Visualizações de página do mês passado

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

No Dia de Ano, o Maranhão ganha alvíssaras: Flávio Dino

Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_

São universais e antigos os ritos de passagem dos rituais do transcurso do ano velho para o Ano Novo, e cada povo celebra conforme crenças singulares perdidas no tempo.
Sou fascinada com os ritos de passagem que marcam a chegada do Ano Novo – lendas, crendices, simpatias, superstições e queima de fogos, que afastam os espíritos indesejados e encerram tradições do âmbito dos desejos em interfaces com o sobrenatural, do fazer promessas, muito mais do que firmar propósitos do tipo: “Para o ano...”, que no palestinês da gema de minha nascença quer dizer “no ano vindouro”, justamente no “próximo ano”.

 Refletindo sobre o costume do meu sertão maranhense de “pagar alvíssaras” no primeiro dia do ano, fiquei com uma dúvida, digamos que de cunho filosófico, ei-la: Flávio Dino, ao tomar posse em 1º de janeiro de 2015 como governador, é, em si, alvíssaras para o Maranhão e, ao mesmo tempo, merece recebê-las, já que “alvíssaras é prêmio que se dá a quem traz boas novidades ou entrega coisa perdida ao dono”? Fica a especulação.
Ao ser diplomado governador, disse: “Este diploma é impregnado de vida, cada letra dele é um símbolo do nome de cada maranhense... Autenticamente sinto o peso das palavras que pronuncio e sinto o peso das tarefas que nos foram incumbidas. Junto com elas, sinto também coragem para enfrentar os desafios e pôr fim às desigualdades” (19.12.2014). As expectativas sobre o governo Flávio Dino são monumentais, mas seria um erro descambarmos para o messianismo.

    O sentimento é que, ao abolir pelo voto popular os miasmas de um passado de meio século de exploração e descuidos, tudo mudará num passe de mágica. Não é bem assim. O Maranhão, que com a eleição de Flávio Dino será devolvido ao povo em frangalhos, precisa ser reconstruído e refundado para que seu povo possa adquirir cidadania plena. No papel reservado aos movimentos sociais, é crucial a não dispersão e a não cooptação, pois “não há almoço de graça”, governo não dá nada a ninguém, e direito se conquista na luta.
Há anos escrevi uma crônica intitulada “Pague minhas alvíssaras”, que “era o que a gente dizia no primeiro dia do ano para as primeiras pessoas muito próximas, parentas ou amigas – não valia para quem morava na mesma casa –, que víamos, quando crianças, lá na Palestina, povoado onde nasci, hoje Graça Aranha”, onde o primeiro dia do Ano Novo era chamado “Dia de Ano”.
Também não era dia de Natal, mas “Dia do Nascimento”! Lá, as crianças não ganhavam presentes no Natal, mas alvíssaras no Ano Novo. Quase sempre um doce ou um mimo pra enfeitar o cabelo, a roupa. Ou um perfume. E por que alvíssaras?
A origem da tradição de pagar alvíssaras, a mais remota que encontrei, é que era um costume árabe como pagamento a uma notícia boa referente ao fim de uma guerra. Quem portava a boa nova chegava gritando “alvíssaras, alvíssaras”... Mas só dava a notícia após receber a recompensa!

 (Aldeia de Santa Margarida)
 A aldeia de Santa Margarida, freguesia portuguesa de Idanha-a-Nova, mantém a tradição de alvíssaras na madrugada do Sábado de Aleluia, em concorrida caminhada ao som de violas, guitarras e dos tradicionais adufes, que se dirige à Senhora da Granja, à Senhora das Dores e à casa do vigário, onde entoam os seguintes versos: “Acorde, senhor vigário,/ Que já dá o sol na cruz:/ Venha dar as boas festas/ Ao coração de Jesus”, e ganham pão, vinho e frutos secos – são as alvíssaras!


 Deixo, no abraço apertado em minha neta Clarinha, que hoje faz 5 anos, os votos de um alvissareiro 2015 para todo mundo.

