu ainda na adolescência. Ela integrou a Juventude Operária Católica (JOC), militando na Pastoral da Mulher Marginalizada. “A gente trabalhava com as prostitutas, agendando consultas médicas, arranjando escola para os seus filhos, recolhendo alimentos e roupas. Tentávamos dirimir o preconceito contra elas.” 


 (escultura de Maria Firmina dos Reis, do escultor maranhense Flory Gama)


Então chegou 1975 – o Ano Internacional da Mulher e inaugurador da Década dos Direitos da Mulher. Como parte das comemorações, foi erguido o busto de Maria Firmina dos Reis (1825-1917) na praça central da capital São Luís. Maria Firmina foi a primeira romancista negra do país. Naquele dia, Fátima teve um insight. Percebeu que sua vida seria uma junção entre a ciência, o feminismo e a luta anti-racista.

Para dar conta da tríplice escolha, ela trabalha com apetite gordo. Morando em Belo Horizonte desde 1988, dá plantão no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais: “Adoro minha profissão”. Participa de congressos, simpósios, encontros no Brasil e no exterior. “Aproveito todas as oportunidades.” Redige uma coluna semanal para o jornal O Tempo. Adora questões polêmicas acerca das mulheres, do meio ambiente, da política nacional. “Disparo e-mails para meio mundo.” É secretaria executiva da Rede Feminista de Saúde: “Com todo o orgulho”.

Fundada em 1991, a Rede Feminista de Saúde reúne mais de duzentas filiadas. Congrega pesquisadoras de saúde da mulher, ativistas, comunicadoras. Sua missão consiste no fortalecimento do movimento de mulheres; no reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos como direitos humanos; no combate às discriminações de gênero e de raça. Também é pela legalização do aborto: “O único direito que nós, as brasileiras, ainda não conquistamos”.

Quando, em 2002, Fátima foi eleita secretária executiva da Rede Feminista, tornando-se a primeira negra no cargo, ela já tinha reconhecimento dentro da ciência e dos movimentos negro e de mulheres. Havia participado do Grupo de Trabalho para a elaboração do Programa de Anemia Falciforme do Ministério da Saúde. O assunto é de grande relevância para a população negra, pois os negros têm maior predisposição genética para esse tipo de anemia. Do trabalho do Grupo, resultou a obrigatoriedade de verificar a incidência da doença em todos os recém-nascidos e agilizar seu tratamento.

O Brasil da profunda desigualdade racial nunca teve políticas públicas de saúde com especificidade étnico-racial. Preencher essa lacuna é uma das lutas do movimento negro, sendo que Fátima Oliveira é um nome obrigatório nessa arena. Ao instruir alunos residentes no Hospital das Clínicas, ela alerta: “Toda vez que um negro entrar aqui, vocês devem medir a pressão”. A informação tem razões: pressão alta é comum entre as pessoas negras e esse dado raramente é estudado nas faculdades de Medicina.




Ela também estica os dedos no teclado do computador. Fátima é autora de vários títulos nas áreas de bioética, biossegurança, transgênicos. O primeiro é um tema caro para ela. “Eu encaro a bioética como um campo dos Direitos Humanos.” É uma oportunidade de popularizar as descobertas científicas e humanizar o atendimento médico. “Foi-se o tempo em que os médicos falavam e os pacientes não perguntavam nada.” Em 2005, ela se permitiu mais uma ousadia. Publicou o romance A Hora do Angelus. Para não perder o costume, o enredo dá alfinetadas fundas na Igreja Católica, contrária a vários dos direitos reprodutivos e sexuais defendidos por Fátima.

  No meio de sua frenética atividade, ela ainda arranja tempo para conviver com seus cinco filhos e dois netos. “Adoro a casa cheia. Venho de uma família que não cria cachorro nem gato. Cria gente.” Talvez por isso, ela seja capaz de ler e escrever ao mesmo tempo que um filho ouve música, outra filha conta uma história e os netos a chamam para brincar. Assim é a cidadã de Graça Aranha. Alguém que gosta de dizer: “Tive os amantes, os amigos e os filhos que quis”. Se Fátima Oliveira tivesse de escolher um único slogan entre todos, provavelmente seria: “Salve a Vida”.


