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terça-feira, 29 de julho de 2014

Capacidade moral e questões de moralidade: um grande debate

02  (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica -
fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
 
 
Alice e Manuela, duas leitoras do meu livro “Então, Deixa Chover”, sugeriram um texto sobre a afirmativa de que a capacidade moral é genética. Ambas possuem filhos diagnosticados como portadores de transtornos disruptivos do comportamento, um de 16 e outro de 18 anos, e jamais souberam que a doença deles é tratável, mas pode não ter cura. Eu lamento. Sou solidária com o sofrimento delas.
Depois de muito pensar, decidi não escrever algo inédito. Já disse tudo de científico que há em “Então, Deixa Chover”. Transcreverei um trecho do meu romance pertinente ao tema.

 

 

“... E as memórias teimam em aparecer...
“– Não tenho dúvida de que a capacidade moral é genética. Pessoas como nossos filhos nascem sem capacidade moral! Tanto é que eles fazem as pessoas sofrerem; quando crianças, são cruéis com animais e não sentem remorsos, porque são incapazes de sentir culpa! Observar meu filho por 33 anos deu-me essa certeza.
“– Não entendi. Ora, as questões da moralidade são culturais!
“– As questões da moralidade, sim! De fato são culturais. Por suposto, todos os seres humanos as apreenderiam. Há seres humanos incapazes de apreender conteúdos culturais morais. Casos do seu filho e do meu! E sabe por quê? Porque eles nasceram sem o locus da moralidade em seus cérebros. É o que penso. Estou convencido disso. E a ciência no futuro dirá que estou certo. Faça pelo seu filho o que de melhor estiver ao seu alcance, não com o intuito ou o sonho de tratá-lo, pois não há como. Somente para tornar o seu viver menos doloroso para ele. Não sonhe jamais em curá-lo, porque isso será uma fonte inesgotável de sofrimento. Ame-o como ele é, sempre que puder. É que há vezes e momentos em que a gente os desama. Entende-me?
“São fragmentos de conversas com o meu psiquiatra. Conviver com ele foi uma escalada íngreme, mas gerou em mim uma força descomunal diante do sofrimento. Em primeiro lugar, colou-me com os dois pés bem fincados no chão. Há tratamento, mas não há cura. Em momentos de risco de vida para o doente e/ou para a família, é ético interná-lo. Tão somente para conter o risco de suicídio ou de assassinato.
“– Pessoas como o meu filho e o seu fazem qualquer coisa para satisfazer seus desejos. São invejosos e megalomaníacos, tal qual portadores de Transtornos de Personalidade Antissocial (TPAS), o que às vezes torna, na prática, difícil diferenciar quem é bipolar de quem tem TPAS.
“– Eu sei. E como sei!
“– São incapazes de seguir as regras de convivência social. Portanto, morar em lugares mais isolados é sempre uma boa pedida para bipolares, quando querem. No entanto, os TPAS basicamente se exteriorizam na prática como falta de censura e falta de consciência do que se pode e do que não se pode fazer. Gente assim, se não se envolve com álcool ou outras drogas, até pode levar, sob supervisão, uma vida normal de trabalho, desde que seja seu próprio patrão. É a situação de que ele está no comando. Ele dá as ordens... Estou dizendo que portadores de TPAS possuem um cérebro que funciona de modo diferente. Aceite! Ah, para crianças e adolescentes o diagnóstico se enquadra em um dos transtornos disruptivos do comportamento, ou seja, os chamados ‘comportamentos antissociais’ – o transtorno desafiador e de oposição, o Transtorno de Conduta e o Transtorno de personalidade antissocial. E, para maiores de 18 anos, o diagnóstico de Transtornos de Personalidade Antissocial."
Enfim, cada pessoa com suas tormentas....