 PUBLICADO EM 30.12.14  
FONTE: OTEMPO

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Os exóticos canapum e brinjela silvestre, que é mato no Maranhão

Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_

Descobri pés de canapum em uns terrenos baldios, são três lotes, ao lado de minha casa. Quando os canapuns amadureceram, disse para minha neta Clarinha que eram “bombons da roça”. Ela queria retirá-los da capinha natural que os envolve para lavá-los: “Por causa das bactérias, não é, vovó?”. Respondi que “canapum colhido no pé não tem bactérias! Pode descascar e comer”. 


Pense numa pessoa feliz! Eu, embasbacada com a “boca boa” com a qual minha neta degustava canapum, e me via criança em Graça Aranha! Fui às lágrimas. Ela adorou, e um dia pediu para colher um “montão” para levar para a escola. Sucesso absoluto porque ela os levou na embalagem natural!

  Abreviando, canapum (Physalis angulata, a variedade brasileira), hoje, no mundo, é uma frutinha pra lá de chique, tida como exótica, é caríssima e se chama fisalis! Há iguarias francesas com fisalis que são de enlouquecer qualquer paladar...
Há quase um mês, em meu vizinho matagal, descobri dois pés do que no sertão chamávamos de “brinjela” (sim, berinjelas silvestres venenosas!), de folhas aveludadas e cheias de espinhos, que dão flores lilases com o centro amarelo e uma frutinha amarela do tamanho e em forma de pera, que é venenosa, nem passarinho come, pois contém princípios alcaloides indólicos, altamente tóxicos.

  Todavia quando criança, colhíamos as “brinjelas” maduras e fazíamos “boizinhos/vaquinhas”, colocando pés, chifres e rabos com pedacinhos de gravetos... Era uma brincadeira de meninas e meninos. A disputa era de quem tinha mais gado em sua fazenda. Não retirávamos do pé as verdes, tanto que só brincávamos de fazenda quando estavam amarelinhas.

 É uma planta praga na região em que nasci – e aqui também, pois os terrenos foram roçados há uns quatro meses e dá para perceber, pelos tocos, que havia muitos pés. Fiquei emocionada diante dos dois pés de “brinjelas”, pois há muitos anos não via aquela planta no mato. Eu a vi como planta ornamental exótica, cujo nome científico é  "Solanum mammosum", no apartamento de uma amiga em Belo Horizonte, que trouxe sementes de uma viagem ao Japão, onde é chamada de “fox face”.

 A amiga acrescentou toda prosa que na China é denominada de “berinjela cinco dedos” e é popular nas árvores de Ano-Novo para desejar boa sorte, por ter a cor do ouro, mas também em estamparia de tecidos para roupas. Em Taiwan e Hong Kong é a vedete de ornamentos florais em festas religiosas. Dizem que a frutinha venenosa tem valor medicinal para tratamento de pé de atleta e pode ser usada como detergente para lavar roupas! “É uma solanácea ornamental rara, da mesma família (Solanaceae) da berinjela, do pepino, da batata, da pimenta, do tomate e do tabaco”.


Já brigamos quando ela serviu como sobremesa um “doce raro” de canapum. “Raro?”, indaguei, gargalhando. E acunhei: é planta nativa da América do Sul que se aclimatou bem nas Grandes Antilhas, na América Central e no Caribe – um arbusto que chega até a dois metros de altura, podendo adotar o formato de trepadeira. Precisavam ver a cara de espanto dela quando falei que no Maranhão, pelo menos no sertão, era uma praga de terrenos baldios e se chamava “brinjela”. E no restante do Brasil tem vários nomes: vaquinha, teta-de-vaca, maminha-de-vaca, peito-de-moça, jurubeba-do-pará, juá-bravo, berinjela-de-cinco-dedos, cara-de-raposa...
“Fááááátima! Você já jurou que fisalis é mato de beira de estrada no Maranhão, e agora a minha solanácea rara virou ‘brinjela’ e é mato no Maranhão também”?!