 (Fernanda Pompeu)
 FONTE: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10153212089859862

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Só a democracia abre trilhas para o progresso social

10  (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


Ao ver gente nas ruas pedindo a volta da monarquia e da ditadura militar, e lamentando que a ditadura não tenha matado todos nós, que lutamos contra ela, o que bate fundo em quem ama a liberdade e considera a democracia o único horizonte político para a cidadania plena e o único caminho que permite a luta das pessoas despossuídas pelo direito de viver com dignidade é que há algo fora de foco no fazer política partidária em nosso país.


    


Arrisco-me a dizer que nossos governantes maiores (Presidente da República e governos estaduais) não têm cumprido um dever essencial: vincar os valores republicanos nos corações e nas mentes da nossagente. Tarefa dificílima, pois na conjuntura de permanente luta de classes, que se entrecruza com outras opressões, como a de gênero e a racial/étnica, e sob o domínio ideológico da burguesia, a democracia como realidade não é fácil de ser fortalecida e consolidada.




Num país capitalista, governos que não são 100% puro-sangue das classes dominantes (leia-se: ricos) locais e mundiais, que ensaiam (eu disse: ensaiam!) compromissos mínimos em minorar as opressões (de classe, de gênero e racial/étnica), jamais serão do agrado dos ricos, que são contra toda e qualquer política social que diminua a miséria e supere a vida de gado pé-duro que o povo leva.
A história já demonstrou que governos de tal naipe são sempre perseguidos. Por que imaginar que no Brasil seria diferente? E o argumento é único: acusação de corrupção – seja real ou imaginária –, um problema endêmico mundial, que obrigou a ONU a elaborar a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (31.10.2003), da qual o Brasil é signatário e é um dos países que mais criaram instrumentos para coibir e apurar corrupção.


Janio de Freitas e Dilma


Faço minhas as palavras de Janio de Freitas, "Em nome da democracia": “O que está sob ataque não é mandato algum, são as regras da democracia e, portanto, a própria democracia que se vinha construindo. “Não há disfarce capaz de encobrir o propósito difundido por falsos democratas instalados no Congresso e em meios de comunicação: reverter a decisão eleitoral para a Presidência sem respeitar as exigências e regras para tanto fixadas pela Constituição e pela democracia” (“FSP”, 16.8.2015).


Resultado de imagem para Fundação do PT


Repito: o PT é o único partido socialdemocrata do Brasil, e não aquele que tem a social-democracia no nome. O grande propósito do PT sempre foi gerenciar a crise do capitalismo. Só se enganou quem quis. O modo petista de governar é um gerenciamento mais humanizado das mazelas do capitalismo via políticas públicas. O PT se credenciou como um caminho para mais democracia e com o compromisso de melhorar a vida do povo. E até agora não “amarelou” demasiadamente, desde que assumiu a Presidência da República em 2003.
E é por não ter “amarelado” que as ideias da grande burguesia nacional e aquilo de que falávamos tanto, o imperialismo (sim, está vivíssimo), em suas diferentes vestimentas – desde o liberalismo selvagem ao fascismo e ao fundamentalismo religioso –, materializam-se em desejo de expurgar Dilma Rousseff, legitimamente eleita, do governo. Tudo devidamente embalado com vieses sexistas inimagináveis.


     A burguesia internacional sempre soube que o PT nem socialista é, mas esperneia para tomar o poder e entregá-lo aos seus capachos da burguesia nacional, porque não tem repertório suficiente nem para conviver com o progresso social. Cazuza acertou: A burguesia fede!”.


 PUBLICADO EM 18.08.15
 FONTE: OTEMPO

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Disse Maiakóvski: gente é pra brilhar com brilho eterno!