 
578072 No transtorno bipolar uma hora a pessoa está bem e outra não. Foto divulgação Como lidar com pessoas bipolares  PUBLICADO EM 29.07.14
578072 Incentive o bipolar a procurar ajuda médica. Foto divulgação Como lidar com pessoas bipolares   FONTE: OTEMPO

terça-feira, 22 de julho de 2014

O povo está cansado de políticos que agem como imperadores

Imagem inline 1  (O Imperador Dom Pedro II)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
 
Eu só vejo vantagens em eleições. Gosto da época do pleito desde criança. Cresci vendo a muvuca das eleições em minha casa, nos grotões do Maranhão, lá em Graça Aranha, onde papai foi vereador duas vezes. Já relatei como mamãe era terrível em dia de eleição! Relembrem:
“Mamãe recebia os caminhões, distribuía um papelzinho e levava o povo pra votar. Era o terror das seções eleitorais. Muito simpática, abordava mais mulheres, dizia: ‘Deixa ver se tá levando o papel certo’. Se não era dos candidatos dela, bradava: ‘Num é esse não! Pega o certo!’ E, de braço dado, ia com a pessoa até a entrada da seção. Boca de urna de 100%. Papai era dos mais votados.
“Ela sabia, certinho, os votos dele em cada urna! Dias antes, fazia serão escrevendo à mão os tais papeizinhos, acho que eram números, que no dia da eleição carregava dentro do sutiã. Ainda adora eleições, mas diz que hoje são sem graça. Tem razão. Impossível reproduzir a sua boca de urna. Adoro eleições porque insisto em sonhar”. (“Nas eleições, se não acredita, eu vou sonhar pra você ver”, O TEMPO, 20.4.2010).
O período eleitoral é momento singular da luta por mais democracia e cidadania e também de muitas esperanças... As pessoas estão sempre a desejar mais e mais daquilo que signifique algum conforto adicional em suas vidas, a exemplo de transporte público de qualidade, boas escolas, bom atendimento na assistência à saúde e tudo o mais que torne a vida mais digna.
 
 
  O dito “povão” não exige nada de mais da Presidência da República, de governos de Estado nem de prefeitos, apenas aquilo a que tem direito. O outro lado da questão em tela é que os candidatos em geral demonstram não saber qual a função deles, uma vez eleitos. Por que será, hein?
Imagino que numa sociedade mais evoluída serão abolidas as tais propostas de programa de governo. Não sei como, mas deve haver um jeito! Algo tipo uma consulta popular sobre as necessidades mais prementes da população, e o resultado seria elencado como o programa daquela cidade, daquele Estado ou país. Ou seja, bem diferente do que hoje que a candidatura diz: “vou fazer, isso, aquilo etc.”.
Caberia às candidaturas demonstrar quem é mais confiável para executá-lo. Cada pessoa votaria em quem a convenceu de que seria o melhor para materializar aquelas demandas... Ah, e o compromisso de finalizar todas as obras de seu antecessor! Porque é costume abandonar obras públicas tão somente porque terminá-las significa avalizar o trabalho iniciado por outrem...
 
 
 
Depois de muito pensar e pensar, avalio que seria a única maneira de enterrarmos a ideia de quem se elege para o Executivo (Presidência da República, governo de Estado e prefeitura) acreditar que foi ungido para receber um cheque em branco da população e, uma vez aboletado no poder, faz o que bem lhe aprouver, como acontece hoje em dia. É que eleitos para o Executivo tendem a achar que são imperadores e se danam a fazer o que lhes dá na telha! Agem como donos do lugar e como se tudo devesse obedecer aos seus desejos pessoais. Chega a ser acintoso!
Tenho a impressão de que o cansaço que as pessoas demonstram em época de pedição de voto tem a ver com o tradicional comportamento de dono de quem ocupa os postos máximos do Executivo. É tão forte que muita gente se irrita e diz: “Tanto faz votar em qualquer um, porque são todos iguais depois de eleitos!”. Quem duvidar faça a sua própria experiência, dando-se ao trabalho de andar de ônibus e/ou de táxi para sentir o pulsar das ruas nas eleições: é de descrença e desânimo. 
 
