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terça-feira, 30 de junho de 2015

A cara fascista da intolerância religiosa de matriz cristã

01 (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


O cristianismo é uma religião monoteísta, e o Deus dos cristãos é o mesmo. O que muda é a prática de seitas e igrejas, sejam católicas ou evangélicas – tradicionais ou neopentecostais. Muda tanto que dá a impressão de que cultuam deuses diferentes. Uns até dizem “meu Deus é o Deus da palavra”.
Cada facção cristã diz deter o monopólio da verdade. Não é apenas complexo, é também complicado, porém respeito a opção religiosa de qualquer pessoa, que considero algo da intimidade de quem crê.


Resultado de imagem para liberdade religiosa Jamais sou omissa quando algum credo se acha no direito de ser “espada do mundo”, “medida do tamanho” e tem a arrogância de medir as pessoas pela fita métrica de sua fé e deseja que as leis de um país laico reflitam a agenda moral de sua religião.


Tu boca, fundamental contra los fundamentalismos. feminismoTu boca es fundament...


“O fundamentalismo religioso está presente em diferentes doutrinas. Na tradição guerreira dos filhos de Abraão – judeus, cristãos e muçulmanos –, as vertentes fundamentalistas se sustentam na convicção tribal de serem, cada um desses, o povo escolhido, presenteado com a revelação de um único e verdadeiro Deus” (campanha “Contra os fundamentalismos, o fundamental é a gente!”).

intolerancia-religiosa-mata


Há facções cristãs que aspiram a viver numa teocracia e tentam, até pela violência letal, obrigar (eu disse obrigar, e não convencer!) que todos professem a sua fé! São desejos de ares fascistas e misóginos que tentam solapar a democracia, impondo uma agenda moral centrada nos corpos das mulheres.


Foto do Autor


Não importa a matriz, o fundamentalismo religioso é oposição à liberdade. Portanto, deve ser sistematicamente combatido por quem ama a liberdade tão bem versejada pelo poeta Paul Éluard (1895-1952): “Nos meuscadernos de escola/ Sobre a carteira nas árvores/ Sobre a neve sobre a areia/Grifo teu nome.../ E pelo poder de um nome/ Começo a viver de fato/ Nasci prate conhecer/ E te chamar/ liberdade”.



Resultado de imagem para Kailane Campos (Kailane Campos)
  (mãe Dede de Iansã)


O ódio do fundamentalismo religioso à liberdade deságua em crimes como o apedrejamento de uma menina de 11 anos, Kailane Campos, no Rio de Janeiro, quando se dirigia a uma casa de candomblé; na angústia da ialorixá baiana mãe Dede de Iansã (Mildreles Dias Ferreira), 90, fulminada por um infarto após uma noite inteira ouvindo ofensas na porta de sua casa; e é também o que move cristãos na perseguição às religiões de matriz africana, queimando seus templos e expulsando seus fiéis dos lugares onde vivem.
Há notícias sobre pastores evangélicos presos portráfico de armas e de “traficantes evangélicos” que não apenas expulsam de favelas adeptos do candomblé, mas ainda têm a pachorra de proibir o uso de roupa branca nos territórios que controlam!


   É patente que não combina com o “Deus da palavra” ser um pastor traficante de armas ou um evangélico traficante de drogas, pois são farsas que usam o nome de Deus como disfarce e dão margem a que indaguemos: não se faz mais protestante como antigamente, gente de vida limpa, honrada e exemplar?

 Merece estudos sociológicos a intolerância religiosa dos bandidos evangélicos, que, tal qual a dos evangélicos ditos do “bem”, caminha de braços dados com a sede de mando nos Três Poderes da República: Legislativo, Executivo e Judiciário – já são perceptíveis juízes que pautamsuas sentenças pela Bíblia!
A intolerância religiosa de facções evangélicas, que se pautam pela teologia da prosperidade no Brasil, a rigor, virou caso de polícia há muito tempo, e as autoridades não estão nem aí, desrespeitando o republicanismo e permitindo o fortalecimento de uma guerra religiosa que nem é em nome de Deus, mas de uma agenda moral.