 Só falta ela saber que agora tenho dois pés em meu jardim...
12 (DUKE)
 PUBLICADO EM 23.12.14
Link permanente da imagem incorporada FONTE: OTEMPO

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Pensão de alimentos & Maternagem e paternagem

01 (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_

Sobre pensão alimentícia, eu defendo sua necessária existência e considero uma prática de banditismo não pagá-la, independentemente do gênero de quem assim se comporta, pois zomba da paternagem e da maternagem.
Quem não paga a pensão de alimentos estipulada só “entra nos eixos” após uns dias engaiolado. Então, sou partidária da prisão de quem deve alimentos, pois ela se configura como um instrumento pedagógico da maior relevância. Em meu artigo “Bandidos da paternidade que sãoacobertados pelas varas de família”, afirmo que “a Justiça não pode obrigar um pai a amar quem ele rejeita, mas tem de zelar para que o instituto da pensão alimentícia não seja tão avacalhado” (O TEMPO, 18.3.2014).

Meu pai nunca me pagou penso posso process-lo

Há igualdade de direitos e de deveres no instituto da pensão de alimentos: deve, tem de pagar, seja mulher ou homem! Não pagá-la é indefensável, não importam os motivos. Considero absurdas as justificativas que tentam desviar o foco do mau pagador ou da má pagadora, alegando sofrimentos pregressos, por aí... Ora, as rupturas em geral causam sofrimentos e danos.
É conversa fiada que há “separação amigável”, pois “em divórcio que envolve bens, até os acumulados só com o suor da mulher, a regra machista é a trapaça e a pilhagem, decorrentes do delete-desejo de ex-dono e da síndrome da viuvez desejada: que a ‘ex’ morra, inclusive de fome” (“O divórcio no Brasil agora é uma decisão privada e autônoma”, de minha autoria, em O TEMPO, 17.8.2010). 

  O caso Karinny Oliveira, mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação Contemporânea da Universidade Federal de Pernambuco (campus Caruaru), que teve prisão decretada por dívida de pensão de alimentos, está gerando uma torcida contra e outra a favor. Ela está foragida.
Não dá para justificar a dívida dela – 80% mensais de um salário mínimo, no total de R$ 12,7 mil, até a data da expedição do pedido de prisão (4.12.2014) – tendo como base que teve um casamento difícil, que chegou ao fim em 2007 e que, de lá para cá, está envolvida em situações de alienação parental, chantagem, violência física e psicológica. Em casos assim, há de tudo! Como disse o meu leitor Victor Lima Santana: “O tema pensão alimentícia é um vespeiro, e só tem vespa venenosa: mulheres e homens”, em comentário ao meu artigo “Paternagem, paternidadebiológica e social: construtos socioculturais” (O TEMPO, 16.8.2011).
Karinny merece solidariedade em seu calvário de longos anos, e ela deve ser prestada por nós, feministas, ajudando-a a saldar a sua dívida. Com o alerta, que busque os meios de regularizar o pagamento mensalmente, que não é exorbitante: apenas 80% de um salário mínimo!
O destaque ao fato de que ela tem como renda mensal somente a bolsa de mestrado de R$ 1.500, e o ex-marido, Fernando Portela, promotor de Justiça, ganha mensalmente R$ 15 mil, para dizer que a prisão dela é imoral e fruto de machismo ou corporativismo do Judiciário, é ridículo e envergonha o feminismo, que não pode cair na vala comum do banditismo de satanizar a pensão de alimentos, aceitando que é justo que devedoras de alimentos não paguem quando alegam que não podem, esquecendo até que há a figura da pensão avoenga para casos assim!
Sugiro à Secretaria da Mulher e Direitos Humanos de Caruaru que organize uma “vaquinha online” para Karinny pagar o que deve à filha e ao filho. Ela deve – e tem de pagar! Inclusive para recuperar o seu lugar na vida de sua prole, o do conforto mental deles como mãe.