 PUBLICADO EM 22.07.14
 FONTE:  OTEMPO 

terça-feira, 15 de julho de 2014

SUS: perspectiva integral e acesso universal e igualitário

01 (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica -
fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_


As demandas de atenção à saúde em um país com mais de 200 milhões de habitantes são perenes, tanto as velhas quanto as novas – decorrentes do desenvolvimento exponencial da medicina nos últimos 20 anos.

 

Ao mesmo tempo, ainda não estabelecemos uma assistência à saúde capaz de concretizar em plenitude uma conquista democrática, inscrita na lei maior do país, a Constituição Federal, que é: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (Art. 196).
A pergunta, sobretudo em época de eleições, é: se o Estado é o responsável, como tal dever se materializa? A Constituição Federal também responde: “As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I. descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II. atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III. participação da comunidade” (Art. 198).
Eis o Sistema Único de Saúde (SUS), que é público, mas não é gratuito: é financiado com dinheiro de impostos pagos por toda a população. Há obrigações constitucionais definidas para as três esferas de governo, as competências de cada uma, da responsabilidade financeira ao estabelecimento da Política Nacional de Saúde, orientadora do Plano Nacional, do Estadual e do Municipal de Saúde, visando viabilizar o SUS! É papel do Ministério da Saúde elaborar a política, e é dever dos governos locais, estadual e municipal, executá-la.


Os Estados, todos, clamam por um Plano Estadual de Saúde capaz de incorporar as necessidades mais prementes do povo em vulnerabilidade quando doente, diante da insuficiência e deficiência dos serviços de saúde. Porém, os governos estaduais e municipais parecem não se preocupar com mais nada além da choradeira de que não há dinheiro e esperam que tudo caia do céu do “Papai Grande” (o governo federal), inclusive os recursos humanos da saúde!
Temos de desconfiar de candidaturas que prometem “mundos e fundos” aos pedaços na saúde, completamente descolados do SUS, que é uma política de Estado, logo independe do desejo do governante de plantão!
O Mais Médicos, em regime de trabalho precário (contratos temporários), é apenas a encenação de meia solução, pois, embora ajude bastante a quem não contava com médico nenhum, não resolve o problema de modo mais permanente nem consolida o SUS de modo sério.
É preciso que tenhamos convicção de que a solução está no âmbito dos governos estaduais, principalmente por meio da realização de concurso público para uma carreira de Estado para médico do SUS, objetivando alocar médicos com estabilidade e garantias trabalhistas reais em lugares onde eles são necessários, estabelecendo assim recursos humanos comprometidos com a saúde pública e a tornar o SUS cada vez mais de qualidade.
Em poucas palavras, é preciso pressionar para que as candidaturas assumam o compromisso de abolir a precarização do trabalho médico, o que certamente mudará a “cara” do SUS, pois fixará os profissionais nas regiões mais necessitadas e mostrará ao país o que o SUS de fato preconiza.
Não é pouco: é quase tudo de que o povo precisa!


  PUBLICADO EM 15.07.14
FONTE: OTEMPO

terça-feira, 8 de julho de 2014

A rua Grande e a elegância distinta de d. Edwine Passarinho

12  (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica -
fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_