 PUBLICADO EM 30.06.15

Resultado de imagem para liberdade religiosa FONTE: OTEMPO
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Comerciantes de Deus desrespeitam a convivência democrática (18.03.2015))
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  Especial para o VIOMUNDO: 2010:  em leilão, os ovários das mulheres! (Fátima Oliveira: Começa a reação das mulheres contra o “aiatolá” Serra)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Bumba meu boi é uma ópera popular reveladora do inconformismo

01  (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


As festas juninas resistem, notadamente no Nordeste. Cada Estado apresenta a sua marca peculiar de festejar os santos de junho: santo Antônio (dia 13), são João (dia 24), são Pedro (dia 29) e, no Maranhão, também são Marçal (dia 30).


  (São Marçal)
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Resultado de imagem para cacuriá em são Luís-ma (Cacuriá)


Na ilha de São Luís, há quadrilhas comandadas em francês, tambor de crioula, cacuriá, dança portuguesa e batuques de bois pra todo lado nos quatro municípios – Paço do Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e São Luís, a capital do Maranhão.
O sonho de todo bumba meu boi é se apresentar nos arraiais da capital, por ser o palco que consagra o sucesso de um boi e faz parte da história transgressora e da cultura de resistência original do boi: uma dança de preto! Gosto tanto de bumba meu boi que criei algumas personagens “boieiras”.


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Conforme dona Lô, personagem da política de contos do meu blog “Tá Lubrinando – Escritos da Chapada do Arapari”: “No fundo, no fundo, o que vale num boi não é apenas a cintilância; o que diferencia um boi do outro é o sotaque. No mais, é tudo bumba meu boi... Do mesmo jeitim da política.
“É, bumba-meu-boi é coisa complexa, não apenas pelo sincretismo e pelas relações de poder que desvela...


 “Há muito mais no ‘Auto do Boi de Catirina e Pai Francisco’ do que supõe a nossa vã filosofia... Boi tem ciência. E é complexa. É uma ópera popular reveladora do inconformismo e da insubordinação. É toda uma cultura de resistência. Por isso foi proibida pelas elites maranhenses durante um século, porém o povo não deixou o bumba meu boi, uma dança de preto, morrer”. (Dilma precisa conhecer a São Luís boieira praentender os sotaques do boi...).



Em “É cantar ‘Chora boi daLua’ pelos quilombolas...”, dona Lô bradou: “Sabia Estela que, se não fosse a teimosia dos negros, não haveria bumba meu boi? Pois é, durante muito tempo era proibido brincar boi (1861 ou 1868 até 1960) e a polícia prendia na hora os brincantes!
– Eu não sabia!
– Como os bois eram mais de áreas suburbanas e rurais da ilha e não havia polícia que vencesse os batalhões de boi, proibiram apenas de entrar na área central de São Luís, mas eis que o presidente João Goulart, numa visita a São Luís, assistiu a uma apresentação de bumba meu boi e ficou deslumbrado. Afrouxaram a proibição... Depois de um século!”.




Cacá, artista plástica, personagem do meu romance “Reencontros na Travessia – A Tradição das Carpideiras” (Mazza Edições, 2008), chegando à capital nas festas juninas para acompanhar o marido doente, relata: “O pior é que fiz planos de ver um bumba meu boi. Sinto saudades, tenho gratas recordações da beleza cintilante que se desprende de um boi, desde as roupas dos brincantes, com os brilhos das sedas, canutilhos, miçangas, paetês, purpurina, plumas e aquele mar de fitas de seda a perder de vista nos chapéus... Sem falar da arte contida no ‘couro do boi’, belo e ricamente bordado.


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Resultado de imagem para Bumba meu boi do MaranhãoResultado de imagem para Bumba meu boi do Maranhão     “Certo dia, vendo TV, apareceram alguns que mexeram profundamente comigo, com aqueles sons inconfundíveis, ora de zabumba, de matracas, de orquestra e batidas de costa de mão. O bumba meu boi é um bailado popular dramático, que não existe na região do sertão onde nasci, é mais da região mais próxima da ilha de São Luís, da Baixada Maranhense, que consiste num auto singularíssimo, com teatro, dança, música e circo, cuja apresentação é em si uma ópera popular, porém semelhante ao de Portugal e ao da África, que conta as relações estabelecidas no período colonial brasileiro”.


 
  PUBLICADO EM 23.06.15
SANTOS DE JUNHO
 FONTE: OTEMPO