 PUBLICADO EM 16.12.14
FONTE: OTEMPO 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Os bastidores da Resolução 196/1996 e as cobaias humanas


Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_



Em “Tributo ao dr. Adib Jatene, um humanista de muitos dons” declarei: “Se não fosse o dr. Jatene, até hoje a pesquisa em seres humanos no Brasil seria ‘terra de ninguém’!” (O TEMPO, 18.11.2014). Abaixo, tópicos dos bastidores da Resolução 196/1996: “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos”, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), e porque o ministro Jatene foi corajoso ao bancá-la.


Grandes universidades declinaram integrar o Grupo de Experimentação em Seres Humanos (GET), alegando falta de clima consensual sobre o tema. A UFMG e a UFRJ sediaram seminários de suporte à revisão da Resolução 01/1988, primeira diretriz brasileira sobre pesquisas em seres humanos, pouco cumprida!
Houve muito trabalho de sapa contra a 196/1996. Após aprovação no CNS (10.10.1996) e a saída do ministro Jatene (6.11.1996), medalhões da medicina, em audiência com o novo ministro, Carlos Albuquerque, pediram a sua revogação, acusando-a de stalinista: contra a liberdade da ciência! O ministro não caiu na lorota.
O GET foi instituído pela Resolução CNS 170/1995 e eu o integrei. Após aprovada a 196/1996, o GET assumiu, por 180 dias, atribuições da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e acolheu a denúncia sobre um estudo do laboratório Merck, Sharp & Dohme (MSD), em curso em São Paulo (Hospital Emílio Ribas, HC-USP, EPM, Unicamp e CRT-Aids), desde abril de 1995, com 900 participantes, em três grupos de 300: o que só tomava AZT; o que tomava AZT + indinavir; e o que tomava só o indinavir (a droga em ensaio), monitorados pelo Data Safety Committee Board  (DSCB) – comitê de especialistas contratados pelo MSD para revisão de condutas médicas e aspectos éticos.
Em março de 1996, a monoterapia com AZT foi abolida da rede pública, mas a pesquisa insistia nela! Só em agosto de 1996, acrescentou a droga 3TC (epivir) aos dois primeiros grupos e manteve a monoterapia com o indinavir! Fui designada, pela Conep, para elaborar um parecer no prazo de até um mês.


Coisas estranhas aconteceram. Sofri perseguição sem paralelo em minha vida laboral. Telefonemas durante a madrugada que atendia e só ouvia risadas. Passaram a telefonar a qualquer hora: “Não tem medo de amanhecer com a boca cheia de formiga? Seu prédio é inseguro! Não teme sofrer um acidente?”. A “voz” dizia saber onde meus filhos estudavam. E a última cartada foi direta: qual o meu preço para não “prejudicar” a pesquisa. Havia milhões e milhões de dólares em jogo. A “voz” sabia que eu não aliviaria nas conclusões. Bati o telefone. Até hoje não sei quem tocava o terror!
Duas semanas depois, eu estava deitada, lendo, quando alguém, em nome do DSCB, comunicou na TV a “descontinuidade” da pesquisa! Os argumentos/justificativas eram os que embasavam o meu parecer, na ordem em que os escrevi! Nem sequer se deu ao trabalho de mudar a ordem e/ou as palavras! Sem chão, telefonei para Sérgio Ibiapina, representante do CFM na Conep, que bradou possesso: “Vazou, Fátima! Que nojo! Deram o parecer e ‘eles’ fecharam a pesquisa antes da Conep”. E nos perguntávamos: Quem? Mistério, até hoje!
“Eles” agiram antes para blindar as ações do laboratório na Bolsa! Uma coisa é um laboratório alegar questões éticas para “descontinuar” uma pesquisa, outra é um país fechá-la!