Ao contrário de minhas filhas, que são da “geração shopping”, detesto shopping centers. Nunca gostei de comprar nada nem de comer nesses lugares! Nas tais praças de alimentação, além de cadeiras desconfortáveis, a impressão que tenho é que a comida é de plástico, juro! É um lugar muito barulhento e com cheiro de gordura velha, embora seja limpo! Prefiro comer em qualquer “sujinho” de rua do que em shopping!
 Acho tudo de um artificialismo irritante... O pior é que, nas pouquíssimas vezes em que comprei alguma roupa em shopping, até a cor era outra quando eu a via em casa! Sinto-me tapeada, é sério! Andei lendo que a iluminação é tão exagerada que muda a tonalidade das cores! E que, para que as roupas de inverno tenham boa saída, exageram na climatização. Inverno em shopping é invernão sempre!
Fora os cinemas, nada em shopping faz a minha cabeça! Gosto mesmo é de apreciar vitrines de rua! Entrar numa loja, sair, pegar um vento, entrar em outra, sem compromisso de comprar... Depois de bater perna para lá e para cá, voltar, pedir para ver de novo e até comprar... Falo de uma quase antiguidade, não é? Nem tanto! Em todos os grandes centros urbanos há nichos de rua com lojinhas bem transadas e até ateliês, dos populares aos glamourosos, com coisas boas e chiques para todos os bolsos!
Foi com imensa alegria que li: “O shopping center hoje é um ícone do capitalismo em decadência, e o principal rival dos shoppings é a internet, que permite fazer compras sem sair de casa”; e que a “morte de shoppings nos EUA acende alerta no Brasil”. E relembrei como a rua Grande era o eixo da moda de São Luís em minha adolescência e juventude, pois havia de um tudo da modernidade e da chiqueza em roupas, joias, bijuterias, móveis e eletrodomésticos!
 

  
 
 
Fiquei espantada há duas semanas quando estive lá! Foi um choque ver um comércio degradado e as travessas que viraram um comércio de rua desorganizado! Nada contra camelôs, que ganham o pão de cada dia de modo sacrificado e difícil. Sem falar que sou freguesa deles, pois há coisas que só eles vendem! Fala sério, quem resiste a um assédio benfeito de um camelô, que aqui chamávamos de “marreteiros”?! Quantas vezes comprei coisas das quais não necessitava, só pela boa lábia?
A rua Grande era a cara de dona Edwine Passarinho – elegante e distinta viúva que residia lá numa bela casa e se postava no parapeito de sua janela, todas as tardes, bem penteada, puro laquê, com brincos de pérolas enormes e muitas joias, além de bem vestida e maquiada, apreciando o “footing” (o caminhar a pé) que subia e descia a rua nos fins das manhãs e tardes, composto por estudantes dos colégios São Luís, Rosa Castro, Liceu, Ateneu, Instituto de Educação, Santa Teresa... Alguns colégios até proibiam as alunas de passearem na rua Grande de uniforme. De nada adiantava!
 
 


Dona Edwine Passarinho encarnava o que em Minas se chama de “namoradeira” – boneca artesanal em cerâmica, madeira ou gesso que decora janelas. E desconheço quem não a apreciasse. Cheguei até a presenciar uma briga entre duas amigas por causa dela quando especulávamos sobre a roupa que ela usava. O mito que corria era que ela jamais repetia uma roupa para se postar em sua janela exibindo sua beleza e riqueza. Foi quando uma colega disse que aquela senhora era tão somente uma exibicionista. Ao que Miriam retrucou: “Eu não a critico, pois será que, quando jovem, ela podia se arrumar assim? Hoje pode! E sua presença torna a rua Grande ainda mais bela!”.



 (Rua Grande em 1950)
PUBLICADO EM 08/07/14 - 03h00
FONTE: OTEMPO
  (Foto Maurélio Machado: Namoradeiras - Ouro Preto-MG - set/2009)
Leia +: O doce fetiche das janelas com namoradeiras e floreiras

terça-feira, 1 de julho de 2014

A vida felliniana e felliniesca de Sarney et caterva...

01  (DUKE)Fátima Oliveira
Médica -
fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_


Volto ao repisado tema: o clã Sarney, cujo patriarca, aos 84 anos, sentindo o cheiro da derrota nas eleições de 2014, no Amapá e no Maranhão, se viu obrigado a não disputar mais um mandato de senador pelo Amapá e anunciou seu “amarelar” estribado em desculpas esfarrapadas: cuidar da mulher doente.
 