  Vladimir Maiakóvski (1893-1930) 
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


Em tempo de fascismo e fundamentalismo explícitos, em que a ressonância das ideias de gente sem repertório humanitário encontra guarida na mídia conservadora, os versos do poeta russo Vladimir Maiakóvski (1893-1930) são sempre um norte: “Brilhar para sempre,/ brilhar como um farol,/ brilhar com brilho eterno./ Gente é pra brilhar/ que tudo mais vá para o inferno./ Este é o meu slogan/ e o do sol.” (“A extraordinária aventuravivida por Vladimir Maiakóvski no verão na Datcha”).


   O verso “Gente é pra brilhar” inspirou “Gente”, de Caetano Veloso: “Gente é pra brilhar,/não pra morrer de fome”, e ambos estão no eixo político que inspirou Lula a criar o projeto Fome Zero, em 16.10.2001, pelo Instituto da Cidadania, por ele coordenado. Quando Lula assumiu a Presidência da República, o projeto virou o programa Fome Zero, que em 20.10.2003 recebeu um aporte vigoroso: o Bolsa Família, com decisões visionárias que retiraram o Brasil do Mapa da Fome da ONU em 2014.


 É uma expressiva vitória popular e democrática, como declarou à época a então ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello: “Superar a fome era uma das principais metas do Estado brasileiro, e isso foi possível (...) graças a um conjunto de políticas públicas que garantiram o aumento de renda dos mais pobres e um aumento da oferta de alimentos, que consolidaram a rede de proteção social”.
Conforme relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA): “Nos últimos 10 anos, o Brasil reduziu pela metade a parcela da população que sofre com a fome. Com isso, alcançou um dos oito objetivos de desenvolvimento do milênio que as Nações Unidas estabeleceram até 2015; a taxa de desnutrição no Brasil caiu de 10,7% para menos de 5% desde 2003; e a pobreza no país foi reduzida de 24,3% para 8,4% entre 2001 e 2012, enquanto a pobreza extrema também caiu de 14% para 3,5%” (“Sair do Mapa de Fome da ONU é histórico, diz governo”, revista “Exame”, 16.9.2014).




Diante da atual satanização das conquistas democráticas do PT no poder no campo do “gente é pra brilhar”, considerando que o Bolsa Família investe apenas 0,8% do PIB e contempla 50 milhões de brasileiros (um em cada quatro cidadãos está no Bolsa Família) e que sem tal dinheiro mais de 25% dos brasileiros ainda estariam passando fome, relembro, dois anos depois, que continuam atuais as reflexões que expus em “Porque o Bolsa Família desperta tanto ódio de classe?”, exatamente porque ele, o ódio de classe, está na base das ideias que tentam expurgar da Presidência da República quem nela está, legitimamente eleita pelo voto popular, por meio do que Leonardo Boff tipificou como “O persistente bullying midiático sobre o PT” (“Carta Capital”, 9.8.2015).




“Eu não tinha a dimensão do ódio de classe contra o Bolsa Família. Supunha que era apenas uma birra de conservadores contra o PT e quem criticava o Bolsa Família o fazia por rancor de classe a Lula, ou algo do gênero, jamais por ser contra pobre matar a sua fome com dinheiro público”.
Como disse a minha personagem dona Lô: “Coisa de gente má, que nunca soube o que é comer pastel de imaginação”, e evidencia que “há gente que não se importa e até gosta de viver num mundo em que, como escreveu Josué de Castro, em “Geografia da Fome” (1984): ‘Metade da humanidade não come, e a outra não dorme com medo da que não come’”. (O TEMPO,13.6.2013).
Sim, “gente é pra brilhar”!

12 (DUKE) 
PUBLICADO EM 11.08.15 
 FONTE: OTEMPO 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Tolerância zero é o que, sem piedade, o fascismo merece

01  (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


“Tu sabes,/ conheces melhor do que eu/ a velha história./ Na primeira noite eles se aproximam/ e roubam uma flor/ do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem;/ pisam as flores,/ matam nosso cão,/ e não dizemos nada./Até que um dia,/ o mais frágil deles/ entra sozinho em nossa casa,/ rouba-nos a luz, e,/ conhecendo nosso medo,/ arranca-nos a voz da garganta./ E já não podemos dizer nada (...)” (“No Caminho com Maiakóvski”, de Eduardo Alves da Costa, poeta fluminense, Niterói, 6.3.1936).