Bioética uma Face da Cidadania 2ª Edição PUBLICADO EM 09.12.14 
 FONTE: OTEMPO

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Qual é a parte do racismo na saúde que o CFM não enxerga?

01  (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_


A saúde da população negra é um campo construído com subsídios da medicina baseada em evidências, de bases científicas irrefutáveis. Negá-la é ignorância científica!



  Sou uma das sistematizadoras de tais saberes construídos fora da universidade, a muitas mãos, com o empenho de professores como Marco Antônio Zago, atual reitor da USP, e Elza Berquó, demógrafa da Unicamp e do Cebrap, como consta em meu livro “Saúde da População Negra no Brasil 2001” (Opas, www.twixar.me/Xm4).


  A quase totalidade dos médicos brasileiros desconhece a saúde da população negra porque as faculdades de medicina não lhes ensinam (e por que não ensinam?). Num país racista, a categoria médica e as faculdades de medicina não são ilhas sem racismo.
É cruel esperar que a saúde esteja 100% em excelência de funcionamento para que profissionais da saúde se apropriem de tais saberes e das repercussões do racismo na saúde, como propugna o Conselho Federal de Medicina (CFM) em “Nota à Sociedade”, só porque o Código de Ética Médica diz que médico não pode discriminar. Hein... Hein...
Sou médica negra, formada na Universidade Federal do Maranhão em 1978. Pertenço a uma geração médica que tem no CFM a sua grande referência para fazer medicina. Pelo apreço ao CFM, no entrevero gerado pelo programa Mais Médicos, ao perceber que o conselho estava perdendo o eixo, conversei por telefone com o presidente Roberto D’Ávila, avaliando aquele momento político.


  Sugeri que eram emergenciais para o CFM duas consultorias: uma de imagem e outra de mídia para se posicionar adequadamente no debate em curso. Ninguém em sã consciência é contra acesso real à atenção médica, e o CFM não conseguia dizer que não era contra o povo ter médico, mas contra a admissão de médicos estrangeiros à margem da lei!
Em comum com o CFM, defendo o Revalida, controle básico de qualidade científica, norma do governo. Reafirmo que o CFM quase nada fez contra a precarização do trabalho médico que o Estado brasileiro continua abençoando. Defendo uma carreira de Estado para médicos do SUS. Era preciso mais médicos? Era, e o Brasil não os possuía! Mas é imoral que o governo não dê solução à precarização do trabalho médico, como eu disse em “Os bastidores, a charlatanice e o escárnio da importação de médicos” (Portal do CFM, 14.6.2014, www.twixar.me/hm4).
O CFM caiu numa teia de confronto desnecessário com o governo e se perdeu, deixando de saldo o desabrochar de posturas conservadoras e até fascistas no meio médico, sobre as quais o governo também tem responsabilidades, pois criou uma peleja equivocada e abriu a caixa de Pandora, soltando os espíritos maus que se aninharam nas mentes que odeiam o PT. O governo tem poder, bastava tê-lo usado para trazer os médicos de que necessitava, sem rodeios e sem satanização da categoria médica nacional.


   Mas o que está ruim sempre pode piorar, e o CFM, mais uma vez, “meteu os pés pelas mãos”, após a Campanha de Combate ao Racismo, lançada em 25.11.2014, sob a subjetiva alegação de um “tom” racista! Disse tudo: não conhece a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População Negra (2009), e o “tom” deve ser uma subjetividade de quem assina a nota, da qual exijo ser excluída, pois diz falar em nome de mais de 400 mil médicos. O CFM não me representa quando nega o racismo insidioso e cotidiano nos serviços e nos profissionais de saúde porque falta com a verdade, segundo várias pesquisas sobre a temática! Como autarquia federal, o CFM perdeu o rumo. O que é muito grave.

PUBLICADO EM 02.12.14 

  FONTE: OTEMPO
Leia também entrevista no VIOMUNDO:
Fátima Oliveira: “O CFM não tem a menor noção do que é Saúde da População Negra. Deu atestado de ignorância em sua nota”