 (Casamento de Marly e Sarney)

   (Marly e Sarney)  Imaginei Sarney de pijama fazendo um chazinho para dona Marly Macieira Sarney. Até fiquei enternecida porque se nós, maranhenses, devemos algo ao clã é à dona Marly, que, da profundeza do silêncio de toda a sua vida (namorou Sarney desde 1947, e casaram-se em 12.7.1952), conseguiu algo que nós, que há anos bradamos “Xô, Sarney”, jamais conseguimos!  @FlaviadoCoroado tuitou: “Dona Marly Sarney merece uma estátua: o Maranhão está feliz porque a senhora nos livrou de Sarney. Amém!” #SomosDonaMarly.


   Quem pilhou um Estado por meio século não merece piedade! O patriarca não se faz de rogado para mentir. Basta ler seu último artigo. Além de destilar todo o seu ódio anticomunista, caprichou em megalomania: “Retribuí, devolvendo ao Estado o que realizei, e tudo do que aqui foi feito passou pelas minhas mãos, até os adversários!”. É infâmia demais! 

E arrematou: “Depois de 60 anos de mandato... Ocupei todos os cargos políticos da República, chegando a ser presidente. Sou o senador que mais tempo passou no Senado, do qual fui presidente quatro vezes: 38 anos. Atrás de mim vem Rui Barbosa, com 33 anos” (“De convenção em convenção”, EMA, 29.6.2014). Esqueceu que dom Pedro II reinou por 49 anos e ele, no Maranhão, reina desde 1966!



  (Cena de E la Nave Va)

 Ninguém mais do que Sarney soa tão felliniano (personagem com traços caricatos e grotescos). Sempre que revejo “E la Nave Va” (1983), genial bizarrice de Fellini – a viagem-funeral do luxuoso navio Glória N. com as cinzas da cantora de ópera Tetua Edmea para a ilha de Erina, onde ela nasceu –, tenho a impressão de que é o funeral de Sarney.



  É que a vida de Sarney, além de felliniana, é felliniesca – contém cenas em que imagens alucinógenas invadem uma situação comum, sobretudo no tocante à riqueza subtraída do povo maranhense. Somemos todas as obras que Sarney diz ter feito em meio século de mando no Maranhão e comparemos com o patrimônio pessoal legal do clã. O Maranhão perde feio! É impossível que, somados todos os proventos auferidos por Sarney, Roseana e Zequinha em cargos parlamentares e executivos, tenham gerado tanta riqueza familiar! Com razão @mellopost: “O problema não é José e Roseana Sarney estarem deixando a política. O problema é estarem saindo pela porta da frente”.

  [Mansão de Roseana, na Ilha de Curupu, Raposa-MA (herança do pai de Marly Macieira Sarney)]
Na Ilha do Curupu, os noivos José e Marly
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/files/2014/01/sarney.jpg    Para completar o espetáculo felliniesco, aparece a filha imitando o pai: “Já fui tudo o que eu podia ser. Não quero mais disputar eleição. Não quero saber mais de mandato... Eu estou perdendo toda a minha biografia. Estava virando apenas a filha de Sarney. Eu tenho uma vida política própria. Fui a primeira mulher governadora do país. Sempre tive uma forte atuação na luta das mulheres”. Pergunto: na luta das mulheres de qual país? Vida política própria? Outra mentira deslavada! Ela entrou na política como herdeira do pai (vide “Em nome do pai e do clã”) e continua. Ponto final!
O meu grande sonho era ver os Sarneys expurgados da vida pública pelo voto do povo, e não saindo quase à francesa, como se não estivessem à beira do precipício da derrota eleitoral. Como disse Flávio Dino na Convenção da Mudança, no dia 29.6, que homologou sua candidatura a governador do Maranhão, à qual compareceram 10 mil pessoas: “Nenhum império dura para sempre”.

 

PUBLICADO EM 01.07.14
FONTE: OTEMPO