Ernesto Cardenal recibe el Premio Reina Sofía de Poesía  Costumo recorrer à poesia em horas difíceis, quando quero colo, aconchego... O poeta nicaraguense Ernesto Cardenal (nascido em 20.1.1925) disse que “são os poetas que protegem o povo com a força das palavras”.
Defendo “tolerância zero” para palavras e atos que visam interditar o direito de ir e vir. Desde a primeira vez em que o ex-ministro Guido Mantega foi acuado em São Paulo, no Hospital Albert Einstein (19.2.2015), fiquei zuretada por ele não ter registrado um Boletim de Ocorrência (BO)!




E cá com meus botões matutava: “Estão esperando o que para reagir à altura conforme os ditames da democracia? Se demorarem a tomar as medidas cabíveis, em breve nem sequer poderão aparecer numa janela! Ser tolerante com práticas fascistas tem resultado: mais fascismo”.


guido-mante-sendo-xingadoResultado de imagem para restaurante  Vila Trio (Guido Mantega é hostilizado no restaurante Trio, em SP)
 Acuaram o ex-ministro Alexandre Padilha no restaurante Varanda Grill, no Itaim Bibi (15.5); depois, novamente Mantega no restaurante Aguzzo, em Pinheiros (23.5); e, pela terceira vez, Mantega foi sitiado no restaurante Trio, na Vila Olímpia (28.6)! A calçada de Jô Soares foi pichada com ameaças de morte após ele entrevistar respeitosamente Dilma Rousseff. Tudo em Sampa! Como há fascistas declarados na cidade de São Paulo, num é?!


 Mantega caiu em si: “Não podemos permitir que se instaure entre nós esse espírito autoritário. Atitudes como essas são perniciosas para o convívio democrático” (“Guido Mantega: intolerâncias fascistas”, “FSP”, 5.7.2015). Comenta-se que processará o empresário que o agrediu no Vila Trio. Espero, porque, como não dissemos nada até agora, os fascistas do discurso passaram às bombas. É o que exibe o ataque ao Instituto Lula em 30 de julho passado.




A presidente Dilma tuitou: “A intolerância é o caminho mais curto para destruir a democracia”. “Jogar uma bomba caseira na sede do Instituto Lula é uma atitude que não condiz com a cultura de tolerância e de respeito à diversidade do povo brasileiro”. Foi pouco! A lenda viva do PT, Lula, reverenciado no mundo inteiro, corre risco de vida por conta do ódio declasse, e o governo do PT economiza palavras?


   Nós e Dilma precisamos decorar os versos de “No Caminho com Maiakóvski” e introjetar os versos do poeta russo em “Adultos”: “nos demais – eu sei,/ qualquer um o sabe –/ o coração tem domicílio/ no peito./ Comigo/ a anatomia ficou louca./ Sou todo coração –/ em todas as partes palpita.” (Vladimir Maiakóvski – 1893-1930).


 (Instituto Lula)


Há recrudescimento do ideário fascista com vestes conservadoras medievais, beatice (católica e evangélica) e dupla moral. Urge buscar na inspiração dos poetas o poder da iniciativa de se indignar com os fatos e a interpretação distorcida deles, que registra inegável manipulação para minimizar o ocorrido: “Instituto Lula diz que foi alvo de ‘ataque político’” (“Estadão”, 31.7.2015).


 Não é que o Instituto Lula diz! Em 2015, ocorreram três atentados com bombas contra o PT no Estado de São Paulo! Na sede do PT em Jundiaí (15.3) e em São Paulo (26.3); e na sede do Instituto Lula (30.7). Será que o PT está “Esperando Godot”?

  Filme "Esperando Godot" (legendado)  
PUBLICADO EM 04.08.15
Nos demais,
todo mundo sabe,
o coração tem moradia certa,
fica bem aqui no meio do peito,
mas comigo a anatomia ficou louca,
sou todo coração.... Frase de Vladimir Maiakóvski. FONTE: OTEMPO 

  
A brava gente brasileira merece a ternura de um país cuidador, Por Fátima Oliveira (O TEMPO, 26.01.2010)